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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Aclamada por muitos artistas e fãs Wanderléa lança sua autobiografia

De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Kicko Ribeiro e arquivo pessoal da artista

Com a presença de dezenas de artistas, amigos, familiares e muitos fãs, a cantora WANDERLÉA, um ícone de várias gerações e um dos maiores ídolos do movimento Jovem Guarda, lançou ontem à noite, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, a sua autobiografia, “FOI ASSIM”. A artista encontra-se em excelente forma e, aos 71 anos, mostra que está com vigor e mente renovados.


"Apesar dos anos que passaram, considero que estou na minha plenitude e cheia de frescor, me definindo como uma adolescente que se juntou à alma de uma experiente cigana, brinca”.

 Ao chegar à livraria repleta de fãs, WANDERLÉA foi aplaudida com entusiasmo onde já a aguardavam para saudá-la muitos amigos muito próximos como o ex-cunhado Leleco Barbosa, filho de Chacrinha, acompanhado da mulher, Maninha.

 A propósito, por lembrar o Velho Guerreiro, WANDERLÉA vai ser um dos destaques, no próximo carnaval, no Rio, no carro da família do Chacrinha, tema do enredo da Grande Rio em 2018. A cantora e os parentes de Abelardo Barbosa tem uma relação de muito carinho com ela.


WANDERLÉA foi casada com José Renato, o Nanato, filho do apresentador, que ficou paraplégico aos 21 anos, num acidente na piscina. Eles estavam noivos e a artista ficou sete anos ao seu lado. WANDERLÉA fala sobre o acidente, no livro ontem lançado pela editora Record. Nanato morreu no ano passado, de parada cardíaca. Ele e Wanderléa nunca perderam o contato. As chacretes também sairão num carro alegórico à parte, com Rita Cadillac como destaque.

Entre os nomes de destaque que compareceram ontem à noite à livraria destacavam-se o musicólogo e colecionador Henrique Kurtz, o ator e cantor Beto Caratori, os fotógrafos Thereza Eugenia, Kicko Ribeiro e Sanny Soares, o produtor musical Luka Pereira, os atores Lino Correa e Ismael Santos, o compositor Getulio Cortez(autor de Nego Gato), Andrea Albuquerque, Regina Fritsch, Marcos Oliveira, Creuza Cortez, familiares de Wanderléa, Jade Salim(filha), Janu, Maiana e Wanderlô e a viúva do cantor e compositor Jerry Adriani, Ceila Passos. Estava presente a equipe do Programa Gente Carioca, com destaque para a apresentadora Cida Moraes e o produtor Daniel Chinicz.

Durante a concorrida noite de lançamento, WANDERLÉA recebeu camisas da campanha do Natal Permanente da LBV, com as quais irá fotografar com as filhas Jade e Yasmin em sua casa e também aproveitou para encaminhar um volume do seu livro ao diretor presidente da LBV, jornalista José de Paiva Netto, com a inscrição “ José de Paiva Netto, um beijo da Wanderléa”, dizendo ao jornalista Luiz Carlos Lourenço, da assessoria de imprensa da instituição: “Estou com uma saudade enorme do Irmão Paiva. Gosto muito do trabalho que ele realiza nesta linda obra. Manda meu abraço fraterno a ele”, exclamou.

Por trás do apelido de Ternurinha, apelido que ganhou na época da Jovem Guarda, ela garante que sempre existiu “um furacão”. Aos 71 anos, a cantora Wanderléa tornou-se especialista em confirmar que o apelido recebido não passou de um eufemismo diante da garota de saias curtíssimas, botas de cano alto e uma postura, digamos, rock’n’roll.

A mineira Wanderléa Salim mudou-se para o Rio de Janeiro aos 6 anos e, antes dos 10, desafiava a voz infantil e a rigidez do pai libanês entoando sucessos de Dalva de Oliveira e Linda Batista nas rádios Mayrink Veiga e Nacional. “Eu nunca fui a loirinha obediente escondida atrás de uma personagem”, afirma.

“De um jeito natural, participei de uma revolução de costumes, aplicando meu discurso na prática e na defesa das minhas posições, do direito de cantar o que bem entendesse.” No papel de si mesma, Wanderléa é a estrela de 60! Década de Arromba — Doc. Musical, que, depois de contabilizar 37 000 espectadores em quatro meses no Rio de Janeiro, lotou por várias semanas o Theatro Net Rio, no Shopping Vila Olímpia, na cidade em que a cantora mora desde 1965.

No dia 4 de janeiro, atendendo a centenas de solicitações, o espetáculo volta a Copacabana para uma nova temporada de verão na Cidade Maravilhosa.

O espetáculo, roteirizado por Marcos Nauer e dirigido por Frederico Reder, dispensa a biografia da artista, mas a eleva ao status de ícone de uma geração em meio a fatos comportamentais, políticos e culturais dos anos 60. “A Wanderléa é o maior símbolo do empoderamento feminino do seu tempo em alcance, popularidade e influência nas diferentes classes sociais brasileiras”, justifica Reder.

Entre 24 atores e dez músicos, Wandeca faz oito aparições e interpreta, entre outros hits de seu repertório, Prova de Fogo, Pare o Casamento, Foi Assim e É Preciso Saber Viver.




Na equipe ainda figuram o guitarrista Lalo Califórnia, com quem ela vive desde 1980, e Jadde Salim, de 29 anos, a filha caçula dos dois, que também canta e toca guitarra; a mais velha, Yasmin Flores, de 30, preferiu as artes plásticas, morou um tempo em Paris e trabalha com educação.



“Eu saí da minha zona de conforto de fazer só meus shows nos fins de semana e entrei numa rotina que, de início, estranhei, mas agora vejo que me fez bem”, afirma ela, que participa de cinco sessões semanais, sendo duas no sábado. “No dia seguinte, acordo como se tivesse enfrentado uma noitada daquelas, mas é só voltar ao palco que recupero o fôlego”, completa Wanderléa.



A artista adaptou-se muito bem, obrigada, aos novos tempos e manteve nos últimos anos uma média de cinco shows por mês. Ela também concebeu e produziu, ao lado do marido, o disco Vida de Artista, lançado em dezembro, que revisita a obra da compositora Sueli Costa. “Eu montei um repertório, ensaiamos com a nossa banda e registramos no estúdio do Lalo para depois negociar com as gravadoras”, conta.



O próximo álbum, com direção artística de Marcus Preto e musical de Pupillo, talvez fique para o ano que vem por causa da turnê do musical. Marina Lima, Guilherme Arantes, Erasmo Carlos e Jorge Mautner mandaram canções inéditas.



A  biografia de Wanderléa contou com a colaboração do jornalista Renato Vieira na redação. Com uma caneta na mão, ela encontrou uma forma de desabafar seus dramas pessoais, como a morte do primeiro filho, Leonardo, então com 2 anos, afogado na piscina da casa em que eles moravam, na Granja Viana, em 1984.



“Comecei a escrever sem trégua, dia após dia, para vivenciar o luto e tentar entender por que meu filho teve uma vida tão breve”, afirma, com a voz serena. Em meio às histórias da jovem guarda, da parceria com Erasmo e Roberto Carlos e até de encontros com o cineasta Glauber Rocha, a cantora traz à tona outros episódios que testaram suas forças, como a morte de Bill, seu irmão mais próximo, em 1994.



“Várias vezes me peguei no palco feito boba, surpresa diante das reações do público, e me dou conta de que nunca tive a real noção da repercussão das coisas em minha vida”, diz. “Talvez essa tenha sido a minha salvação.”