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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Amar é para os fortes: álbum e filme conceitual de Marcelo D2 fala da arte como alternativa à violência

Fotos: Cristina Granato

A sessão de “Amar é para os fortes”, estreia de Marcelo D2 no roteiro e direção, foi uma comemoração em família, nessa terça-feira (28/08), no Centro CCBB, no Centro. Foram três sessões de 30 minutos, com salas lotadas de amigos, parceiros musicais e conhecidos. Fez sucesso por ali Giovanna, a Gigi, de 4 anos, neta de D2, filha de Stephan Peixoto (com Nina Novello), filho do artista e protagonista do filme.



A trama conta a história através de músicas do álbum homônimo e do personagem Sinistro (Stephan), um rapaz que nasceu e vive numa das favelas não pacificadas do Rio, e que, ao fugir da vida que levava, conheceu Chloe (Beatriz Alves), uma artista plástica francesa que vai mudar a sua vida. “É um pouco autobiográfico porque cresci no Rio violento dos anos 90 e hoje parece que estamos vivendo tudo de novo, só que esses jovens são meus filhos. Queria falar com eles sobre esse assunto urgente”, disse ele. Ao final das projeções, o CCBB virou uma festa, com música de DJ.



Por Larissa Rocha
Prestes a completar seus 50 anos, Marcelo D2 sai da rotina de produção musical e se junta a amigos para lançar seu sétimo álbum solo, Amar é para os fortes, que é tanto um álbum com participações de Rincon Sapiência, Seu Jorge, Marisa Monte, Gilberto Gil, Nação Zumbi, Danilo e Alice Caymmi, quanto um filme que ele mesmo roteirizou e dirigiu apresentando a ilustração de cada faixa selecionada da obra.



O projeto de criar um álbum visual veio à mente de D2 em 2015 após acompanhar essa mesma criação por artistas que admira como Frank Ocean, Daft Punk e Beyoncé, mas com a inovação de ser uma ficção de início, meio e fim em que os sons conduzem a trama. O start para iniciar o projeto foi induzido a D2 após ler a biografia do Andy Warhol, criador da The Factory (estúdio que Andy começou a produzir suas filmagens), que de fato, o motivou a produzir mais, estudar sobre cinema e se reunir com amigos para iniciar o filme.



O filme será ilustrado por 10 de 14 faixas que o álbum possui, narrado e cantado por D2 e pelos participantes, com sons calmos e pesados diferentes de todos os seus trabalhos anteriores, que contam a história de Sinistro, um rapaz que nasceu e vive numa das favelas não pacificadas do Rio de Janeiro, interpretado pelo filho de D2, Stephano Peixoto (Sain), e que, ao fugir da vida que levava, conheceu Chloe, uma artista plástica francesa interpretada por Beatriz, que irá mudar a sua vida ao apresentar uma forma de viver repleta de aventuras e artes desconhecida por ele. Sinistro começa a ter uma visão diferente da comunidade em que vive e se motiva a mudar sua realidade violenta com a arte após seu contato com Beatriz e com o Centro Cultural Banco do Brasil, onde sua mãe é faxineira, embora continue sendo atormentado por fantasmas de seu passado.



A história fática inspirada nas artes plásticas, nos desafios e dificuldades do dia a dia de um moleque da periferia do Rio, de filmes como Kids e Nascido para matar, e do próprio hiphop, também veio da vida real, D2 revela que após ter uma conversa numa mesa de bar com um amigo, João Velho, filho de Cissa Guimarães e irmão de Rafael Mascarenhas, que morreu atropelado enquanto andava de skate em uma via pública do Rio, ocorreu a discussão do julgamento do culpado da morte de Rafael, e indignados, concluíram que "amar é para os fortes", daí surgiu o nome do disco e mais uma inspiração para produzir o filme. 



As filmagens e a produção foram realizadas pelo coletivo Mulato, criado por D2 juntamente com amigos que trabalham com ele no filme, com um elenco composto por seu próprio filho, amigos próximos e a galera do Bloco 7 em cenários urbanos do Rio de Janeiro como nos arredores da Favela Tavares no Catete, na Lapa e em Laranjeiras. D2 revela que o filme foi inteiramente filmado por celular 4k, câmera digital AVX1000 e DSLR, para dar uma imagem bem manual, conceitual e com ampla experimentação da transição evolutiva desses dispositivos.



O lançamento do filme e do álbum ainda não tem data definida, mas está previsto para o mês de agosto deste ano e tem tudo para ser em uma sala de cinema. D2 já soltou em março uma das músicas como prévia do álbum, "Resistência Cultural", mas que não pode ser considerada como o primeiro "capítulo" do filme, ele revela que seria o último, pois é uma festa, isto é, o encerraria, além disso, vem mantendo o seu público informado sobre o projeto a partir de um Instagram  criado para ilustrar cenas das filmagens.