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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Em Ipanema, na tradicional festa de São Francisco, Padre Jorjão realizou a benção de animais

De Luiz Carlos Lourenço

Entre cânticos religiosos e bênçãos, a Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, uma tradicional área de lazer da zona sul do Rio de Janeiro ficou ainda mais alegre , ontem pela manhã, quando centenas de devotos, alguns em cadeiras de rodas, se misturaram aos latidos, miados, e cantos de pássaros  presentes na benção  especial do Dia dos Animais e de seu padroeiro, São Francisco de Assis.

A celebração foi presidida por um dos padres franciscanos mais populares do país, o conhecido Padre Jorjão e o sacerdote fazia questão de cumprimentar e ser fotografado ao lado de cada paroquiano, abençoando ainda populares que chegavam ao centro da praça com dificuldade, em meio a muita agitação.

Com a violência dos dias atuais, é cada vez mais comum o hábito de crianças e adultos dedicarem-se aos animais abandonados, criando cachorros e gatos abandonados pelas ruas e praças. O Brasil possui a maior reserva de biodiversidade do planeta. São 524 espécies de mamíferos, 1.622 de pássaros, 468 de répteis e 517 anfíbios.

A exploração desordenada tem levado a nossa fauna a um processo de extinção de espécies violento.

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cerca de cem espécies desaparecem todos os dias da face do planeta, sendo o comércio ilegal de animais silvestres uma das principais causas dessa tragédia.

Para nos lembrar de pensar nos animais que compartilham o planeta Terra conosco, a cada dia 4 de outubro comemora-se o Dia de São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos animais.

De fato, é comum encontrar nas sedes das entidades de proteção animal imagens do santo italiano. Por sua relação de amor e respeito aos animais, a data serve também para comemorar o Dia Mundial dos Animais.

A DEDICAÇÃO AOS ANIMAIS 
Francisco de Assis viveu na Itália entre os séculos XII e XIII. Durante a juventude levava a vida como um rico filho de comerciante. Então, converteu-se e passou a trabalhar com um grupo de discípulos (que ficaram conhecidos como franciscanos), todos devotos da pobreza evangélica.

Ele tinha uma relação muito especial, de muito respeito com os animais. No Cântico das criaturas, São Francisco de Assis louva a Deus por todas as criaturas, o sol, a lua, as estrelas...

Há alguns anos o Papa João Paulo II decretou São Francisco de Assis como o padroeiro da ecologia, pelo reconhecido amor a todas as criaturas. Francisco de Assis foi sepultado em 4 de outubro de 1226 e canonizado em 1228. Em comemoração à data, durante este mês várias entidades de proteção animal organizam eventos sobre bem-estar animal e cerimônia de bênção aos animais.

Ao analisar a relação homem-animal ao longo da história da humanidade, percebemos que muitos erros e atrocidades foram cometidos contra os animais, por falta de conhecimento, pela ganância ou em nome de tradições culturais.

Com o desenvolvimento de estudos, análises e teorias sobre comportamento animal, o homem passou a modificar sua postura, pois percebeu que os animais também sofriam e sentiam medo, dor e angústia.

Isso aconteceu graças ao trabalho dos cientistas e estudiosos do comportamento animal e dos defensores de animais - pessoas que, mesmo sem nenhuma formação acadêmica, lutam pelos direitos dos animais, tirando-os das ruas, protegendo-os, criando e cuidando de abrigos.

Ainda hoje vemos situações que não podem ser aceitas sem pelo menos o sentimento de forte indignação, abrigos superlotados com animais abandonados à própria sorte por seus donos, maus-tratos, envenenamentos, venda ilegal de animais silvestres, rodeios, touradas, farra do boi, ursos torturados na China, circos, feiras de animais sem controle sanitário, uso de animais em testes para cosméticos, projetos de lei que perpetuam os maus-tratos e uso em experiências científicas.

Por isso, vamos aproveitar a data para refletir por alguns instantes sobre tudo aquilo que devemos aos animais, sobre todos os erros cometidos até agora.

Existe um caminho a ser seguido, que é o respeito a todas as formas de vida, tanto aos aspectos mais básicos, como abrigo e alimentação, quanto ao direito a afeto, liberdade e à vida.

Por tudo isto e cada vez em maior número, religiosos levaram cachorros, gatos, passarinhos e até jabutis para a benção, além de fotos de animais, para serem abençoadas pelos frades da paróquia. E teve devoto que saiu até da Baixada Fluminense especialmente para a missa. De acordo com a paróquia, mais de 500 pessoas e 1 mil animais passaram por lá nesta quinta feira e a  expectativa é que este número  número seja superado a cada ano. Padre Jorjão costuma comentar que esta data deve ser um dia para “refletirmos sobre as posturas não apenas com os bichos, mas com o ser humano”.