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quinta-feira, 16 de abril de 2015

POR QUATRO HORAS, ZEZÉ MOTTA GRAVOU
UM DEPOIMENTO SOBRE A SUA CARREIRA 


Texto e fotos de Luiz Carlos Lourenço

Além das coleções doadas ou adquiridas, o Museu da Imagem e do Som(MIS)produz, desde 1966, a sua própria coleção: Depoimentos para Posteridade, constituída a partir da gravação, em áudio e vídeo, de depoimentos prestados por personalidades vinculadas aos diversos setores da cultura. São mais de 1.100 depoimentos que perfazem aproximadamente quatro mil horas de gravação, disponíveis para consulta nas duas sedes do museu. 
Na tarde desta quarta-feira, coube à atriz e cantora ZEZÉ MOTTA prestar seu depoimento, quando por cerca de quatro horas falou de sua exitosa carreira, contando pormenores de sua vida e os dos sucessos colhidos ao longo de seus 70 anos de vida, desde sua infância, dissertando sobre tudo que produziu e atuou no cinema, no teatro e na TV.

O ator e diretor Ivan Alves com Zezé Motta


O depoimento de Zezé contou com a presença de dezenas de jornalistas, músicos e fãs da artista, que interagiu com tranquilidade  narrando fatos curiosos de sua carreira, entusiasmando seus entrevistadores, Érica Prado (jornalista); Iléa Ferraz (atriz, artista plástica e diretora); Ivan Alves (ator e diretor) e Rodrigo Faour (jornalista e escritor).
Zezé  começou sua carreira como atriz em 1967, estrelando a peça “Roda-viva”, de Chico Buarque, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Como cantora, em 1971, apresentou-se como crooner das casas noturnas Balacobaco e Telecoteco, ambas em São Paulo. Sua estreia no Rio de Janeiro foi com um show no MAM, produzido por Guilherme Araújo.
Natural de Campos, interior do RJ, Zezé Motta nasceu Maria José Motta de Oliveira, em 27 de junho de 1944. Com apenas dois anos, ela mudou-se com a família para o Rio de Janeiro e, mais tarde, chegou a frequentar a escola do teatro Tablado.


De 1975 a 79, lançou três LPs: “Gerson Conrad e Zezé Motta”; “Zezé Motta” e “Negritude”. Nos anos 80, lançou mais três trabalhos como cantora: “Dengo”, “Frágil força” e, com Paulo Moura, Djalma Correia e Jorge Degas, “Quarteto negro”. E não parou por aí. Apresentou-se, representando o Brasil, a convite do Itamaraty, em Hannover (Alemanha), no Carnegie Hall de Nova York (EUA), França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal.
Como atriz, participou dos filmes “A rainha diaba”, “Vai trabalhar, vagabundo”, “A força de Xangô”, “Xica da Silva”, filme que a consagrou internacionalmente e pelo qual recebeu vários prêmios, “Tudo bem”, “Águia na cabeça”, “Quilombo”, “Jubiabá”, “Anjos da noite”, “Sonhos de menina-moça”, “Natal da Portela”, “Prisioneiro do Rio”, “Mestizo”, “Dias melhores virão”, “Tieta”, “O testamento do sr. Napumoceno” e “Orfeu”.
Em televisão, atuou nas novelas “Corpo a corpo”, “Pacto de sangue”, “A próxima vítima” e “Corpo dourado” e nas minisséries “Memorial de Maria Moura” e “Chiquinha Gonzaga“, da Rede Globo, nas novelas “Kananga do Japão” e “Xica da Silva”, e na minissérie “Mãe-de-santo”, da Rede Manchete.


Destacam-se, entre seus maiores sucessos como cantora, suas gravações de “Dores de amores” e “Magrelinha”, canções de Luiz Melodia, “Trocando em miúdos” (Chico Buarque e Francis Hime), “Prazer Zezé” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), “Crioula” (Moraes Moreira) e “Senhora Liberdade” (Wilson Moreira e Nei Lopes).
Zezé Motta foi casada algumas vezes e, ao longo de sua vida, adotou cinco meninas e um menino : Luciana, Nadine, Sirlene, Carla, Cíntia e Robson. É também avó de Luíz Antônio, filho de Nadine, de Heron e Loma, filhos de Sirlene, e de Isadora, filha de Luciana.

FINAL COM FLORES

A apresentação de Zezé Motta na tarde de opntem foi iniciada pela diretora do MIS, Rosa Maria Araujo, que antes de chamar a artista, falou da próxima transferência da sede do museu da Praça XV, no Centro do Rio, para o o novo prédio, o que deve acontecer logo após o carnaval, no espaço onde funcionou, por muitos anos, uma antiga uma boate de Copacabana, a Help. Ela explicou que a nova sede do MIS vai abrir nas noites de sábados e domingos como um opção de lazer e cultura para quem mora ou visita aquele trecho de Copacabana e que o espaço também abrigará o acervo de Carmen Miranda. 

Luiz Carlos Lourenço e Zezé Motta

Segundo explicou, –mais do que uma opção de lazer, a implantação do MIS em Copacabana será a forma de modernizar e ampliar a oferta de seu acervo, como arquivos valiosos, partituras importantes, fotografias célebres.– Em seus  50 anos de existência, o MIS procura cumprir seu compromisso com nossa história que é bonita.  Rosa Maria é autora do musical Sassaricando, em parceria com o jornalista Sérgio Cabral. Carioca e historiadora, ela é também carnavalesca e já foi jurada dos Desfiles das Escolas de Samba.
Ao final do depoimento de Zezé, Rosa Maria fez questão de entregar pessoalmente à artista um ramo de flores agradecendo sua participação na série Depoimentos para a Prosperidade.