De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Daniel Marques
As duas pistas da Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, foram ocupadas por quase um milhão de pessoas que desfilaram ou assistiram, neste domingo (11), a 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT. Numa tarde quase verão e com os termômetros marcando acima dos 35°C, os oito trios elétricos arrastaram a multidão pela orla ao som de muita música eletrônica, com predominância de funks.
De acordo com os organizadores, mais de 600 mil pessoas participaram da parada este ano, mas a Polícia Militar do Rio não confirmou este total porque já há um bom tempo não faz estimativa de público durante os eventos. Os participantes começaram a se concentrar na Avenida Atlântica na altura do Posto 5 por volta das 13h. Muitas pessoas procuraram as árvores da orla para se proteger do sol forte e do calor.
Mesmo com o policiamento reforçado, foram registradas muitas confusões, principalmente provocado pelos grupos que faziam arrastões para roubar bolsas e telefones celulares. Muitos punguistas foram presos pelos próprios populares e levados pela PM para a 12a. DP, na rua Hilário de Gouveia. Já no final do desfile, aconteceu uma pequena confusão e briga entre os participantes da parada. A polícia foi acionada e controlou os brigões. Em outro ponto, próximo {a rua Figueiredo Magalhães, uma mulher foi algemada e presa pelos PMs após se envolver em uma discussão.
A funkeira Ludmila fez o primeiro show, ainda no Posto 5. A tradicional bandeira do arco-íris, segundo a organização a maior da América Latina – com 124 metros, foi estendida na avenida entre o terceiro e quarto trio. Também se apresentaram as cantoras Lexa, IZA e a DJ Giordanna Forte.
Como faz tradicionalmente desde a primeira parada de Copacabana, a cantora e atriz Jane di Castro cantou a letra inteira do Hino Nacional Brasileiro, sendo muito aplaudida ao final. Durante a parada, muitos participantes vaiaram o presidente Temmer, sendo que alguns carregavam pequenos cartazes contra o governo.
O tema da passeata este ano foi "Eu sou minha identidade" e na agenda política do evento, a luta pela aprovação da Lei João Nery PL 5002/13 – Lei de Identidade de Gênero. O projeto de lei pretende garantir que qualquer pessoa maior de 18 anos possa ser reconhecida e tratada pela sua identidade de gênero nos documentos de registro e possa realizar intervenções cirúrgicas transexualizadoras sem precisar de laudos psicológicos ou jurídicos.
O coordenador do programa Rio sem Homofobia da prefeitura, Carlos Tuffevson, disse que ouviu da nova administração municipal que haverá manutenção do programa, mas que prefere esperar para ver se a prefeitura, com Marcelo Crivella como o prefeito eleito a partir de 2017, irá patrocinar o evento.
"Eu não tenho porque achar que ele vai descumprir a palavra dele. Não tem nada que me diga que ele vá descumprir. Mas a gente tem que esperar. Assim como as campanhas contra a homofobia, as campanhas de prevenção à DST e Aids. Eu não tenho como achar que ele vai ou não vai fazer a manutenção disso porque todos os prefeitos têm que fazer", afirmou Tuffevson.
A Parada do Orgulho LGBT Rio é realizada há 21 anos pela ONG Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT. De acordo com a organização, o objetivo principal é levar para as ruas pessoas que lutam por direitos iguais, que combatem a intolerância, o preconceito e o ódio, dando voz àqueles que por tantos anos viveram à margem da sociedade.
“Há 12 anos a ‘Ação, Orgulho e Cidadania’ tem o objetivo de criar uma maior aproximação com a sociedade e a comunidade LGBT, promovendo serviços essenciais e informações úteis sobre direitos e saúde.
Neste ano houve a distribuição de folhetos com dicas de saúde, de camisinhas masculinas e muito mais. Ao todo, foram distribuídos gratuitamente 400 mil preservativos”, explicou Marcelle Esteves, vice-presidente do Grupo Arco-Íris.
A Parada também contou com três postos médicos, 10 ambulâncias, representantes do Conselho Tutelar, Órgãos de Segurança, 220 garis da Comlurb, 150 banheiros químicos, 200 seguranças particulares, 300 policiais militares e cinco torres de observação para a PM. As 12ª e 13ª Delegacias de Policia, para atender os casos de prisão de punguistas, necessitou fazer reforço em suas unidades.