AUSENTE DO PALCO, MAS SÓ POR ENQUANTO...
![]() |
Fotos de divulgação |
Texto e fotos:
Luiz Carlos Lourenço
"Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade”...
Foi com este espírito que dezenas de amigos se reuniram ontem em Ipanema na Casa de Cultura Alvaro Alvim, em Ipanema para participar do espetáculo "Elas cantam Lorna", organizado em prol do ator transformista, Celso Paulino, internado há várias semanas no Hospital de Ipanema recuperando-se de complicações na perna em decorrência de infecção provocada por diabete.
Como Celso Paulino pouquíssimas pessoas o conhecem, mas como LORNA WASHINGTON, destaca-se em todo o Brasil e no exterior como um dos pioneiros precursores das drag queens no Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira há mais de 40 anos.
No show, a apresentadora Meime dos Brilhos iniciou a apresentação lembrando que Lorna sempre satirizou as divas brasileiras, como Maria Bethânia, Elza Soares e Dercy Gonçalves e recordou que seu nome é uma homenagem a uma das filhas da atriz e cantora Judy Garland e a uma amiga, que na época vivia na capital dos Estados Unidos.
Meime recordou ainda que Lorna sempre se destacou no apoio de campanhas humanitárias e que ela foi das fundadoras da banda Carmem Miranda, além de ter participado da inauguração dos primeiros espaços cariocas destinados exclusivamente ao público GLS.
Mesmo sem ter podido comparecer ao baile devido à sua internação, LORNA foi escolhida este ano como a Rainha do SCALA GALA GAY, na Cinelândia, e recebeu no próprio hospital a faixa e a coroa da premiação pelo título, das mãos do diretor artístico da festa, Ricardo de La Rosa. Sempre atuante nas campanhas de prevenção à Aids e na luta pelos direitos dos homossexuais, Lorna também participou em toda a sua carreira da luta contra a homofobia.
Amigos presentes ao show solidário lembraram que na carreira de Lorna, um de seus shows mais aplaudidos foi realizado na boate Papagaio, em meados da década de 80, com a direção de José Walter Girão de Melo. Recordaram ainda que seu sucesso não se limitou ao Brasil. Em 1996, Lorna Washington se apresentou nas principais capitais americanas. Em seus trabalhos, a drag queen sempre reverteu parte da renda em doações para grupos de Apoio à Prevenção da Aids.
APOIO DOS AMIGOS
Numa das ocasiões em que se dirigiu ao público, a apresentadora Meime dos Brilhos lembrou que o espetáculo que o público estava assistindo não visava apenas o fato de auxilio financeiro à colega hospitalizada:
"É uma noite de homenagem a Lorna, mas também uma noite de amadurecimento em prol da cultura brasileira. Este evento é o primeiro da associação dos artistas da noite LGBT, estamos começando num momento de dor, mas com a intenção de chegarmos à felicidade. A arte é isso, dor e sofrimento para pensarmos em felicidade e hoje nada melhor do que música e alegria para falarmos de amizade, da nossa amizade.
Vários artistas do eixo Rio e São Paulo se apresentaram no show, destacando-se Desirée, que interpretou dois números lembrando a cantora americana Cher, além dos músicos e cantores Aline Ramos, Michel Feliciano, Cristina Grecco, Rachel Araujo, e Elza Ribeiro. De São Paulo, veio especialmente para participar do show a performer Marcela Nascimento, aplaudidísima ao interpretar a cantora baiana Maria Bethânia, cantando e declamando. A cantora Nana Kozak, antes de cantar uma música de Chico Buarque que costuma ser cantada por Lorna Washington, lembrou passagens interessantges da vida das duas artistas, que se conheceram numa casa noturna na Praça da Bandeira.
Durante o show, o produtor Almir França, fez um emocionado pronunciamento de homenagem a Lorna Washington, lembrando o valor da artista para a noite gay brasileira. Estilista há mais de 20 anos, destaca-se como um ativo militante do movimento LGBT do Rio de Janeiro, da Parada LGBT de Copacabana e de uma outra séries de eventos.
"esta encontro não aconteceria se não tivéssemos os apoios culturais, como o das casas noturnas do Rio, representadas aqui pelo diretor da Le Boy, Gilers Lascar e por tantos amigos. Nosso reconhecimento sincero ao Grupo Arco Iris, ao Governo do Estado, através da Funarj, à turma OK, ao Programa Rio sem Homofobia, Café Três Corações, Rosemberg Eventos, à Secretaria de Cultura e à diretoria da Casa de Cultura Laura Alvim. Com o que arrecadamos, conseguimos manter pelo menos mais cinco meses do pagamento do plano de saúde da Lorna, que agora precisa da gente, mas vai certamente logo voltar a brilhar nos palcos da noite brasileira.
Almir lembrou que certamente outros espetáculos de apoio a Lorna deverão ser realizados, em datas e locais a serem posteriormente divulgadas.
O AGRADECIMENTO NO FINAL
Quando o público já se preparava para deixar a sala de teatro, todos foram surpreendidos pela voz inconfundível de Lorna Washington, que, numa gravação, agradecia a presença de todos:
"Pessoal, não tenham ideia da felicidade que me deram ao comparecer ao meu show. Estou melhorando e logo estaremos reunidos, com certeza. Aviso que não cortei a perna, estou só fazendo uma plástica nela e vou aproveitar para botar bunda e peito. Talvez aproveite para colocar até uma xereca. Quanto ao cabelo, não tem jeito mesmo, só botando fogo na cabeça para arrancar tudo de vez. Aproveito a oportunidade para agradece a vocês e ao Ricardo de La Rosa por terem me escolhido com a Rainha do Scala Gay. Amei a ideia, isso foi muito bom para aumentar a minha auto-estima e saber o quanto ainda sou amada pelo meu público.