ABRANGENTE PANORAMA DA MODA ITALIANA NOS ÚLTIMOS 70 ANOS
Além de criações de grandes estilistas como Valentino, Versace e Armani, público pode
ver os originais usados por Ava Gardner, Audrey Hepburn e Gina Lollobrigida
A assinatura Made in Italy se tornou sinônimo de excelência, estilo e originalidade na moda a partir da década de 50, quando Giambattista Giorgini apresentou as produções dos alfaiates italianos na famosa Sala Bianca do Palazzo Pitti, onde nomes como Emilio Pucci e Emilio Schuberth deram vazão às suas próprias criações ao invés de simplesmente copiar os modelos parisienses, como era usual na época. A partir daí, o design prático e elegante da Itália chamou atenção do mundo e virou referência internacional. Desde então, nomes como Valentino, Dolce & Gabbana, Gucci, Giorgio Armani, Gianni Versace, Roberto Cavalli, Prada, Fendi e Moschino, além de muitos outros, ajudaram a roubar da França o exclusivo privilégio de frequentar o guarda-roupa das mulheres mais sofisticadas do mundo. E é esse universo, feito de luxo e criatividade, que será transportado para a Cidade das Artes (Barra da Tijuca, RJ), a partir de 8 de abril, com a inauguração de Italian Glamour, mostra com 130 itens que traça um panorama da criação italiana nos últimos 70 anos, do pós-guerra aos dias atuais, e examina a sua influência e contribuição à moda mundial.
As peças apresentadas – em sua maioria vestidos de alta costura e prêt-à-porter - fazem parte do extenso acervo de mais de seis mil artigos reunido ao longo de décadas pelos empresários italianos Enrico Quinto e Paolo Tinarelli, curadores da mostra. A dupla mora em Roma mas possui uma intensa relação com o Rio de Janeiro, onde costuma passar férias há mais de dez anos. Atravessar o Atlântico e exibir por aqui essa coleção de raridades era um sonho acalentado por ambos. “O Rio me transporta para a realidade do sul da Itália, de onde venho. Para mim, estar aqui é um retorno às origens”, afirma Enrico, frequentador assíduo das feiras de antiguidades da Praça XV e da Rua do Lavradio, a exemplo do parceiro, com domínio perfeito do português. “Queremos promover um grande mergulho nas convenções sociais italianas e no jeito italiano de se vestir, mostrando a criatividade, a tecnologia, a importância dos tecidos e também a relevância do passado como referência na produção moderna da Itália”, resume Tinarelli.
A inauguração de Italian Glamour no Brasil acontece exatamente dois dias depois da abertura, em Londres, da exposição O Glamour da moda italiana 1945-2014, no prestigiado Victoria & Albert Museum. Das 80 peças que serão apresentadas na capital inglesa, 10 foram cedidas por Quinto e Tinarelli.
A mostra no Rio vai obedecer a um percurso cronológico desde a década de 50 até os dias atuais, com criações agrupadas por temas e montadas no saguão principal da Grande Sala, localizada no primeiro andar do imponente prédio da Barra. Daniela Thomas, autora da cenografia, desenhou um ambiente lúdico, com manequins flutuando sobre as suntuosas passarelas e escadarias projetadas por Christian de Portzamparc. “Estamos falando de uma das arquiteturas mais incríveis e arrojadas do mundo, por isso o espaço vai ser o rei. Minha intenção foi utilizar a beleza desses planos que se encontram em diferentes níveis como percurso e o ar como vitrine”, explica.
A exposição traz algumas surpresas, como as peças originais usadas por Ava Gardner (Sorelle Fontana - 1956), a duquesa de Windsor Wallis Simpson (Valentino - 1968), Liza Minelli (Capucci - 1985), Audrey Hepburn (Valentino - 1973) e Gina Lollobrigida (Schuberth - 1953). Há, ainda, vestidos (originais) idênticos a modelos usados por Jackie Kennedy, Sophia Loren, Elizabeth Taylor e também por divas mais contemporâneas, como Lady Gaga (Versace), Beyoncé (Armani) e a falecida princesa Diana (Moschino).
Da coleção prêt-à-porter, destacam-se criações desfiladas na passarela por Dalma Callado, Claudia Schiffer, Naomi Campbell, Kate Moss, Gisele Bündchen e até pela ex-primeira-dama francesa (e ex-modelo) Carla Bruni. Completam o conjunto da exposição peças que pertenceram a brasileiras, como um alta costura Valentino (1968) que fez parte do guarda-roupa de Gabriela Pascolato e um Roberto Cavalli comprado em 2007 pela atriz Antonia Frering, filha de Carmem Mayrink Veiga.
