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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Um ano triste para a Varig

Capa do livro que será lançado em maio de 2017, Foto: reprodução / Arquivo Pessoal






















Otto Ernest Meyer, fundador da empresa, e Ruben Berta, presidente, morreram em 1966


Por: Ricardo Chaves

Mario de Albuquerque, 82 anos, jornalista e publicitário, foi, por quase quatro décadas, gerente e diretor de imprensa e propaganda da Varig (Viação Aérea Rio-Grandense), a primeira companhia aérea brasileira, fundada em Porto Alegre em 1927. Depois de pesquisar pelo período de uma década, ele se prepara para lançar, no dia 7 de maio de 2017, em comemoração aos 90 anos de criação da empresa, o livro Berta, Os Anos Dourados da Varig. 


Na obra, ele promete revelar dados inéditos sobre o rumoroso caso Panair – Varig, quando a empresa gaúcha teria se beneficiado de forma estranha da extinção da Panair do Brasil, que nasceu, em 1929, como subsidiária de uma empresa norte-americana e foi incorporada pela Pan American Airways (Pan Am) em 1930. Albuquerque relata também detalhes do difícil ano de 1966, em que a Varig perdeu, primeiro, em junho, seu fundador, Otto Ernest Meyer, e, em dezembro, seu presidente, Ruben Berta. Ruben foi o primeiro funcionário da companhia criada por Otto, portanto, iniciaram e terminaram juntos naquele ano de perdas irreparáveis para a aviação comercial brasileira. 

A morte de Ruben Berta, no dia 14, emocionou o Brasil. A notícia chegou de súbito. Ele morreu em seu gabinete de trabalho, na presidência da empresa, no Rio de Janeiro, apesar da pronta assistência do doutor Fernando Dias Campos, do serviço médico da firma, e do seu cardiologista, doutor Genival Londres, da Clínica São Vicente. Berta morreu dando instruções ao então vice-presidente, Erik de Carvalho, que ouvia, atentamente, os pedidos que ele lhe fazia. "A Varig não pode parar" foram suas últimas palavras.

Ruben Berta e Otto Meyer em 1957-Foto: Salomão Platchek / Arquivo Pessoal


O sol, que antes havia se recolhido entre as nuvens, reapareceu iluminando com seus raios a comovente solenidade de chegada do corpo a Porto Alegre. Em sua homenagem, próximo ao jato 707 que fizera o translado, centenas de funcionários com seus uniformes de trabalho representavam os diversos setores da empresa nesse derradeiro instante de dor. Uma guarda de honra da Força Aérea Brasileira fez a saudação póstuma, quando o esquife foi retirado da aeronave – o voo do adeus chegava ao seu destino final. O salão de honra da Fundação dos Funcionários da Varig tornou-se pequeno para receber milhares de pessoas, incluindo autoridades. No cortejo fúnebre, o carro mortuário já se encontrava no cemitério da Azenha e ainda partiam viaturas do Estaleiro São João, no outro extremo da cidade, formando uma interminável procissão. 

Durante o trajeto, e durante a cerimônia de sepultamento, aviões da FAB e da Varig realizavam evoluções sobre o local. O Cemitério Luterano lotou durante o enterro. No portão central, o esquife passou a ser conduzido por um grupo de comandantes da empresa. À beira do túmulo, foram prestadas significativas homenagens. 

Na saudação final, o doutor Adroaldo Mesquita da Costa, consultor-geral da República e um dos cofundadores da Varig, finalizou com uma frase lapidar: "Berta foi um homem genial que enobreceu a raça humana".


Corpo de Ruben Berta chegando à Capital-Foto: Salomão Platchek / Arquivo Pessoal