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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

UMA TRADIÇÃO DO RIO NA IGREJA DOS CAPUCHINHOS,
A BÊNÇÃO NESTA PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO ANO...




De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de divulgação



Como acontece tradicionalmente, amanhã, dia 3, a paróquia São Sebastião,localizada na  Tijuca, receberá milhares de fiéis para a bênção da primeira sexta-feira do ano, o que é uma tradição secular na igreja católica. De manhã, a bênção será nos intervalos das missas que serão celebradas de hora em hora, das 5h às 10h. À tarde, a bênção será a cada meia hora. Também na parte da tarde, serão celebradas missas às 12h, 14h, 16h e 18h.
Na programação religiosa do templo, ainda teremos o momento “Orando com o Padre Pio”, às 15h; o Terço da Misericórdia, e novamente o “Orando com o Padre Pio”, às 17h; e o costumeiro “Orando com São Miguel Arcanjo”, às 19h. A Paróquia São Sebastião dos Capuchinhos fica na Rua Haddock Lobo, 266.
Também vale lembrar que a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, aprovou recentemente a inclusão da primeira bênção do ano da Paróquia São Sebastião, no guia oficial e de roteiro cultural do Rio. A informação já foi  publicada no Diário Oficial do Município.




RELÍQUIAS


 A Igreja dos Capuchinhos, maravilhoso templo católico da Tijuca conserva maravilhosas relíquias em suas dependências, como os restos mortais de Estácio de Sá, fundador da Cidade Maravilhosa, também a pedra fundamental da cidade e ainda a imagem primitiva do padroeiro São Sebastião, trazida de Portugal no século XVI.
Poucos cariocas sabem, mas os restos mortais do fundador da cidade do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, repousam há quase 100 anos na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca. 
A Igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro, ou dos Capuchinhos, como também é conhecida, pertence à Ordem dos Frades Franciscanos e está situada na Rua Haddock Lobo, 266, no coração tijucano. O templo é suntuoso e possui rica e bela decoração em mármore e granito. O ambiente, pelo seu silêncio, inspira muita tranquilidade e paz aos muitos fiéis que frequentam o local.



 Lá, em posição de destaque, repousam num túmulo próximo ao altar-mor os restos mortais de Estácio de Sá, falecido em 1567, ele que foi fundador da cidade do Rio de Janeiro e sobrinho de Men de Sá, importante militar e colonizador português do século XVI. No templo também se encontra, em local bem visível, também nas proximidades do altar-mor, de forma bastante destacada, a suntuosa pedra fundamental desta cidade.
Após Estácio fundar a cidade em 1º de março de 1565 na Praia de Fora, localizada entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, no atual bairro da Urca, ele e seu tio Men de Sá foram os primeiros governadores do Rio de Janeiro. O local era de grande importância estratégica no começo da colonização portuguesa no Brasil, pois sofria constantes invasões e tinha na Baía de Guanabara local de facilidade de entrada de navios invasores franceses e por isso mereceu grande importância da coroa de Portugal.




 A atual Igreja dos Capuchinhos, construída em estilo neo-bizantino, foi solenemente inaugurada no dia 15 de agosto do ano de 1931, com as ilustres presenças do presidente da República, Getúlio Vargas, do Cardeal Dom Sebastião Leme e de grande quantidade de fiéis devotos. No dia seguinte à inauguração, foram transportadas para lá várias importantes relíquias, tais como a pedra fundamental da cidade, os restos mortais do fundador Estácio de Sá e a imagem europeia primitiva de São Sebastião, trazida de Portugal para o Rio de Janeiro pelo próprio Estácio. A igreja abriga também importantes quadros e imagens do século XVIII que originariamente estavam no Morro do Castelo. À época os frades Capuchinhos foram chamados de “guardiães do Rio de Janeiro”. Antes de chegarem à Igreja de São Sebastião essas relíquias haviam sido abrigadas em um convento provisório localizado na Rua Conde de Bonfim, 290, também na Tijuca.
 A antiga igreja que abrigava todas essas relíquias da cidade estava situada no Morro do Castelo e foi construída a mando de Salvador Correia de Sá, primo de Estácio, em 1583, para abrigar as valiosas peças e servir de mausoléu, que assim ajudou a preservar a importante memória da cidade.

Restos mortais de Estácio de Sá


 Em 1842 a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos assumiu a direção da Igreja de São Sebastião no Morro do Castelo, a pedido do Império do Brasil. O templo, àquela altura, encontrava-se bastante abandonado e a nova direção emprestou um novo dinamismo e força à evangelização, notadamente com as bênçãos das primeiras sextas-feiras, o que acontece tradicionalmente até os dias de hoje com a afluência de uma enorme quantidade de devotos. 



 As atividades dessa igreja foram encerradas no dia 1 de setembro de 1921, com a missa celebrada para todos os falecidos e cortejo solene acompanhado pelo arcebispo Dom Sebastião Leme, do presidente da república Epitácio Pessoa e do prefeito da cidade do Rio de Janeiro Carlos Sampaio. Com a demolição do Morro do Castelo, para dar lugar às comemorações do primeiro centenário da Independência do Brasil, os freis Capuchinhos tiveram que procurar outro lugar para construir um novo templo religioso, um novo convento e também para abrigar as relíquias históricas da cidade. Por esse motivo a igreja é chamada pelos fiéis de São Sebastião dos Capuchinhos ou Barbadinhos, em razão das longas barbas que possuíam. Com as constantes transformações urbanas a terra do Morro do Castelo, local que abrigou a antiga igreja, serviu para aterrar outras partes da cidade.
A Igreja dos Capuchinhos, patrimônio religioso e cultural da cidade do Rio de Janeiro, está aberta para visitação de terça a domingo, das 7 às 20 horas. O local abriga boa parte da memória da Cidade Maravilhosa. Atualmente a direção da igreja está a cargo do Frei Paulo Roberto Gomes, que é o pároco de São Sebastião e recebeu nossa equipe com bastante cordialidade.



O ÓRGÃO DA IGREJA



 A igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro possui em seu coro um tradicional e belo órgão de tubos, com dois teclados e pedaleira, que é um terceiro teclado para o organista tocar com os pés. Atualmente o instrumento não está funcionando, porque necessita de uma grande restauração que está avaliada em 170 mil reais. Segundo frei Paulo Roberto Gomes, pároco da igreja dos Capuchinhos, esse órgão foi instalado no templo no ano de 1952, tendo sido projetado pelo engenheiro alemão Guilherme Berner, na cidade de Petrópolis.



 O instrumento foi inaugurado pelo organista carioca Antonio Silva e sua parte exterior ostenta seus grandes tubos prateados, que servem para a emissão dos variados timbres sonoros. Esses tubos são visíveis de qualquer ponto da igreja, constituindo assim uma linda decoração.




Amigos dos pobres

 Desde o início, os freis capuchinhos procuraram, dentro do possível, atender os pobres através das Conferências de São Vicente e da Pia União de Santo Antônio. Os Vicentinos, fundados aos 24 de abril de 1941, ajudam e visitam os assistidos e procuram situar os problemas e necessidades. A Pia União, fundada aos 13 de junho de 1957, é sustentada por um grupo de senhoras que se reúnem para confeccionar vestuários e os distribuem semanalmente.
Além destas iniciativas, ainda operantes hoje, o capuchinho frei Ovídio Zanini planejou e organizou a FREI (Fundação de Recuperação de Indigentes) que, popularmente, ficou conhecida com o nome de Dom Camilo. Frei Ovídio levou avante esta obra durante 15 anos, quando, por diversos motivos, a entidade foi dissolvida e passou às mãos das autoridades municipais.