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sábado, 16 de fevereiro de 2019

Parentes e amigos de Ricardo Boechat lotam igreja para orar pelo jornalista

Fotos: Isabele Rangel 

Apesar da chuva e do sábado cinzento, centenas de pessoas, com destaque para familiares, jornalistas, amigos, artistas, motoristas de táxis, colunistas, socialites e até alguns políticos lotaram inteiramente na manhã de ontem a Paróquia de Santa Monica, no Leblon, para a homenagem a RICARDO BOECHAT, numa cerimonia religiosa iniciada às 9 h, onde a mãe do âncora mais famoso do país, D. Mercedes, usando uma camisa com a inscrição "Toca o barco, Boechat" e ao final, emocionada, agradeceu a presença de todos. Boechat morreu na segunda-feira vítima de um acidente de helicóptero em São Paulo.

Esta foi a primeira cerimônia religiosa realizada aqui no Rio de Janeiro em memória do nosso "careca de todas as manhãs".

Em Niterói, logo mais, também acontece também uma missa neste sábado, às 19h, na Igreja de São lucas, em Icaraí. Uma outra celebração, programada para o próximo dia 19, será realizada na Igreja de São Francisco Xavier, também em Niterói, às 19 h.

A missa celebrada na manhã de hoje no Leblon foi realizada por um amigo do jornalista, Padre Frei Juan Athayde, que foi acompanhado na cerimônia pelos padres Jorjão, da Paróquia de Nossa Senhora da Paz e Padre Omar, da igreja São José da Lagoa.

A missa celebrada na manhã deste sábado foi a oportunidade que muitos cariocas e fluminenses tiveram para prestar sua homenagem a Boechat, já que após o trágico acidente ele foi velado e cremado em São Paulo.

Participaram da missa de hoje no Leblon a viúva de Ricardo, Veruska Seibel Boechat, a mãe do jornalista, Dona Mercedes, as pequenas Valentina e Catarina além dos outros quatro filhos de Boechat de seu casamento anterior. Entre as muitas personalidades presentes à celebração estavam o empresário Paulo Marinho, o ex-governador do Rio e ex ministro Moreira Franco, a relações públicas e escritora Claudia Fialho, seu marido, o médico Guilherme Fontoura, a diretora geral do Copacabana Palace, Andrea Bentes Natal, os jornalistas Zuenir Ventura, Aziz Hamed e Cicero Sandroni, a atriz Maitê Proença, o colunista Gilson Monteiro, a relações públicas Anita Bernstein, o produtor e diretor do projeto Musica nos Museus, Sergio Costa e Silva, o fotografo Marco Rodrigues, Leleco Barbosa, a jornalista e colunista Ana Claudia Barros Guimarães, o jornalista Hildeberto Aleluia, a jornalista Angela do Rego Monteiro e Yaci Nunes.


Muitos taxistas participaram da missa, incluindo Vitor Cunha Guimarães, taxista há mais de 40 anos um profissional da categoria que conhecia Boechat desde jovem quando Ricardo começou a trabalhar na equipe de Ibrahim Sued:

-Perdi não somente um amigo, mas um irmão e um compadre já que ele era padrinho de um dos meus filhos. Foi Boechat quem me ajudou a comprar meu primeiro taxi e durante toda a sua vida esteve ao meu lado, me auxiliando financeiramente em várias situações. Lamentavelmente, o Brasil acaba de perder um dos seus grandes jornalistas e apresentadores na pessoa do Ricardo Boechat, vitima do trágico acidente de helicóptero ante-ontem em São Paulo, acima de tudo, um grande ser humano, pessoa do bem.

