Pesquisar

terça-feira, 10 de abril de 2018

Após sete anos de pesquisa, o escritor Rodrigo Alvarez lança livro sobre Jesus

De Luiz Carlos Lourenço 

Fotos de Kicko Ribeiro e divulgação

O jornalista e escritor Rodrigo Alvarez lançou na noite desta segunda-feira, na Livraria da Travessa, no Leblon seu mais novo livro, o sétimo de sua vitoriosa carreira: "Jesus – O Homem Mais Amado da História, pela Editora Leya. Nesta obra, o autor reconstitui os passos do pregador que definiu o rumo da humanidade por meio de uma pesquisa apurada com base na bibliografia mais recente e em fontes arqueológicas.

O autor autografou de pé durante mais de três horas, fazendo questão de abraçar e fotografar ao lado de parentes, amigos, personalidades e seus leitores fieis, acompanhado da mulher, Ana, que o auxiliava com na elaboração das fotos. Rodrigo segue o lançamento o livro nas capitais brasileiras: nesta terça estará em Goiânia e amanhã autografará o livro em Campo Grande.

 Durante a noite de autógrafos, o escritor fez uma especial dedicatória ao diretor presidente da LBV, com a seguinte mensagem "Ao José de Paiva Netto, com um forte abraço do Rodrigo Alvarez". O exemplar foi encaminhado ao diretor da Legião da Boa Vontade através de seu assessor de imprensa, Luiz Carlos Lourenço. Na oportunidade, Rodrigo Alvarez recebeu um presente especial do arquiteto e artista plástico Reini Freire, que enviou ao escritor um quadro com dezenas de diferentes faces de Jesus, desenhados a lápis de cor. Reini Freire acaba de completar oitenta e seis anos e já retratou centenas de personalidades, com destaque para Chico Anísio, Alcione, Zeca Pagodinho, José de Paiva Netto, Madona, Nelson Mandela, Martin Luther King, Michael Jackson e muitas outras figuras de renome.

 A livraria ficou inteiramente lotada e a noite de autógrafos contou com a cobertura de várias equipes de TV e a presença de nomes conhecidos como os jornalistas Tadeu Schmidt, Alice Maria, Adriana Bombom, o desembargador José Malhcher, Roberta Chagas e muitos fãs do escritor que desde o seu primeiro livro acompanham seus lançamentos. Até agora, Rodrigo já vendeu mais de seiscentos mil exemplares.

Fartamente ilustrado, o livro é resultado de pesquisa que buscou a informação o mais livre possível dos interesses políticos e religiosos aos longo de século. O autor foi aos evangelhos, Atos dos Apóstolos, cartas de Paulo, tratados de patriarcas, livros judaicos, profecias, pergaminhos que os primeiros bispos da Igreja tentaram apagar na fogueira e aos livros gnósticos.

Rodrigo viveu três anos em Jerusalém, de onde partiu para visitas a locais como Sepulcro de Jesus, Gruta da Natividade em Belém, Nazaré, Turquia, Jordânia, Chipre, Mar Morto e rio Jordão. Caminhou pelos mesmos desertos que Jesus, meditou no alto das mesmas montanhas, pisou nas mesmas pedras, entrou nas cavernas de Jericó, tomou banho no Mar da Galileia e subiu ao monte onde a tradição afirma que Jesus fez seu sermão inaugural.

O livro aborda temas como a disputa com João Batista, o papel de Maria Madalena na vida de Jesus e manuscritos que, segundo interpretação divergente da tradição cristã predominante, resultam dos segredos de Jesus revelados a alguns apóstolos. Mesmo quando caminha por passagens conhecidas, o jornalista afirma que busca incluir também as descobertas arqueológicas mais recentes. Alvarez começou a pesquisa sobre temas religiosos em 2011 e desde então publicou livros como Aparecida e Humano Demais.

