De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Daniel Marques
Uma agradável mistura, lembrando o saudoso programa do Chacrinha aliado a um ensaio digno de um quadra de escola de samba e apresentando como grandes vedetes por cima, tendo como vedetes, as performances de verdadeiras estrelas do universo do carnaval.
Assim pode ser definido o espetáculo “Cabaré do Milton”, que foi apresentado ontem na Sala Baden Powell, em Copacabana e que, mesmo numa noite de chuva, superlotou o teatro e acabou como um grande e animado ensaio de carnaval na calçada da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na frente do teatro..
O carnavalesco, uma das mais atuantes figuras do carnaval carioca nos últimos anos, foi quem assinou o roteiro, a direção e a apresentação do show, que fez temporada na Lapa ano passado e que deve voltar nos próximos dias para novas apresentações.
Milton reuniu no show um animado elenco de 22 artistas que promoveram um apanhado do mundo da folia, com direito a uma mini-bateria concurso formada por músicos das escolas de samba Unidos da Tijuca, Grande Rio, e Estácio de Sá, e os cantores Sandra Portela,Thayan, Zé Paulo e Bolinha.
A divertida noite contou ainda com os passistas Marquinhos, um excelente mestre-sala, Diogo da Portela e Du Costa, da Beija Flor. Outros destaques no show ficaram por conta do professor Samuel Abrantes, da UFRJ, que se monta como a divertida Samile(e seu inseparável leque) e ouras atrações como passistas, ritmistas e palhaços.
Mas as duas "cerejas do bolo" da festa foram certamente a dançarina do ventre e excelente passista Camila Reis, de São Gonçalo, que vive atualmente em Dubai e a passista "mirim"(pela sua estatura) Vivian Reis, da Viradouro, as mais aplaudidas da festa.
Durante mais de duas horas, incluindo a comemoração do aniversário de uma senhora no palco(que confessou ao animador que era virgem) o elenco se revezou nos animados números de carnaval que foram apresentados pelo showman, que fez intervenções com poesia de Caetano Veloso, música e suas habituais tiradas de humor:
Antes mesmo do início do espetáculo, Milton aguardou a chegada do público com o elenco para abraços, beijos e muitas fotos, mostrando que ele sabe fazer, como ninguém, uma — uma simbiose entre público e plateia.
— Eu sempre quis ter um espetáculo assim, meio inspirado naquilo que o Cassino do Chacrinha e os saudosos Oswaldo Sargentelli e Luis Carlos Mielle apresentavam. Por isso, decidi criar este show itinerante, numa alegre mistura, revela.
Pelo visto, o Cabaré do Milton veio para ficar e deve continuar para além do carnaval.
GRANDE COMUNICADOR
MILTON CUNHA é uma das personalidades mais populares do Carnaval carioca. Nascido em Belém do Pará, no dia 19 de Março de 1962, é carnavalesco, cenógrafo e comentarista de carnaval brasileiro, tendo comentado em diversos canais de TV, como, por exemplo, a Rede Globo, TVE e Band, os desfiles das escolas de samba e trabalhado na cenografia, para cantores conhecidos em diversos shows, mundo afora.
Milton iniciou sua carreira de carnavalesco na Beija-Flor, onde ficou de 1994 a 1997. Seu primeiro enredo pela escola de Nilopolis foi uma homenagem a "Margaret Mee, a Dama das Bromélias". Em seguida levou para a avenida Sapucai o enredo "Bidu Sayão, o canto de cristal". Depois passou pela União da Ilha com "Fatumbi, a Ilha de Todos os Santos" (1998) e "Barbosa Lima, 102 Anos do Sobrinho do Brasil"(1999), Leandro de Itaquera de São Paulo com "Os Seis Segredos de Ariau" (2001), Unidos da Tijuca com "O Sol Brilha Eternamente Sobre o Mundo de Língua Portuguesa"(2002) e em seguida foi para a São Clemente, onde ficou por dois anos tendo inclusive estreado no Grupo A com o enredo "Velho é a Vovozinha: a São Clemente Enrugadinha e Gostosinha" (2005). Em 2006 com o enredo "Arquitetando Folias", foi carnavalesco da Viradouro e no ano seguinte, continuou no outro lado da "poça", só que como carnavalesco da Porto da Pedra com o enredo "Preto e Branco em Cores". No carnaval de 2008 se afastou, mas foi convidado para participar da comissão de carnaval da São Clemente, mas só elaborando o enredo "O Clemente João VI no Rio: A redescoberta do Brasil".
Em 2009, voltou a ser carnavalesco da Viradouro ("Vira-Bahia, Pura Energia!") e no ano seguinte continuou em Niterói, só que como carnavalesco da Cubango onde criou seu último enredo "Os Loucos da Praia Chamada Saudade". Apartir de 2007 iniciou sua carreira internacional trabalhando no Brazilian Ball do Canadá, Toronto, onde esteve até a última edição do baile, em setembro de 2012. Apartir de 2010 tornou-se o carnavalesco da primeira escola de samba de San Luis: a Sierras del Carnaval realizando os desfiles de 2010 a 2013. Nos últimos quatro anos realizou trabalhos relacionados ao carnaval em Estocolmo, Londres e Johanesburgo. Trabalhou como cenógrafo de Shows em Angola e Brasil, para artistas como Luan Santana e Ney Matogrosso. É o Diretor Artístico dos espetáculos da Cidade do Samba, aonde está desde 2007.
Graduou-se em Psicologia e fez Mestrado e Doutorado na UFRJ em Letras (Ciência da Literatura), sobre a Rapsodia Brasileira de Joãozinho Trinta. Atualmente faz estágio pós-doutoral na Eba-UFRJ, estudando os "Signos de Brasilidade em Rosa Magalhães". Atua também na TV, integrou o programa Primeiro Time na extinta TVE Brasil entre 1999 e 2001, desde 2002, comentou vários desfiles do acesso e campeãs, para a CNT e Band, sendo que na própria Band, esteve como comentarista do Festival Folclórico de Parintins.
Em 2013, foi pra Rede Globo, onde comentou os desfiles da Série A e Grupo Especial. Ainda durante o carnaval, foi acertado sua ida a TV Record, onde foi um dos jurados do Got Talent Brasil e chegou a fazer uma participação especial na novela "Balacobaco". Retornou a Globo para comentar os desfile do Grupo Especial e em 2014 fez um especial para a Copa do Mundo de 2014 no RJTV, chamado de "Me Dá Um Help Aí" e no mesmo telejornal, faz a apresentação da coluna "Enredo e Samba". Continuou como carnavalesco da Sierras del Carnaval e foi coordenador do Campos Folia 2014. Depois de um pouco afastado do Carnaval Carioca no que tange a escolas de samba, Milton retornaria a Viradouro, pelo qual faria pesquisa do enredo.
Em fevereiro de 2015, lançou pela Editora Senac/São Paulo o livro "Carnaval é Cultura, poética e técnica no fazer Escola de Samba". Permaneceu como comentarista do Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro na Rede Globo e exerceu a mesma função no desfile das campeãs, pelo G1. Milton foi escolhido pela nova liga de carnaval: "Associação Samba é Nosso" pra ser o diretor cultural da entidade. Com seu bom humor, inteligência e verve histriônica, Milton Cunha se transformou em um personagem queridíssimo do povo brasileiro Sua página no Facebook tem milhares de seguidores que acham graça e se emocionam com suas crônicas diárias.