A trajetória de sucesso do Boechat como jornalista e apresentador de rádio e televisão é amplamente conhecido e o impacto de sua morte trágica e prematura é lamentada por muitas  pessoas no Brasil inteiro como Arlete Freitas, sua ouvinte diária, presente na missa e falando do amigo com lágrimas nos olhos:

_ Sem dúvida fará muita falta para muita gente, sem falar de sua própria família,  que é onde certamente sua ausência será ainda mais sentida. Era um brasileiro honrado, que está agora na luz, olhando pelos brasileiros que estão aqui abandonados à propria sorte. Como milhões de outras pessoas, eu também vou sentir muito a sua falta.

Carlos Alberto, proprietário da Toca do Vinicius, em Ipanema, também contou um detalhe interessante: Conheço Ricardo há mais de 30 anos, desde que ele era responsável pela coluna do Swann no Jornal Globo e foi ele o jornalista a dar a primeira nota sobre o meu trabalho sobre a memória de Vinicius e a Bossa Nova.. Acompanho seu trajetória de sucesso desde este tempo. O estilo combativo e questionador do Ricardo, e até sua rebeldia, eram marcas características de sua personalidade, como eram também sua simplicidade, generosidade, e grande humanidade.  Tinha uma grande sensibilidade para as injustiças sociais existentes no Brasil e lutava todos os dias para tornar Brasil um país melhor.  É por isso que ele fará tanta falta, para tantas pessoas.

Foi no Copacabana Palace, no início da década de '70, que Ricardo deu seus primeiros passos no jornalismo.  Contratado pelo hotel como Assessor de Imprensa, após recomendação do então ícone do colunismo, Ibrahim Sued, que fazia da piscina do Copacabana Palace seu quartel-general, o trabalho de Ricardo era de garimpar notícias sobre as celebridades que se hospedavam no hotel para passar para a coluna social. Não demorou muito para que Ricardo passasse a assessorar diretamente Ibrahim, e com quem colaborou por 13 anos. O certo é, por causa desse início de carreira, o Ricardo conhecia muito bem os bastidores do Copacabana Palace e sempre demonstrou um carinho muito especial, tanto para o hotel, como para seus colaboradores.

Anos mais tarde, já na década de 90, surgiu  ideia de produzir um livro relatando a história única do Copacabana Palace.  Para dar o início  ao livro, o Gerente de Comunicações do hotel na época, o jornalista Eugênio Lyra Filho, e a Relações Públicas do Hotel, Claudia Fialho, auxiliados por uma equipe de pesquisadores, haviam reunida uma extensa documentação com as histórias do passado.  A ideia inicial foi que o texto do livro seria escrito por Eugênio Lyra,  mas infelizmente Eugênio veio a falecer após uma cirurgia cardíaca, e o projeto de escrever o livro ficou paralisado por algum tempo.

Foi por ocasião da celebração do aniversário de 75 anos do hotel, em 1998, que o projeto de publicar o livro foi retomado e por sugestão de Claudia Fialho, autora de muitas boas idéias, surgiu a indicação para que fosse feito um convite para Ricardo Boechat escrever o livro.  Nesta altura, Ricardo já era um jornalista consagrado, e super ocupado, mas mesmo assim, após muito trabalho de convencimento, concordou em concretizar o trabalho.


Depois do sucesso da primeira edição do livro, foram feitas mais duas edições para comemorar respectivamente os aniversários de 80 e 85 anos do hotel.  Em ambas essas edições o texto que atualizava a história do hotel foi desenvolvido com maestria por Ricardo, na última relatando com detalhes aspectos relacionados à hospedagem dos Rolling Stones por ocasião do épico show na praia de Copacabana em 2006.

Agora  a direção do Copacabana Palace pretende homenagear Ricardo inaugurando uma fotografia sua na galeria de fotos de celebridades que já se hospedarem no hotel.  É uma homenagem justa, e mais que merecida, embora Ricardo seja a primeira pessoa a rejeitar o rótulo de celebridade.

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Assista também este pequeno vídeo da missa, mostrado hoje pela Band News

https://www.facebook.com/BandNews/videos/364322734406524/?v=364322734406524