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terça-feira, 25 de julho de 2017

‘Sarau da Leda Nagle’ encerra a temporada com o teatro lotado

De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Marcelo Castello Branco

Com 40 anos de carreira, a apresentadora LEDA NAGLE realizou ontem o encerramento da primeira temporada do  Sarau da Leda  no Theatro Net Rio. O projeto é um encontro semanal iniciado no mês de junho,, sempre de segunda-feira, às 16h, com a participação do público e conta sempre com convidados com destaque na música popular brasileira. Os saraus anteriores apresentaram a cantora ALCIONE, MARCOS VALLE e JOYCE, AGNALDO TIMOTEO e MARCIO GOMES, AMELINHA e EDNARDO, LEILA PINHEIRO e ELBA RAMALHO. No segundo semestre, ainda sem data definida, será iniciada a segunda fase dos saraus, podendo ser realizado também na capital paulista, dependendo de datas e local.

No sarau de ontem podiam ser vistos na plateia vários artistas, com destaque para as cantoras Luciene Franco,  Ellen de Lima e Tetê Cavalckanti, além do cantor e compositor Luis Vieira. Lá estavam também o embaixador René Haguenauer, Bete Suzano, Marcelo Souza, José Antonio Paz Monteiro, Conceição Nery e o produtor Luka Pereira.

Durante o bate papo, WANDA SÁ contou passagens interessantes de sua carreira musical, revelando que aos onze anos começou a tocar violão. Gostava de bossa nova, e durante a sua adolescência assistiu a muitos espetáculos. Sentava-se na primeira fila para memorizar os acordes do braço do violão. Foi aluna de Roberto Menescal. Em 1962 já era professora de violão da escola de música mantida por Menescal e Carlos Lyra, em Copacabana.

Iniciou a carreira artística em 1962. Em 1969, casou-se com o compositor Edu Lobo e passou a residir nos Estados Unidos, interrompendo a carreira até a separação do casal, em 1982. Wanda e Edu tiveram três filhos: Mariana, Bernardo e Isabel. Voltou ao Brasil decidida a prestar vestibular para o curso de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e retomou a carreira artística.

Em 1962 participou junto com Tom Jobim, Sérgio Mendes e o conjunto Bossa Rio, do programa de televisão (ao vivo) Dois no balanço, sob a direção de Luiz Carlos Miele e Ronaldo Bôscoli, na TV Excelsior. Em 1964, durante o antológico show O Fino da Bossa, no Teatro Paramount, atual Teatro Abril, de São Paulo, foi lançado seu LP Wanda Vagamente, produzido por Roberto Menescal e com a participação de Dom Um Romão, Edison Machado, os conjuntos de Luís Carlos Vinhas, Tenório Júnior e Sérgio Mendes, com os primeiros arranjos de Eumir Deodato constando também as primeiras composições de Edu Lobo, Francis Hime, Marcos Valle e Nelson Motta. Em 1998, seu LP Wanda vagamente foi lançado, em CD, no Japão.

Ela também fez parte do conjunto musical Brasil 65 de Sérgio Mendes, com o qual excursionou nos Estados Unidos.

Em 2004, apresentou-se, ao lado de Johnny Alf, João Donato, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Leny Andrade, Pery Ribeiro, Durval Ferreira, Eliane Elias, Marcos Valle, Os Cariocas e Bossacucanova, no espetáculo Bossa Nova in Concert, realizado no Canecão (Rio de Janeiro). O show foi apresentado por Miele e contou com uma banda de apoio formada por Durval Ferreira (violão), Adriano Giffoni (contrabaixo), Márcio Bahia (bateria), Fernando Merlino (teclados), Ricardo Pontes (sax e flauta) e Jessé Sadoc (trompete).

Em 2005, apresentou-se no Bar do Tom, com o espetáculo Bênção Bossa Nova, ao lado de Roberto Menescal e Luís Carlos Miele. Nesse mesmo ano, gravou com Roberto Menescal o CD Swingueira, contendo canções de Roberto Menescal em parcerias com Ronaldo Bôscoli, Lula Freire, Chico Buarque), Billy Blanco, Baden Powell, Vinicius de Moraes, Pery Ribeiro e a própria Wanda Sá.

Já o compositor, músico e diretor musical ROBERTO MENESCAL, às vésperas de completar em outubro seus 80 anos, revelou que tem vários compromissos musicais agendados para o Brasil e no exterior este ano e em 2018, comemorando este aniversário.

Cria de família na qual não havia um músico sequer – hoje o filho Márcio é contrabaixista do grupo Bossacucanova –, Menescal não se esquece de outra lição do início da trajetória. “Ia prestar vestibular para arquitetura e conheci Tom Jobim: ‘Mas você não quer ser músico?’, perguntou-me o maestro, para a seguir me aconselhar: ‘Larga esta bobagem e vai ser músico’.”

No dia seguinte, obedecendo à ordem do mestre, deixou de lado a ideia de fazer faculdade, assumindo-se músico. Daí para a composição foi questão de tempo. Só ao lado do parceiro mais constante, Ronaldo Bôscoli (1928-1994), Menescal contabiliza 350 composições, entre as quais estão alguns clássicos da bossa. “Todas basicamente gravadas.”

Na produção, apesar do recorde da série 'Aquarela brasileira', de Emílio Santiago, que rendeu sete discos, com mais de 6 milhões de cópias vendidas, o sucesso veio mesmo com as mulheres. Além de vários discos de Elis Regina, que, mesmo não sendo uma campeã de vendas (a média de cada lançamento dela era de 200 mil cópias), fazia sucesso retumbante nos palcos, Menescal produziu os dois discos de maior vendagem de Gal Costa: 'Gal tropical' e 'Aquarela do Brasil – Gal Costa canta Ary Barroso'.

Só ao Japão, vale lembrar, Menescal já foi 30 vezes, desde a primeira viagem, em 1985, com Nara Leão. “É o melhor público do mundo. Eles nos tratam com um respeito”, diz o produtor, que há 15 anos criou selo próprio (Albatroz Discos), por meio do qual já lançou 250 discos.

Casado há 58 anos, pai de três filhos e avô de cinco netos, nas horas de lazer Menescal cuida de centenas de espécimes de bromélias que cultiva em sua casa, na Barra da Tijuca.