Blog do Lourenço

PROGRAMAÇÃO DE DOMINGO: CURTIR E FAZER BELAS
COMPRAS NA FEIRA DE ANTIGUIDADES DA GÁVEA...

De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Daniel Marques

Em domingos ensolarados como os que acontecem no outono, enquanto muitas pessoas optam pela ida à praia ou aos estádios de futebol, uma grande parte dos cariocas e os turistas vindos do exterior ou de outras cidades brasileiras, preferem marcar um encontro cultural coma Feira de Antiguidades da Gávea, na Praça Santos Dumont. Há muitos anos, o evento vem reunindo colecionadores e curiosos que apreciam o valor e a beleza de peças antigas.

A Feira de Antiguidades da Gávea começou em dezembro de 1997 e é coordenada pela Associação Brasileira de Antiquários (ABA), com o apoio da AMA Gávea. A ABA, inaugurada em 1970, tem por finalidade incentivar o comércio de objetos antigos. Muitos dos seus apoiar frequentadores, incentivadores e compradores mais assíduos não passam um domingo sequer sem visitar a feira, mesmo com tempo ruim. Eles comparam a feirinha a um museu ao ar livre, onde as pessoas podem vir para observar, conversar com os expositores e ter uma série de aulas gratuitas. Ao mesmo tempo, ela incentiva a preservação da história através de cada um desses objetos, que tem a sua própria história para contar.

O ator e produtor Vicentini Gomez

Os colecionadores e pesquisadores de objetos antigos são chamados de antiquários. O papel cultural deste grupo é preservar e difundir o bem cultural no mundo. Ou seja, resgatar tudo que poderia se perder com o passar do tempo. Não se trata apenas de comércio, os antiquários são verdadeiros garimpeiros do material que futuramente vai para as salas dos museus. Antes de vender para leigos, eles dão preferência aos colecionadores de confiança, que, por profissão, sabem como cuidar da peça. Mas, por trás de toda essa seleção de objetos, existe um intenso trabalho de pesquisa. Os antiquários são estudiosos que se preocupam em buscar origens e respostas para criar bibliotecas especializadas.

A feira da Gávea faz seu próprio controle em relação ao expositor, já que muitas vezes é difícil confirmar detalhes sobre a origem das peças. A base de toda compra e venda é a confiança no expositor, e, deste, no fornecedor. “Eu digo para os meus clientes que o antiquário é igual a um médico, se você não confiar, compra gato por lebre. Sempre procure pessoas idôneas para negociar. Arte é um investimento; comprando boas peças, você jamais perderá dinheiro”, diz o atual presidente da ABA e da feirinha, Marcos Aurélio Freitas, que com seu sócio Eduardo Bicudo, tem um bonito estande na feira.

Ricardo Torres, André Cantuária e o ator Deo Garcez

A maior preocupação da ABA é que o cliente não seja enganado. Se a peça estiver restaurada, se for uma réplica ou tiver qualquer outro problema, o comprador deve ser informado. “Torço muito para que os expositores sejam os mais sinceros possíveis. Estou aqui todo domingo e procuro sempre fiscalizar os estandes”, avisa Marcos Aurélio. O presidente da feira acredita que o sucesso do evento se deve à credibilidade adquirida com estas atitudes. “Há um certo controle, sim. As pessoas podem confiar quanto à segurança da origem da peça. Por isso existe a necessidade de todos os expositores serem credenciados junto à Associação. Ninguém está livre de ter problemas, mas desta maneira facilita-se o trabalho”, completa ele.

Os candidatos a expositores têm que se associar na ABA ena Prefeitura para obter uma licença. Todos os 80 espaços reservados para exposição estão completos, e mais de dez nomes aguardam sua vez na fila de espera. A feira também não é exclusivamente de antiguidades, vários estandes trabalham com produção de cinema, TV e teatro. Esse é o caso do expositor Mário Abreu, que costuma vender ou alugar peças para filmes, novelas era expositora e colecionadora Jane Pimentel, vice-presidente da ABA. Com um acervo que co mini-séries. Nós restauramos, limpamos e deixamos tudo em ótimo estado, por isso a ”, disse Antônio demonstrando sua preocupação.

Projeto Musica na praça com Novos Chorões e Ricardo Cravo Albim

Para valorizar a feira,a ABA organiza periodicamente mostras paralelas com colecionadores e designers, realizando exposições temáticas de louças, objetos raros, coleções sacras e de chapéus, máscaras e adereços. Para se afiliar à ABA, é necessário que o candidato prove ser um conhecedor de antiguidades, já que a profissão de antiquário não é regulamentada. Uma vez membro, recebe-se permissão para expor na Feira da Gávea.