“Foi o amor que Jesus pregou e praticou que o tornou o homem mais amado da História”, afirmou o escritor falando sobre seu novo livro, O Rio de Janeiro, sua cidade natal, foi mais uma etapa do lançamento do  do autor, que é correspondente da TV Globo na França, em sua turné pelo Brasil. Ele já passou por Manaus, Belém, Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Goiás e Campo Grande (MS), além de voltar agora ao Rio para um evento aberto a todos os leitores. Durante a noite de autógrafos, a sessão foi abrilhantada também pela participação do ator e cantor Cristiano Guardia, que leu alguns trechos do livro e interpretou várias canções que falam sobre Jesus, o Amor e a religiosidade.

Na obra, a partir de uma pesquisa histórica aprofundada, Rodrigo apresenta uma narrativa cronológica sobre a vida de Jesus – começando por seu encontro com João Batista e concluindo com a crucificação. Ao longo de sete anos de pesquisas, o autor coletou informações importantes acerca do Nazareno. “Jesus viveu em um tempo selvagem, como têm sido nossos dias. A sociedade estava corrompida. Por isso, ele revolucionou tudo por meio do amor e por se aproximar de uma parcela mais marginalizada da população”, disse.

Rodrigo contou que, muito à frente de seu tempo, Jesus desafiava o poder econômico e religioso da época em que viveu, acabando por se tornar uma referência espiritual, política e histórica. Estudos mostram inclusive que, mesmo em uma sociedade completamente mergulhada no machismo, ele valorizava as mulheres – informações que podem ter sido perdidas devido às inúmeras interpretações e traduções dos escritos milenares. Ao ser questionado pela plateia sobre um possível casamento de Jesus, o autor é categórico: “Isso mudaria muito pouco ou mesmo nada em tudo que o que ele representou para o mundo. Jesus deixou um legado que nenhum outro ser humano vai ser capaz de igualar.”

O autor ressaltou que não escreveu um livro religioso, destinado a leitores de determinada crença, posição política ou idade. Jesus – O homem mais amado da história é, acima de tudo, um livro cheio de afeto e emoção sobre o ser humano mais amado da história. Nas palavras do próprio autor, “Jesus é um grande homem, que precisa ser conhecido por todos”.

Sim, o rigor da pesquisa, a busca da apuração mais precisa, a investigação incansável em busca das fontes mais confiáveis, tudo posto em benefício do leitor e do espectador – assim é o elo comum a unir as duas atividades que notabilizaram a carreira e o trabalho de Rodrigo Alvarez.

Formado em jornalismo pela PUC do Rio – depois de cursar dois anos e meio de Desenho Industrial, porque “gostava de inventar coisas” – Rodrigo Alvarez resolveu ser jornalista ao ter a convicção de que seria um caminho natural para quem desejava ser escritor e entender (e explicar) o mundo. E este era seu grande desejo.

No sexto período do curso, colegas o convenceram a inscrever-se num concurso para a TV Globo. A emissora selecionava a equipe que inauguraria a GloboNews. Passou nas provas e foi contratado. O começo de sua carreira jornalística, no entanto, não foi na frente das câmeras, como o conhecemos, e sim como editor de imagens.

Mas já mirava ali a função de correspondente internacional. “Desde que comecei no jornalismo, quis ser correspondente. Já tinha viajado para muitos países e o que me interessava na profissão era poder entender o mundo”, disse Rodrigo em depoimento ao Memória Globo.

O sonho começou a virar realidade em 2000, quando o então editor de imagem fez uma aposta audaciosa: vendeu o carro, comprou uma câmera e foi sozinho à Califórnia, durante suas férias, tentar uma matéria sobre a Vale do Silício. Lá, entrevistou jovens profissionais do Google, na época ainda uma start-up com 200 funcionários. Entre os entrevistados estavam os fundadores Sergei Brin e Larry Page.

Ao voltar da viagem, a Bolsa Nasdaq entrou em crise: a chamada bolha da internet estourou e o Vale do Silício virou manchete. O material gravado na Califórnia se transformou em série de seis reportagens no Jornal das Dez, na GloboNews. O repórter vocacionado aparecia ao público.

