Mas, na madrugada de 29 de agosto de 1987, na garupa da moto de um amigo ocasional, sem destino, rasgando uma dolorosa noite interior à procura de si mesmo, encontro que só se tornara possível com o brilho do pó, Petit sofreu um acidente. A violenta pancada da cabeça contra o asfalto o deixou em coma por 40 dias. Sobreviveu, mas com o lado direito do corpo, rosto e boca paralisados. Sequelas que não superou. Uma pessoa comum talvez conseguisse driblar o drama, mas não o “talentoso Petit”, como a ele se referem os amigos. Nessas condições, a vida se tornara insuportável para o Petit que as mulheres - todas as mulheres - chamavam de mel. Mais que um homem de pele dourada, loiro, 1,80 metros e físico forte, ele era uma criança indefesa, os olhos perigosamente verdes.
Quase dois anos depois, na tarde de 7 de março de 1989, aos 32 anos, Petit, que não conseguira se tornar adulto, eterno menino do Rio, matou-se. Trancou-se do mundo e bateu a porta: enforcou-se com a faixa do quimono de jiu-jitsu, o nó preso pelo lado de fora do alto da porta fechada do apartamento. Petit foi encontrado como na música de Caetano: calção, corpo aberto no espaço".
Fotos: Minilua
Menino do Rio, de Caetano Veloso
"Menino do Rio,
Calor que provoca arrepio,
Dragão tatuado no braço,
Calção corpo aberto no espaço,
Coração.
De eterno flerte.
Adoro ver-te!
Menino vadio,
Tensão flutuante do Rio.
Eu canto pra Deus proteger-te...
(bis)
O Hawaí seja aqui
Tudo o que sonhares,
Todos os lugares,
As ondas dos mares,
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo..."