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quinta-feira, 15 de maio de 2014

VITORIA VIRTUS, O CANTO QUE SÓ BROTA DA ALMA....





DE LUIZ CARLOS LOURENÇO
FOTOS DE DANIEL MARQUES
                           

Ela entrou na minha vida em plena praça, num domingo de sol, como um presente de aniversário, levada por dois excelentes músicos e cantores, Wilson Fofão e Joel Bryant. Foi ali que ela se instalou no meu coração, com sua gargalhada gostosa, seu carisma e seu canto do tipo "abre o peito".. E do meu coração nunca mais saiu. A moça  chegou no meio do verde, como quem não quer nada, e se juntou a outros artistas, como as cantoras Eliana Pittman e Telma Tavares, e a modelo e sempre linda atriz Adele Fátima, num novembro do ano passado, para comemorar meus 71 anos. E a partir dali a bomba do seu talento já estava detonada no meu peito...
Naquele dia mágico fui apresentado a Vivi, Viviane Fontoura, ou, para ser mais direto, a VITÓRIA VIRTUS, aquela que considero a versão feminina e envolvente do Bom Bril, que tem mil e uma utilidades, além do seu canto envolvente. Ela é " pau para toda obra" como nossos avós falavam, principalmente nas questões que envolvem a ajuda ao próximo  e a valorização de uma amizade.


A festa de comemoração rolava em plena Feira de Antiguidades da Gávea, na Praça Santos Dumont, o miolo do conhecido "Baixo Gávea". Não que VITÓRIA VIRTUS  fosse uma antiguidade, pelo contrário, mas por se considerada por quem a conhece como uma verdadeira  uma jóia rara, uma peça super disputada por todos, tal a sua preciosidade. 
Assim que pegou o microfone, VITÓRIA VIRTUS vendeu o seu peixe, cantou muito, passeou por pérolas da música brasileira e mostrou que quando se trata de cantar bem e com o coração ela é do time "É nóis, é com a gente".
Vitória ainda não tem um CD para venda, não agendou shows programados para grandes casas de espetáculos, mas onde ela chega, solta a voz e arrebenta. Aí é que ela toma conta, arrasa com seu talento e mostra o que é saber cantar bem, e com o coração... Ela não tem repetitório, tem repertório, e de um refinado bom gosto...
Acreditando acima de tudo em Deus, Vitória se define como uma pessoa que acredita no amor verdadeiro, que possui caráter, índole, muito sincera, transparente, amiga, fiel e desejo sempre fazer novas amizades. Curiosa, diz que vive estudando as doutrinas de  de Allan Kardec, Seicho-No-Ie e  Sai Baba.


Além de inúmeras atividades ligadas a Ong's e obras ´de amparo social, Vitória trabalha numa repartição federal, faz traduções, gravações de jingles  e também atua como  Guia de Turismo, mas o que mais a deixa feliz são os momentos em que se dedica à música:
"Desde pequena sempre gostei de cantar, eu e minha irmã Eliane fazíamos uma dupla, nossos pais nos deram um violão, minha irmã ainda “tirava” uns acordes, mas eu achava que não dava para isso, não tinha paciência. Sempre fiz parte dos festivais das Escolas, interpretando músicas das pessoas que as compunham. Tinha aula de música na escola e o primeiro instrumento escolar que ganhei foi uma flauta doce. Com o decorrer do tempo meus pais me deram um órgão elétrico da estrela, nossa, fiquei fascinada! O tempo foi passando e meu pai Humberto como um bom nordestino, queria que eu tocasse pra ele a música "Asa Branca" de nosso saudoso Luiz Gonzaga, me dando novamente mais um presente, uma sanfona vermelha.
Vitória diz que, quando menina, era muito magrinha e não aguentava nem o peso da sanfona.
"Acho que  a única música que toquei mesmo num acordeon foi a Asa Branca, pois morria de vergonha “daquele” instrumento, pois era criança e não tinha noção de que como ele iria me beneficiar com o decorrer do tempo. Infelizmente por falta de maturidade me desfiz dele, deixando meu pai muito triste.


Ela lembra que por cinco anos, fez parte do Coral Socius regido pelo  Maestro Israel Menezes:
"Acredito que só saí do coral porque não executavam  Música Popular Brasileira, somente clássicos e folclóricas,e o que eu queria mesmo era cantar MPB. Foi quando me deram a dica que na Biblioteca Nacional havia um coral que apresentava cantava vários estilos e por sorte minha MPB também e mais uma vez fui em busca do que eu realmente queria cantar.  Ela lembra que fazendo um teste para descobrir a tonalidade de sua  voz, o maestro disse que ela tinha voz de Contralto.
"Fiquei arrasada, porque durante os 5 anos que cantei no Coral Socius eu cantava como soprano e tudo o que havia aprendido foi no tom de Soprano, passando a ter dificuldades para cantar no meu “novo” tom. O maestro disse que raras eram as mulheres que depois que têm filhos, podiam  mudar a tonalidade da voz e eu fui uma delas. Não me adaptei com o “tal” tom e acabei desistindo do Coral. O tempo foi passando, mas não desistia do meu sonho, que era cantar MPB.




NOS BAILES DA VIDA



Vitória diz que, por ser uma pessoa boêmia e viver nos bailes da vida, acabou  conhecendo vários músicos e montou sua primeira banda, quando fez seu primeiro show n um Restaurante chamado Italianinho em Copacabana . O show se  chamava “Vivi Hair Acima das Estrelas”, com muita pretensão minha, mas foi um sucesso, porque a sua banda contratada para cantar fixo nesse Restaurante. 


