Pesquisar

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Para alegria de seus leitores, o Jornal do Brasil volta a circular neste domingo

De Luiz Carlos Lourenço 
Fotos de divulgação 

Uma das mais conceituadas publicações de nosso país, o Jornal do Brasil é um tradicional jornal brasileiro, que durante décadas, era publicado diariamente na cidade do Rio de Janeiro e circulou como jornal impresso até setembro de 2010, quando se tornou exclusivamente digital. No final do ano passado, a melhor notícia veiculada pela imprensa aconteceu: o querido JB  foi comprado pelo empresário Omar Resende Peres Filho que anunciou a volta de sua versão impressa as bancas neste verão de 2018. E a boa nova se tornou realidade: a partir do próximo domingo, com um excelente time de jornalistas e fotógrafos, o Jornal do Brasil voltará às bancas, com circulação diária.

Mais importante título da imprensa escrita brasileira, o “Jornal do Brasil” será relançado como jornal impresso depois de vários anos em hibernação. De acordo com Omar Peres, empreendedor conhecido mais como do ramo de restaurantes e que decidiu lançar-se no setor de comunicação, faltavam alguns procedimentos jurídicos para desembaraçar o lançamento e agora os entendimentos já foram resolvidos.

O empresário não é exatamente um neófito na área de imprensa. Fundou e dirigiu um jornal diário em Juiz de Fora e tudo indica que o empreendimento de Peres será vitorioso. O relançamento do “Jornal do Brasil” é uma necessidade da democracia brasileira. A chamada grande imprensa escrita, formada pelo Globo, Estadão e Folha de S.Paulo, esgotou a paciência dos leitores brasileiros. Não desempenha o papel normal de jornais enquanto intermediários de notícias. São manipuladores de informação. Seja pelo que escolhem publicar, seja pelo que não publicam, funcionam nas páginas de noticiários como seção opinativa do jornal.

De acordo com Omar, o novo “Jornal do Brasil” procurará ser independente e imparcial na informação e plural na página de opinião, que pretende abrir ao público, notadamente os intelectuais do Rio.

Diz-se que a imprensa escrita está condenada a desaparecer. Omar Catito Perez parece não acreditar nisso porque é da opinião  que é imbatível mesmo é o jornal impresso. O sujeito lê, relê, recorta, leva para a casa ou para o trabalho. Fixa conceitos.

A iniciativa de Omar é do interesse nacional tendo em vista a brecha de opinião independente e noticiário imparcial deixada aberta pela chamada grande imprensa atual. O “Jornal do Brasil” vai acrescentar uma peça para formar um quarteto. Em futuro próximo, é possível que nem seja um quarteto. Os três jornais cariocas, O Globo, Extra e O Dia, de tão ruins, estão quebrando. O leitor está perdendo totalmente o interesse neles. Assim como as revistas, só recuperam algum leitor quanto noticiam escândalos reais ou fabricados. Mas mesmo isso acaba cansando.

Contudo, Omar Peres sabe perfeitamente das limitações do jornal impresso. Ele já não tem um suporte em si mesmo. Precisa, de alguma forma, apoiar-se na internet. Ele deverá fazer isso com o “Jornal do Brasil”. Em todo o caso, espera-se que o Rio volte a ter um grande jornal formador de opinião para concorrer sobretudo com O Globo, atuando numa linha progressista e nacionalista.  Agora é esperar para ver a materialização do sonho de Omar e do Rio.

Segundo a conceituada jornalista e colunista Hildegard Angel, que voltará a escrever no Jornal do Brasil, a expectativa de sucesso do novo JB é enorme:
- O JB pode não ser o campeão em números da circulação muito menos em poderio econômico, mas sempre foi o campeão na formação de opinião junto a um público qualificado e bem informado. Campeão no prestígio da letra impressa para um leitorado exigente, que não se contenta com editoriais impositivos de ideias prontas, pasteurizadas, em que não há espaço para o debate, a dúvida, a controvérsia. É o nosso sempre Jornal do Brasil, o campeão da multiplicidade de ideias, da independência de pensamento, que volta a circular, nas bancas do Rio de Janeiro e por assinaturas, batendo pique também em outras capitais.