Esta será a primeira vez que o complexo cultural da Barra da Tijuca recebe um evento ligado a moda. “Isso apenas reforça a vocação da Cidade das Artes como um espaço plural, voltado para todos os públicos. É uma alegria poder oferecer à população do Rio de Janeiro uma mostra com a mesma temática, e ainda mais abrangente, do que a que será apresentada no Victoria & Albert Museum, sabidamente um dos espaços culturais de maior prestígio do Reino Unido”, comemora Emilio Kalil, presidente da Fundação Cidade das Artes. Com apoio da Embaixada da Itália no Brasil, a exposição faz parte da série “Itália na Copa”, que oferece uma extensa programação de eventos artísticos, culturais e comerciais nos meses que antecedem a Copa do Mundo.
OS TEMAS
1 - Moda boutique
O percurso da exposição começa com um vestido Myricae criado em 1957 em tecido de saco pintado a mão, o que mostra a força do artesanato na moda italiana pós-guerra e a recorrente utilização de materiais como a ráfia e a cerâmica. Depois, passa-se pelo nascimento da indumentária informal, quando surgem as indústrias de malhas e a moda das boutiques. É nesse momento que o estilo de vida desenvolto e prático dos italianos adquire fama internacional, partindo de locais de férias como Capri, Positano e Portofino. Entre os protagonistas, Emilio Pucci, Roberta di Camerino, Gucci e Salvatore Ferragamo.
2 - Pret-à-porter
Neste momento, o público pode perceber a transição gradual do chamado High Fashion para a série de moda prêt-à-porter, que nos anos 70 e 80 consagrou o Made in Italy e colocou a cidade de Milão entre as capitais da moda. Estão presentes ali Missoni, Krizia, Giorgio Armani, Walter Albini, Roberto Cavalli, Gianfranco Ferré, Gianni Versace, Luciano Soprani, Enrico Coveri, Laura Biaggiotti, Gianni Versace, Romeo Gigli, Dolce & Gabbana, Anna Molinari, Alberta Ferretti, Prada, Fendi, Trussardi, Moschino, Max Mara e muitos outros.
“A moda boutique, que mais tarde se tornou prêt-à-porter, com uma infinidade de acessórios, como bolsas e sapatos, foi a grande contribuição da Itália para a moda mundial”, lembra Enrico. “A produção industrial com qualidade de produto artesanal sempre foi a meta do Made in Italy. Isso contribuiu para a democratização da moda e proporcionou uma maior independência à mulher, não mais subjugada às provas e aos prazos e disponibilidade dos costureiros”, observa ele.
3 - Pretino
O percurso é aberto com o famoso Pretino das Irmãs Fontana, vestido produzido para Ava Gardner mas imortalizado por Anita Ekberg no filme La Dolce Vita, de Federico Fellini. O modelo é um produto exemplar da cultura italiana, impregnado por suas origens aristocráticas e católica. A peça abre uma seleção de elegantes modelos pretos. Nesse contexto, a Alta Moda e o prêt-à-porter são comparados com roupas de diferentes épocas.
4 - Hollywood às margens do Tevere
Ao passar para um ambiente totalmente baseado em cores pasteis, o espectador é levado de volta ao início oficial da moda italiana, em 1951, na Sala Bianca do Palazzo Pitti, onde vários alfaiates passaram a mostrar suas criações. É possível também sentir a atmosfera da Dolce Vita da capital italiana, em estilo difundido pelas grandes atrizes, que revela a época em que Cinecittà transformou Roma numa ‘Hollywood às margens do Tevere’. Aqui são exibidos vestidos das Irmãs Fontana, Emilio Schuberth, Carosa, Simonetta, Gattinoni, Veneziani, entre muitos outros.
5 - A Alta Moda Romana
Os anos 60
Nos anos 60, a Itália produziu uma moda teatral e "solta", exótica, voltada para a influência oriental, evocando as lembranças de viagens do jet set. A beleza italiana povoava os jornais da época, incluindo os vários modelos de Pijama Palácio de Irene Galitzine, uma verdadeira revolução no vestuário feminino por introduzir o uso da calça comprida em ocasiões elegantes. Eles aparecem ao lado de modelos desenhados por Emilio Pucci, Valentino e Forquet.
Double Face
O tecido double face é um pano particular cuja elaboração se tornou quase uma prerrogativa italiana. Há criações de Valentino, Forquet, Lancetti e outros.
Tecidos e estamparias
O tecido sempre foi muito importante na Alta Moda Italiana. Vestidos em chiffon, com estamparias em diversas cores, surgem nesse momento da mostra e destacam o trabalho de alfaiates como Lancetti, Renato Balestra, Sarli e Barocco.
Serviço:
ITALIAN GLAMOUR
De 8 de abril a 6 de julho
Horário da exposição: de terça a domingo, entre 10h e 18h
Local: Grande Sala (hall de entrada)
Entrada gratuita
CIDADE DAS ARTES
Avenida das Américas 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ
Tel: (21) 3325-0102
Estacionamento no local: R$ 8,00 (segunda a sexta); R$ 10,00 (sábados e domingos)
Informações para imprensa
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