Vitória escolheu o nome da banda incluindo a palavra Hair porque era fascinada pelo filme:
"A banda recebeu esse posudo nome artístico HAIR porque eu tinha assistido 32 vezes o filme, que marcou muito minha juventude, o que a fez, certa vez, a entrar uma vez no Cine Joia na primeira sessão e saír somente na última. O tempo foi passando e a banda se desfez, mas daí não parei mais, cada hora montava outra. Com tantos lugares que nos apresentávamos conhecemos um empresário e queria nos levar para a Itália, fiquei muito feliz, mas antes de partir fui ao médico para ter certeza de uma coisa e realmente estava certa, estava grávida, fiquei com medo de ir para um país sem conhecer ninguém, pois era mãe de primeira viagem e ainda gerando meu primeiro filho, que se chama Bruno e hoje está com 25 anos, desisti de ir. 


Vitória lembra que mesmo com a maternidade, seu  sonho de viver de música continuou, mas sempre manteve seus pés no chão e sabendo  que o dinheiro que ganhava não dava para sustentar seu filho:
"Naquela época, eu trabalhava de dia em uma produtora cinematográfica chamada Corisco Filmes e meu chefe,   o Cineasta Roberto Moura, um homem bom me apoiava e ainda filmava meus shows, junto com o amigo Henrique Sodré, lembro que utilizavam  aquelas filmadoras Arriflex, própria para filmar filmes de longas e curtas metragens e eu me sentia uma estrela.    Durante muito tempo, eu conservei um bom material de memória da época, fitas em VHS, com reportagens nos jornais e matéria especial no Jornal de bairro Copacabana, mas, durante uma das mudanças que fiz, esse caixa de memórias foi perdida, só podendo guardar na memória essas boas lembranças vividas.


A artista que com o filho Bruno crescendo muitas vezes, levava ele consigo quando ia se apresentar:
" Para cantar e ficar de olho nele, juntava duas cadeiras e ele dormia enquanto eu cantava. Consegui montar outra banda, comecei a engrenar de novo, novo empresário e novamente mais uma nova surpresa:  quando ia começar a decolar, estava grávida de gêmeos, Guilherme e Gustavo, hoje com 22 anos, lá foi meu sonho mais uma vez colocado na geladeira.



TRÊS FILHOS 


Ela lembra que como os dois pais dos seus três filhos  nunca ajudaram em nada na criação dos mesmo, e ela acabou sendo mãe e pai ao mesmo tempo:
"Nunca decidi por colocá-los na Justiça, por achar vergonhoso um homem ter que ir para a frente de um juiz para cumprir com suas obrigações. Por isso, acabei criando, educando e sustentando meus filhos sozinha, mas sendo sempre amparada por minha mãe Maria, minha irmã Christiane e meu cunhado Carlos, por nós carinhosamente chamado de Sequinho,  tive que deixar meu sonho para mais tarde . O tempo foi passando mas o sonho de ser artista nunca morreu e sempre que possível  cantava em um barzinho, numa festa, com amigos.  Foi quando resolvi fazer um novo show, mas queria mudar meu nome artístico Pedi à minha mãe Maria para escolher um novo nome para mim e ela acabou encontrando o Vitória Virtus num Dicionário de Mitologia Greco-Romana e lá o encontrou. Segundo a inspiração da mãe, o Vitória veio do nome latino Nike. 



Filha do titã Palas e de Estige. Segundo outra versão era companheira de Minerva. Personificava o triunfo guerreiro. Participava também da vida civil, presidindo os jogos ginásticos, as artes e os trabalhos artesanais. Era representada sob os traços de uma mulher alada, portando uma palma e uma coroa, símbolos da vitória. Voando com grande rapidez, guiava deuses e heróis em suas façanhas. E eu já adorei a idéia destge nome. Quanto ao Virtus, descobrimos que significava uma divindade alegórica romana, associada a Honos. Personifica a virtude guerreira. É retratada como uma mulher severa e altiva, portando numa das mãos uma lança e na outra uma espada. Foi aí que percebi que os dois nomes tinham tudo a ver comigo, pois eu era atleta, praticava vários esportes, ginástica olímpica, jogava futebol de areia, vôlei, basquete, pegava onda, além de ser batalhadora e guerreira, adorei. e fiz a estréia do novo show com novo nome artístico, eu era agora a VITORIA VIRTUS.


Ela disse que o novo nome lhe deu sorte, o show foi maravilhoso, mas realmente teve que cair na real, porque com a música não conseguia pagar suas contas e teve que deixar seu sonho de cantora adormecido, mas não desistiu, e quando a  chamavam para cantar em aniversários, eventos e barzinhos lá estava a VITORIA VIRTUS em cena. 
Em suas mais recentes apresentações, VItoria fez há alguns meses 
um show no Clube Israelita Brasileiro/CIB, em Copacabana, ao lado do grande cantor Dover Manifold, filho do saudoso cantor Cyril Dover Manifold, que cantou ao lado de grandes cantores como Frank Sinatra e Nat King Cole.
"Este nosso show foi um sucesso, marcante, com certeza inesquecível, pois até hoje sempre encontro alguém que o assistiu e diz que precisamos fazer outro. Hoje estou com meus 51 anos e pretendo fazer um mega show que fique na história de minha vida e das pessoas. Sei que o meu meu sonho de viver da música não acabou, pois a vida é uma caixinha de surpresas, mas tenho a certeza de que cantar é um dom que Deus me deu e quando eu canto me transporto para um lugar de outra dimensão."