Fotos: Cristina Granato
‘Sísifo é o gif fundador da mitologia histórica, com essa ideia de eterno retorno. Percebemos como isso dava combustível para falar do momento histórico brasileiro, ao mesmo tempo em que falamos sobre travessia, sobre um trajeto que é preciso seguir. Não se chega a um novo Brasil sem passar por um Brasil distópico. Não se chega a um lugar sem passar por outro’, analisa Calderoni, autor das premiadas ‘Ãrrã’, ‘Elza’ e ‘Os Arqueólogos’, que divide o texto com Duvivier e assina a direção do monólogo.
Em cena, o ator repete o mesmo movimento: caminha de um ponto a outro do palco. A cada início de uma nova cena, ele retorna ao ponto inicial, como em um gif, formato de imagem altamente difundido no universo digital. A investigação cênica deste formato deu origem ao trabalho, que incorporou outras características das novas formas de comunicação.
Se os memes e gifs são capazes de resumir uma situação às vezes complexa em apenas uma imagem, a ideia em ‘Sísifo’ é de poder falar sobre temas bem diversos em uma única cena, ou em uma das travessias que Gregorio faz pela rampa que ocupa o palco, elemento central da cenografia de André Cortez. Desta forma, as cenas apresentam um vasto panorama do caótico mundo contemporâneo, com todo o seu excesso de informação e tecnologia.
Entre os muitos temas pelos quais o texto passa, entram em pauta os influenciadores digitais, alguns absurdos nas transmissões ao vivo pelas redes sociais, o complexo momento político brasileiro e até mesmo as desilusões pessoais em um mundo hiperconectado.
A estreia sela o encontro entre dois representantes de uma geração que cresceu no ambiente virtual e cujo talento artístico se manifesta nas mais diversas frentes. Cria do Tablado, a tradicional escola teatral carioca, Gregório Duvivier despontou para o sucesso em espetáculos de improvisação (o precursor ‘Z.E. – Zenas Emprovisadas’) e seguiu carreira como ator e também escritor de poesia, crônica e roteiros para televisão, cinema e para os vídeos do fenômeno Porta dos Fundos, canal do qual é um dos fundadores.
Do outro lado da ponte-aérea, Vinícius Calderonidava seus passos no teatro e na música. Após lançar seu primeiro disco em 2007, ele passou a integrar o grupo 5 a Seco, que atualmente roda o país em uma turnê comemorativa por uma década de trabalho. Em 2010, ele fundou o Empório de Teatro Sortido, companhia de teatro quem mantém com Rafael Gomes. O saldo positivo da empreitada é imenso e inclui o Prêmio Shell de Melhor Autor por Ãrrã (2015), o APCA por Os Arqueólogos (2016) e Elza (2018)e o Reverência por ‘Elza’ (2018).
As afinidades artísticas os uniram no final de 2018 para a criação de um trabalho inédito. Com o mote inicial do projeto decidido, eles iniciaram o processo de produção do texto em conjunto.
Alguns colaboradores do Empório de Teatro Sortido estão em ‘Sísifo’, como o já mencionado André Cortez, o iluminador Wagner Antônio e Fabrício Licursi na direção de movimento. FauseHaten assina o figurino e Mariá Portugal ficou com a direção musical. A produção é da Sarau Agência, de Andréa Alves, que idealizou ‘Elza’, com texto de Calderoni, e segue em cartaz com ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘Macunaíma’.
Sinopse resumida: Não se chega a um lugar sem passar por outro. Com este ponto de partida, GregorioDuvivier protagoniza 60 cenas curtas que compõem um vasto panorama do mundo contemporâneo.
FICHA TÉCNICA
Com: Gregório Duvivier
Texto: Vinícius Calderoni e Gregório Duvivier
Direção: Vinícius Calderoni
Direção de Produção: Andréa Alves
Cenografia: André Cortez
Iluminação: Wagner Antônio
Figurino: FauseHaten
Direção musical: Mariá Portugal
Direção de movimento: Fabrício Licursi
Coordenação de produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Priscila Cardoso
Assistente de direção: Mayara Constantino
Design Gráfico: Beto Martins
Fotografia: Pedro Benevides
Assessoria de Comunicação: Factoria Comunicação
SERVIÇO
Temporada de 09 de agosto a 08 de setembro de 2019*
*Não haverá espetáculo no dia 22 de agosto
Quinta a sábado às 21h
Domingo às 19h
Teatro Prudential – Rua do Russel, 804, Glória – Rio de Janeiro/RJ
Classificação etária: 16 anos.
Duração: 60 minutos.