Pesquisar

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Hebe Camargo ganha livro de Xexéo nesta quarta-feira



De Luiz Carlos Lourenço 
Fotos de divulgação

Hebe Camargo começou a vida artística como cantora, primeiro em programas de calouros, aos 13 anos, para ajudar a complementar a renda de sua família humilde, que morava em Taubaté; depois em boates, no rádio e na indústria do disco. Mas foi na televisão brasileira que ela se tornou uma grande estrela. E a sua relação com a TV começou antes mesmo desta ser criada: como integrante do casting das Emissoras Associadas, pertencentes a Assis Chateaubriand, Hebe fez parte da caravana do empresário que levou artistas ao Porto de Santos, em 30 de janeiro de 1950, para receberem os primeiros equipamentos do primeiro canal televisivo que Chatô criaria no Brasil, a TV Tupi. Mais tarde, no dia da inauguração das transmissões, Hebe foi escalada para cantar o “Hino da Televisão”.

A artista alegou estar doente e pediu para a amiga Lolita Rodrigues substituí-la. O motivo da ausência de Hebe, no entanto, era outro, e essa é uma das revelações que o jornalista Artur Xexéo faz sobre a vida da apresentadora no delicioso “Hebe – a biografia”, que a editora BestSeller lança em maio.

Com a prosa deliciosa que é a marca de suas colunas semanais, Artur Xexéo convida o leitor a praticamente se sentar na poltrona da apresentadora para ouvir as suas histórias de vida, só que narradas por ele. Durante o ano e meio em que se dedicou ao livro, o jornalista conviveu com alguns dos parentes de Hebe, entrevistou seus amigos e gente que trabalhou com ela e mergulhou nos arquivos de sua trajetória.

Os namoros controversos, o casamento, o filho, o aborto que ela confessou publicamente ter feito, os medos, as cirurgias plásticas, o tipo de comida favorita, o amor pelo pai, os primeiros passos na carreira, o sucesso, os ressentimentos, as brigas, as amizades, as viagens, as críticas políticas que fazia na abertura de seu programa e lhe renderam brigas com o Congresso Nacional e conflitos no SBT; nada de relevante parece ter ficado de fora – embora seja um desafio resumir em menos de 300 páginas a vida de uma mulher que viveu intensamente. Mas Xexéo falou do essencial. E pediu aos amigos de Hebe que a definissem: “cativante”; “extravagante”; “inteira”; “sincera”; “feliz”; “boa de copo e de garfo”; “generosa”; “presenteadora”; “natural”; “boa de briga”; “muita vida numa pessoa só”.

Muitos detalhes
“Hebe, a Biografia”, a obra que conta a história da maior apresentadora da história do Brasil, morta em 2012, teve uma colaboradora muito especial, que abreviou o trabalho de anos do autor. A santista Leonor Teixeira conheceu a ainda cantora Hebe em 1946, quando as duas tinham 17 anos. A artista nascida em Taubaté se apresentava no Cine Atlântico, na Praça da Independência. E foi ali, bem no início da carreira, que ela conquistou sua maior fã. A partir daquele momento, Dona Leonor começou a recortar todas as notícias que saiam sobre sua artista preferida e arrumá-las cuidadosamente em álbuns.

Foram décadas de dedicação e trabalho, a ponto de Hebe nunca se preocupar em organizar as reportagens que saíam sobre ela – ela sabia que sua fiel escudeira zelava por isso. As pastas foram mostradas ao jornalista Artur Xexéo, autor da biografia, pela própria Leonor, que ainda mora em Santos, num apartamento de dois quartos, com três irmãos mais velhos e solteiros, há dois anos. “Não precisei ir à Biblioteca Nacional, ao Arquivo Nacional, nada”, diz o jornalista. “Em duas semanas, tive todas as informações sobre a carreira da Hebe.”


O livro de Artur Xexéo será lançado em 10 de maio. O autor reconhece que, pelo temperamento autêntico da apresentadora, que costumava dividir até suas brigas conjugais com o público durante o seu famoso programa, o livro não tem muitas revelações. Ele é, sim, uma grande homenagem. Talvez por isso Xexéo fez questão de destacar a porção cantora de Hebe – uma frustração da artista, uma vez que a função de apresentadora foi um acidente.

Romances
Mas há episódios curiosos, como quando ela foi substituída em 1950 pela amiga Lolita Rodrigues para cantar o Hino da TV, alegando estar doente. Na verdade, conta Xexéo, Hebe preferiu ficar com o companheiro, e grande paixão de sua vida, o empresário Luís Ramos.

A apresentadora teve uma vida amorosa muito intensa. Entre os affairs, namorou um lutador de boxe americano e foi noiva de um Matarazzo. Seu livro, com capa preta e dourada, fazendo jus à biografada, famosa por usar jóias em profusão, é generoso com sua memória. E escrito por um fã confesso da loira de gargalhada fácil, gestos carinhosos, e humor sagaz. Como o foram milhões de brasileiros ao longo de décadas.