Antes de virar correspondente internacional, Rodrigo Alvarez produziria reportagens memoráveis, graças a uma combinação virtuosa que sempre valorizou: a audácia e a sorte. “Sem sorte, melhor nem sair de casa”, costuma brincar. O acaso pode não ser decisivo, diz o jornalista, mas é bom estar disposto a ser ajudado por ele.

Exemplo disso foi a cobertura, em 2001, do naufrágio da plataforma P-36 da Petrobas, a 100km da costa brasileira, na região de Macaé, no Rio de Janeiro. Foi também a primeira vez que ele apareceu no Jornal Nacional. Minutos antes do naufrágio, ele, o cinegrafista Eglédio Vianna e o assistente Márcio Couto haviam chegado à plataforma P-24, que dava apoio às operações de salvamento da P-36. Foram expulsos da P-23, mas o helicóptero que os levaria de volta a Macaé demorou a chegar. Foi o tempo suficiente para conseguirem registrar o naufrágio – imagens que percorreram o mundo, já que a GloboNews foi o único canal de televisão que gravou o acidente.

Na virada de 2001 para 2002 foi à Europa para produzir uma série de reportagens sobre a chegada das primeiras notas e moedas de Euro. Entrou ao vivo de Berlim, contando como os alemães haviam recebido a nova moeda. A partir daí, especializou-se de vez em reportagens internacionais, fazendo reportagens para o Jornal Nacional, Jornal da Globo, SPTV e matérias especiais para a GloboNews.

Correspondente internacional
Rodrigo Alvarez virou correspondente internacional em 2006. Seu primeiro destino: os Estados Unidos. Lá, cobriu as eleições norte-americanas, caçou tornados no meio-oeste, acompanhou os desdobramentos da morte do cantor Michael Jackson, cobriu a destruição causada pelo terremoto no Haiti, em 2010. Viveu e trabalhou em Nova York e depois na Califórnia.

Após uma breve passagem pelo Brasil, mudou-se para Jerusalém, tornando-se correspondente da Globo no Oriente Médio. Dali cobriu de perto os conflitos na Faixa de Gaza e, como ele conta no livro Jesus, saiu em muitas viagens rumo aos lugares percorridos pelo homem mais amado da História.

Foram três anos em Jerusalém, período em que mostrou lugares sagrados como também fez reportagens nos campos de refugiados da Jordânia, mostrou a triste rotina da guerra da Síria e cobriu os 50 dias de conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas, num confronto que deixou mais de dois mil mortos do lado palestino e 64 do lado israelense.

Em 2016, assumiu o posto na Alemanha, de onde passou a acompanhar o drama dos refugiados na Europa. No fim do ano seguinte, passou a viver na França, de onde continuou a produzir reportagens especiais para a Globo e a GloboNews.

Os primeiros livros de Rodrigo Alvarez foram resultado de suas incursões jornalísticas – antes de se dedicar às obras de temática religiosa. O primeiro foi No país de Obama, lançado em 2009. No livro, Rodrigo conta como os diferentes americanos que encontrou ao percorrer 18 estados em 18 dias acompanharam a chegada de Barack Obama à Casa Branca, em 2008 – tudo em meio à maior crise financeira em décadas e à disputa presidencial que levaria a nação mais rica do mundo a eleger o primeiro presidente negro de sua história.

Em 2010 lançaria Haiti, depois do inferno. Naquele ano, Rodrigo foi ao Haiti acompanhar de perto a dor e o caos enfrentados pelos haitianos após o terremoto que devastou a já precária infraestrutura do país. Ao longo de 12 dias, o jornalista e escritor cobriu a devastação. Das imagens e relatos produzidos para a Globo nasceu uma narração em profundidade, com sensibilidade, emoção e rigor. Como hábito do jornalista e escritor.