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quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Em seu primeiro livro de crônicas, ‘Refúgio no Sábado’, a premiada jornalista Míriam Leitão revela ao público seu lado mais leve, terno e bem-humorado
Fotos: Cristina Granato
Míriam Leitão se consagrou como jornalista por sua cobertura afiada do cenário econômico brasileiro e dos bastidores do poder. Sempre compenetrada, ela aparece diariamente nos noticiários em meio a análises sobre as projeções do PIB, o desequilíbrio fiscal e o medo do desemprego. Nos 102 textos que compõem Refúgio no sábado, entretanto, uma Míriam bem diferente se revela: terna, leve, nostálgica e até engraçada. A obra, primeira de crônicas da autora, oferece aos leitores a oportunidade de conhecer melhor não só a sua rotina, como também o seu processo de formação como escritora.
Em edição delicada, com as pontas das páginas arredondadas como as de um caderno Moleskine, o livro chega às lojas no fim de julho, pela Intrínseca.
Na obra, ao falar de sua infância, Míriam lembra das brincadeiras que inventava com os irmãos no quintal de casa, da coleção de livros de capa dura que enfeitava a estante do pai, dos conhecimentos que recebeu da mãe. “Ela gostava de plantar, hortas principalmente.
Voltou a estudar depois de muitos filhos”, diz sobre Dona Mariana. “Ao retomar os estudos, as três filhas mais velhas já eram adolescentes e eu me recordo das quatro fazendo os deveres de casa juntas. Aprendi então que estudar é para sempre.” Em um dos textos, recorda, com muito bom humor, de uma antigo apartamento alugado na Tijuca, no Rio, onde morou com os dois filhos adolescentes. Barulhenta, a família despertava a ira dos vizinhos, que reclamavam até do estado civil da moradora, na época “uma mulher sem marido”.
Há espaço também para Míriam compartilhar seu amor pela poesia de Manoel de Barros e pela prosa de Machado de Assis, relatar detalhes das várias viagens que fez e reproduzir os divertidos diálogos de uma aula de economia que deu aos netos pequenos. Entre as histórias pessoais, surgem ainda reflexões aprofundadas sobre o Brasil, sua trajetória e seu futuro. As crônicas reunidas no livro foram produzidas ao longo de quatro anos, na calmaria das manhãs de sábado, e publicadas inicialmente no blog de seu filho Matheus Leitão, hospedado no G1.
Míriam Leitão já havia mostrado seu talento para a ficção no romance Tempos extremos e em seus títulos infantis. Refúgio no sábado é mais uma prova de que, com seu olhar atento e sua escrita elegante, a autora pode deslizar com maestria por diferentes gêneros literários. Como afirma a imortal Ana Maria Machado em seu elogioso prefácio, “este livro pode surpreender muita gente. Coisa que, de certo modo, não é nenhuma surpresa. Sua autora é mesmo useira e vezeira em surpreender os leitores, sem jamais deixar de ser sempre a mesma, fiel a seus valores”. Um livro com cara de sábado, para ser lido a qualquer momento da semana.
Nascida em Caratinga (MG), Míriam Leitão é jornalista de TV, rádio, jornal e mídia digital. Em quarenta anos de profissão, recebeu diversos prêmios, entre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia de Nova York. Ganhou o Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 2012 por Saga Brasileira e foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2015 por Tempos extremos. No mesmo ano, lançou História do futuro: o horizonte do Brasil no século XXI. Em 2017, publicou a coletânea de artigos A verdade é teimosa. É casada com Sérgio Abranches, tem dois filhos, Vladimir e Matheus, e um enteado, Rodrigo. É avó de Mariana, Daniel, Manuela e Isabel.
REFÚGIO NO SÁBADO, de Míriam Leitão
288 páginas
Impresso: R$ 39,90
E-book: R$ 19,90
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