Hilde também elogia o primeiro time formado para o novo Jornal do Brasil:
-Teremo o Renato Maurício do Prado, falando de esporte; Jan Theophilo, no Informe JB; Gilberto Menezes Côrtes, o nosso Redator Chefe; Tereza Cruvinel, na Coluna do Castelo; Toninho Nascimento, o Editor de Esportes; Lenise Figueiredo, Correspondente na Europa; Rene Garcia Jr., na Economia; Carlos Negreiros, Chefia do Departamento Fotográfico, Romildo Guerrante, nome histórico do JB, editor de Cidade.

Hilde lembra que na primeira reunião de trabalho, com clareza e simplicidade, Catito se apresentou aos que não o conheciam:
- Ele falou de seu passado empresarial, de sua atuação no setor de mídia, com um jornal em Juiz de Fora e uma afiliada da Rede Globo, ambos projetos bem-sucedidos de que se desfez com lucro. Lembrou de sua passagem pela indústria naval, quando recuperou os estaleiros Mauá. Setor do qual preferiu se afastar devido à sua usual “relação promíscua com o Estado”.

 A colunista lembrou que o Jornal do Brasil era sonho antigo do empresário Omar Peres. O maior dos sonhos. Que enfim conseguiu concretizar. Ele define o JB como “a alma do carioca”, e de si, mineiro, ele diz que possui “alma de carioca”. Por isso, ao deixar Juiz de Fora, voltou a investir no Rio.

A campanha de marketing de lançamento do jornal já está formatada para ser deflagrada agora que o ano inicia, depois do carnaval..

O novo Jornal do Brasil terá um Primeiro Caderno com um mínimo de 16 páginas e um Caderno B com 6 páginas, onde Hildegard Angel assinará sua coluna.

Longa Jornada
Fundado em 1891 por Rodolfo Dantas, com intenção de defender a monarquia recentemente deposta. De nível elevado, contava com a colaboração de José Veríssimo, Joaquim Nabuco, Aristides Spínola, Ulisses Viana, o Barão do Rio Branco e outros como Oliveira Lima, então apenas um jovem historiador. As afinidades da maioria desses elementos com o regime deposto foram sintetizadas por Nabuco como a melhor República possível. O periódico inovou por sua estrutura empresarial, parque gráfico, pela distribuição em carroças e a participação de correspondentes estrangeiros, como Eça de Queirós. O seu primeiro número veio a público em abril. Manteve sua orientação conservadora até que Rui Barbosa assumiu a função de redator-chefe (1893). Nesta fase inicial, o Barão do Rio Branco(1845-1912) colaborou, em suas páginas, com as célebres colunas Efemérides e Cartas de França.

A redação do jornal foi atacada ("empastelada", como se dizia na época) em 16 de dezembro de 1891, dias após a morte do Imperador D. Pedro II, noticiada com pesar em uma edição especial tarjada de negro em sinal de luto.

Por ter sido o único periódico da então Capital Federal a publicar o manifesto do Contra-Almirante Custódio de Melo quando da eclosão da Segunda Revolta da Armada (6 de setembro de 1893), o presidente da República, Floriano Peixoto determinou o fechamento do jornal e mandou caçar Rui Barbosa, vivo ou morto. O jornal permaneceu fechado por um ano e quarenta e cinco dias.

A partir de 15 de novembro de 1894 voltou a circular, sob a direção da família Mendes de Almeida. A opção pela data assinalava o apoio à República, e a sua nova proposta editorial voltava-se para as reivindicações populares.

No início do Século XX, o Jornal do Brasil transferiu-se para um dos primeiros arranha-céus do Rio de Janeiro, na recém-inaugurada Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco).

Mais tarde, o Jornal do Brasil tornou-se propriedade dos Condes de Pereira Carneiro (Ernesto Pereira Carneiro e Maurina Pereira Carneiro) e depois de seu genro, Manuel Francisco do Nascimento Brito.