PROCURA DE PEÇAS RARAS

Observadores da feira vem notando que, há alguns meses, jovens estão, cada vez mais, frequentando a Feira de Antiguidades atrás de objetos diferenciados para a decoração de seu primeiro apartamento. Muitas vezes, as peças personalizadas são baratas, mas que dão um charme todo especial. Os expositores concordam que peças antigas valorizam o espaço e alerta para o cuidado que se deve ter com elas no dia-a-dia. “Nós vivemos na maior correria com filhos, marido, amigos, faxineira, ou seja, por serem peças delicadas, as antiguidades merecem um lugar protegido para não haver acidentes”, lembra Fátima, uma das expositores, especializada em bijuterias, chapéus e óculos antigos. Ela acredita que as pessoas devem adaptar a sua decoração de acordo com as antiguidades que têm. “Isso dá personalidade ao ambiente. É um contraste que funciona, fica harmonioso e elegante. Outra vantagem é que esses objetos sempre atraem a curiosidade das pessoas, que gostam de saber de suas histórias”.

O Trio Maravilha

Segundo o expositor Francisco Cruz, especializado em rádios, relógios e isqueiros antigos, a Praça Santos Dummont aos domingos se transforma em um centro cultural, dando chance à população do Rio de Janeiro de ter contato com bens culturais – sem aquele clima de “é proibido tocar”. Se você quer voltar ao passado por algumas horas, reserve um tempo no próximo domingo para visitar a Feira de Antiguidades da Gávea.

ATRAÇÕES MUSICAIS

Além de exposição de peças antigas, a Feira de Antiguidades da Gávea realiza também o projeto cultural "Música na Praça", dando oportunidade para que o público assista gratuitamente novos valores da música popular brasileira, como o Trio Maravilha, e a cantora Nádia Godoy, que vem se apresentando nos últimos domingos, juntamente com o saxofonista Ricardo Haubrick. A feira também vem dando oportunidade à apresentação de artistas de rua que ainda não dispõem dos palcos das casas noturnas do Rio para apresentarem seu trabalho.

A localização da feira também é um ponto de destaque para sua realização, já que a Praça Santos Dumont é uma bela área verde bem cuidada, sendo também esta praça um endereço onde existem muitos bons bares e restaurantes que compõem o popularmente conhecido "Baixo Gávea".

O ator e diretor Ricardo Torres e Claude Troigos

Desde o início dos anos 80 é um dos agitados pontos culturais da noite do Rio, com bares muito movimentados e frequentado por atores de TV e cinema, novos intelectuais e pessoal do Teatro. O local fica ainda bem próximo do Shopping da Gávea, onde estão localizados alguns teatros, o que gera também movimento após as apresentações. Na área também funciona a destacada Casa da Gávea é uma entidade cultural, conduzida e administrada pelos atores Paulo Betti e Cristina Pereira, entre outros. . A casa oferece cursos livres focalizados na interpretação teatral, criação de roteiro para cinema e TV, aulas de expressão corporal, além de outros cursos e outras atividades.

Daniel Marques e Marcelo D2

Aos domingos, costumam circular pelos estandes da feira dezenas de cantores, atores de TV, teatro e Cinema, com destaques para Mateus Solano, Carla Camuratti, Vicentini Gomes, Letícia Sabatella, Leandra Leal, Marília Pera, Sonia Braga, Zezé Motta, Stela Freitas, Zezé Polessa, Paulo José, Eliane Giardini, Mariana Ximenes, Wagner Moura e Jayme Monjardim. Também são vistos com assiduidade na feirinha Debora Falabella, Haroldo Costa, Marisa Monte, Deo Garcez, Paulinho da Viola, Adriana Calcanhotto, Telma Tavares, Olivier Anquier, Flávia Alessandra, Ricardo e Suely Stambowsky, Ovidio Cavlheiro, Ricardo Cravo Albin, Marcelo D2, Myriam Persia, e colunistas consagrados como Hildegard Angel, Anna Maria Ramalho, Lu Lacerda, Joaquim Ferreira dos Santos, Artur Xexéo, e os jornalistas Elizabeth Orsini, Ana Cecília Guimarães, Tânia Malheiros e Glória Maria.