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sábado, 28 de abril de 2018

Em fórum, povos indígenas 'ensinam' que água deve ser reverenciada

Sessão especial do 8º Fórum Mundial da Água sobre Culturas de Água dos Povos Indígenas da América Latina.
Por: Agência Brasil

Fotos: Valter Campanato/Agência Brasil

As comunidades indígenas de países sul-americanos defenderam a preservação dos rios e montanhas durante o 8º Fórum Mundial da Água

Tratando a água como um membro da família e como algo sagrado a ser conservado para as próximas gerações, as comunidades indígenas de países sul-americanos defenderam a preservação dos rios e montanhas durante o 8º Fórum Mundial da Água.

Sessão especial do 8º Fórum Mundial da Água sobre Culturas de Água dos Povos Indígenas da América Latina.
A brasileira Maria Alice Campos Freire, do Conselho Internacional das Treze Avós Indígenas, explicou que os povos indígenas da Amazônia sempre tiveram uma relação de respeito com a água, que é passada de geração para geração desde os ancestrais. Na educação tradicional, a água, conta, é reverenciada e, antes de se pensar no consumo, deve ser observada como algo "que devemos reverenciar".

"Esse conhecimento a gente passa para as filhas. Quando eu eduquei as minhas, sempre tinha um dia da semana em que saíamos sempre muito cedo, de manhã, sem falar nada. Íamos em silêncio à beira da água cantar para ela, louvar à agua, como forma de agradecimento à pureza e nossas relações", disse.

Na tarde de quarta-feira, 21, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a sessão especial Culturas de Água dos Povos Indígenas da América Latina foi coordenada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Vinda da Guatemala, a indígena Ana Francisca Pérez Conguache, da etnia Poqoman, de origem maia, é coordenadora da Rede de Mulheres Indígenas. Ela relata que enquanto a maioria só pensa na água para o consumo humano vinda em tubos, as comunidades indígenas sabem que esse bem vem das montanhas.

A coordenadora da Rede de Mulheres Indígenas Ana Perez Conguache fala durante a sessão especial do 8° Fórum Mundial da Água sobre Culturas de Água dos Povos Indígenas da América Latina.

"Mas quem conserva os rios, os mananciais? Ela é sagrada. (...) Pertenço à floresta [na Guatemala], onde há 75 nascentes de água que são conservadas pelas mulheres e homens", afirmou.

Já Freya Antimilla, representando os povos Mapuche, do Chile, defendeu que as respostas para os recentes descompassos com a natureza, especialmente relacionados à água, estão nos povos originais. "A água é vida. É a nossa mãe, é a nossa vitalidade e o equilíbrio com os elementos da Terra, com os próprios elementos dessa natureza. É equilíbrio da nossa maneira de viver com esses elementos. A escassez da água e todos problemas que estamos vivendo e crescem cada vez mais nasce desse desequilíbrio: só tirando, tirando, tirando. Sem dar importância e deixando a biodiversidade de lado", criticou.

Ao responder a perguntas da plateia, Maria Alice Campos Freire, do Conselho Internacional das Treze Avós Indígenas, citou que o Fórum Alternativo Mundial da Água, que também ocorre na capital federal, está construindo o um "dossiê" com as histórias de terras indígenas e "santuários da natureza" que estão sendo ameaçados por diversos setores. Ela citou como exemplo as Terras Indígenas Évare I e II, no Alto Solimões, onde os povos indígenas estão sendo "assassinados" e as mulheres, raptadas.