No início dos anos anos 1950, o Jornal do Brasil vivia uma fase de pouco prestígio. Era conhecido como o "jornal das cozinheiras" por veicular anúncios de serviços domésticos em sua primeira página. Em 1958, o editor Jânio de Freitas foi chamado para modernizar o jornal. A reforma estreou na edição de 3 de junho de 1959. Ao lado dele, o designer gráfico Amílcar de Castro revolucionou o design de jornais no Brasil, com o projeto do novo JB.

Sofreu perseguição da ditadura depois da promulgação do Ato Institucional Número 5, após se utilizar do quadro da previsão do tempo para driblar a censura então imposta pelos militares, o ex-embaixador José Sete Câmara, preso. A proprietária do jornal, condessa Pereira Carneiro, decidiu suspender a circulação do jornal até que Câmara fosse libertado, o que ocorreu poucos dias depois. Seu presidente, Manuel de Brito, foi preso e interrogado em 1970, depois de voltar do México, de uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, onde havia criticado suavemente a censura.

Conforme Jânio de Freitas, o Jornal do Brasil foi o principal jornal durante o regime militar, auferindo muitos lucros ao identificar-se com o regime. Liderou iniciativas de apoio ao regime, utilizando expressões como "milagre brasileiro", "Brasil grande", ou a designação de terroristas a opositores, mesmo não armados. Com a redemocratização, tais ganhos desapareceram e o jornal logo entraria em crise.

Na década de 1970, o JB se transferiu para um novo prédio, na Av. Brasil, 500, em frente ao Cais do Porto. O JB esperava receber uma concessão de TV no início dos anos 1980, mas o presidente João Baptista Figueiredo entregou as outorgas aos empresários Sílvio Santos, que fundou a TVS (atual SBT), e Adolpho Bloch, que criou a TV Manchete.

A dívida do JB se agravou e em 2000 o jornal foi vendido ao empresário Nelson Tanure. Em 2002, a redação deixou o prédio da Av. Brasil e se trasnefriu para o edifício Conde Pereira Carneiro, no mesmo endereço da antiga sede que foi demolida: Av. Rio Branco 110.

Em 2005, o JB instalou-se na "Casa do Bispo", no bairro do Rio Comprido, imóvel histórico e representativo do colonial luso-brasileiro, datado do início do século XVII, que já serviu de sede à Fundação Roberto Marinho.

A partir de 16 de Abril de 2006 começou a circular nas bancas no chamado "formato europeu", um formato maior que o tabloide e menor que o convencional, seguido por diversos jornais daquele continente.

Em 2008 o Jornal do Brasil realizou uma parceria de digitalização com o buscador Google que resultou no livre acesso em texto completo das edições digitalizadas das décadas de 30 a 90, que podem ser acessadas pelo link Acervo histórico digitalizado do Jornal do Brasil

Em 2001, a família Nascimento Brito arrendou o título do jornal para o empresário Nelson Tanure por 60 anos, renováveis por mais 30. A intenção do empresário, conhecido por comprar empresas pré-falimentares, saneá-las e depois revendê-las, era recuperar o prestígio do jornal. Naquele ano, as vendas do jornal eram de 70 mil em média durante a semana e 105 mil aos domingos. Recuperou-se a partir de 2003, atingindo 100 mil exemplares em 2007, quando então as vendas novamente começaram a cair, chegando a 20.941 em março de 2010.

Em julho de 2010, foi anunciado o fim da edição impressa do jornal que, a partir de 1 de setembro do mesmo ano, existiria somente em versão online, com alguns conteúdos restritos a assinantes, o JB Premium. O JB passou a denominar-se O Primeiro jornal 100% digital do País!"

Em fevereiro de 2017, o jornal foi comprado pelo empresário Omar Resende Peres Filho, que prometeu publicar uma versão impressa do jornal com circulação exclusiva no Rio de Janeiro.O empresário assumiu a marca do jornal no dia 22 de dezembro de 2017, e decidiu relançar o Jornal do Brasil em versão impressa em a partir deste domingo, 25 de fevereiro de 2018, que terá periodicidade diária.