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quarta-feira, 31 de julho de 2019

'Lágrimas', quinta, 01/08, na Casa do Choro, com Paulo César Feital e Lucas Bueno

O álbum "Lágrimas", que será lançado na Casa do Choro, dia 01 de agosto, às 19h, quase um manifesto à cultura nacional, utiliza-se dos principais estilos brasileiros como o samba, o baião, o choro, a marcha, o jongo e a toada, para mostrar todo o colorido do cenário mais legítimo do Brasil contemporâneo, espelhando as preocupações, opressões e, missionariamente, alertando e denunciando as dores e o dia a dia de sobrevivência do nosso povo", segundo Hugo Sukman. Ainda pegando carona no texto com que Hugo agraciou o duo: "- Como surpresa, duas obras da dupla em parceria com João Nogueira, pós morte, o jongo "Setembrina" e o baião "Pão com Goiabada".

Pão com goiabada (João Nogueira/Lucas Bueno/Paulo César Feital)
"Desabou feito crime na calçada /Expirou feito anjo sem perdão/ Fez o povo parar a caminhada/ E o transito andar em procissão/ E tão novo era o novo da facada/ Quanto o corpo sem alma no portão/ Na bochecha da vida abandonada/ Tinha um beijo materno de batom/ E nas mãos preso um pão com goiabada/ O motivo maior da discussão/ Tão menino era o dono da estocada/ Que nem bem assistira a comunhão/ Com as mãos numa árvore algemadas/ O guri homicida olhava o chão/ E contava as saúvas perfiladas/ Com pedaços de goiabada e pão/ Só havia no olhar fome esganada/ Nem remorso, nem pranto ou compaixão/ De repente uma multidão criara/ A novela da indignação/ Uma freira ficara cara a cara/ E cuspira na cara do ladrão/ E o olhar da criança transbordara/ E a saliva lhe dera extrema unção/ E a turba irada desatara/ Do isolamento o laço do cordão/ E a polícia gritava: Para, para!/ E a horda cristã parava não/ E o boneco guri desencarnara/ Com uma fome de goiabada e pão/ De manhã a manchete anunciara/ A desgraça é a merenda da nação".

Outra das belas composições, em sua maioria que retratam o turbulento momento político de nossa Nação, uma homenagem a Darcy Ribeiro em "Samba pra Darcy". "Dom Pedro das Flores", relembrando um personagem marcante das noites cariocas, é outra pérola de originalidade. Abaixo, a letra do "Samba pra Darci".

No lançamento, dia 01 de agosto na Casa do Choro, Lucas e Paulo irão contar com a participação especial da cantora Nina Wirtti, e dos músicos: Patrick Angello (violão 7 cordas), Rubinho Jacob (violão 6), Tomaz Reta (flauta) e Marcus Thadeu (percussão). Ingressos: inteira a R$55,00, meia a R$28,00. O pagamento na bilheteria, que estará aberta a partir das 11h, deverá ser feito somente em dinheiro. Classificação livre. O endereço da Casa do Choro é Rua da Carioca, 38 - telefone 2242.3597.

Os compositores
Poetas, compositores e artistas sempre preocupados com os rumos do país, não se incomodam de mostrar a cara mesmo em tempos tão conturbados. Paulo César Feital é parceiro de João Nogueira, Nelson Cavaquinho, Hélio Delmiro, Jorge Aragão, Guinga, Menescal, Altay Veloso, Luiz Eça e Claudionor Cruz, dentre outros. Tem dois "Estandarte de Ouro", prêmio criado pelo jornal O Globo, pelos sambas da Viradouro ("Alabê de Jerusalém") e Mocidade Independente de Padre Miguel (homenageando Marrocos). É um dos autores de "Saigon", hit de Emílio Santiago, e já gravou com nomes como Alcione, Beth Carvalho, Nana Caymmi, etc.. .

Lucas Bueno, um dos talentos da nova geração, pianista, e violinista, é parceiro de Ana Terra, Moyséis Marques, Chico Alves, Iara Ferreira, Joana Hime e Maria Vilani (mãe do cantor e compositor Criolo). E tornou-se parceiro de João Nogueira nas duas canções que constam do álbum "Lágrimas", que está lançando com Feital.

Samba pra Darcy Ribeiro (Lucas Bueno/ Paulo César Feital)
"Sou brasileiro /Genuinamente batuqueiro/ Gosto mesmo é de tocar pandeiro /Não me chamem pra porrada /Não me chamem pra salseiro/ Gosto é de jogar pelada /De abraçar meus companheiros /Tenho a alma enamorada /Como a de Darcy Ribeiro/ Tenho um samba da pesada /Da Mangueira, do Salgueiro Na Portela, Mocidade /Eu sou Brasileiro Sou brasileiro/ Anarquista e meio desordeiro /Mais Chalaça que Pedro I Mais cachaça, mais moela /Mais costela no braseiro/ Que Paris à luz de velas /Por isso me metem o malho/ Se a Europa é tão bela/ O Brasil é do caralho/ Índios, gays, mulheres, negros /Sob o céu desse cruzeiro /É preciso resistência /Em solo brasileiro"

Foto divulgação: Denilson Siquei