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segunda-feira, 5 de março de 2018

Tonia Carrero teve o seu velório no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com aplausos e inúmeras homenagens

De Luiz Carlos Lourenço 

O corpo da atriz TONIA CARRERO, um dos maiores ícones da Tv e do teatro brasileiro, foi velado na tarde deste domingo (4) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no Centro da cidade. O velório, programado para durarar cerca de oito horas de duração,  se prolongou até as 22h com a presença de dezenas de artistas e muitos fãs da atriz . Cecil Thiré, filho único da atriz, chegou ao velório ]amparado por familiares numa cadeira de rodas, por volta das 15h e ficou por cerca de duas horas no foyer do teatro. Com 74 anos e um ferimento na cabeça devido a uma queda em casa, Cecil estava bastante debilitado pelos efeitos do Mal de Parkinson. Também prestam as últimas homenagens, os netos, bisnetos e amigos do meio artístico.



O velório aconteceu sem velas ou luzes juntodo seu corpo e o caixão permaneceu fechado em todos os momentos, atendendo a um pedido feito por Tonia aos familiares. Em volta da urna funerária, foram colocadas duas coroas de flores, uma enviada pelo Kur Hotel e a outra entregue pela família, além de alguns vasos com flores. Não foi colocado no teatro o costumeiro livro de presenças e junto à cabeceira de Tonia podiam ser observados um grande painel a óleo, do consagrado pintor Glauco Rodriguez, retratando seis rostos de Tonia em diferentes atuações e uma grande poster em preto e branco do rosto da atriz naa peça "Mundo Vasto Mundo", que ela encenou ao lado do ator Paulo Autran, em 1985.

O corpo da consagrada atriz chegou ao teatro por volta de 13h20m. Antes da cerimônia ser aberta ao público, somente a família teve acesso ao interior do prédio. Os portões do Municipal foram abertos por volta das 14h15m e um dos primeiros amigos da família a chegar foi o ator Ney Latorraca.
 Em vários momentos do velório, podiam ser vistos o ator Marcos Nanini, que levou um buquê de rosas brancas, as atrizes Jaqueline Lawrence, Nicette Bruno, Sylvia Bandeira, Bety Goulart, Stella Miranda, o ator e diretor Antonio Pitanga, a atriz e cantora Sandra Pêra, o escritor e pesquisador Ruy Castro, o ator e diretor Antonio Gilberto, o pesquisador, radialista, ator e escritor Simon Khoury, o ator Gilberto Gavronsky, o ator Edwin Luigi, e o presidente e o vice presidente do Teatro Municipal, Fernando Bicudo e CIro Bandeira. Representando o Sindicato dos Artistas do Rio Janeiro, compareceu o ator e diretor Delcio Marinho Gonçalves.



Por volta das 19h, a neta Luisa Thiré fez um agradecimento pela presença dos amigos e fãs. Chorando e muito emocionando, o ator Marco Nanini em poucas palavras fez um agradecimento à amiga. Para encerrar, eles cantaram a música 'Carinhoso', de Pixinguinha.

Durante a despedida, familiares também contaram histórias de Tônia ao longo da vida e da carreira. Em seguida, emocionados aplaudiram e gritaram: 'Bravo', 'Bravo'.
 Nicette Bruno relembrou atuações junto com Tônia:

- Nossa estreia foi no filme ‘Querida Susana’. Era estreia minha, dela e do Anselmo Duarte, nos três estreamos juntos no cinema. Eu tive a oportunidade de participar de todos os inícios desse grande ciclo de trabalho dela. Eu gostava muito dela, nós tínhamos um carinho muito especial uma com a outra. Ela foi na estreia do meu teatro em São Paulo, ela foi no meu casamento, estávamos juntas sempre que podíamos. O Brasil está chorando muito hoje”, disse Nicette Bruno.



A neta Luisa Thiré lembrou que a avó sempre foi uma pessoa que lutou por seus direitos. Segundo ela, Tônia Carrero brigou até com familiares para seguir no sonho de ser atriz.

“Ela é de uma geração pioneira, primeiríssima, ao lado de outras grandes damas como Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro. A gente aprendeu muito com ela, ela sempre foi muito presente, muito crítica, calorosa e carinhosa com a família. Acho que pro Brasil ela foi um exemplo de mulher batalhadora, que lutou pelos seus direitos, ela começou a fazer teatro numa época que era feio. O pai dela parou de falar com ela quando ela disse que queria ser atriz, queria dançar balé, o pai meio que morreu brigado com ela porque era feio. Ela brigou com tudo que apareceu pela frente e continuou brigando, lutando. Ela era muito ativa dos movimentos políticos, muito à frente do tempo, independente”, disse Luisa.

“É difícil assumir que chegou o dia de me despedir da pessoa mais forte que eu já conheci na minha vida. Ela conseguiu fazer exatamente o que queria da vida dela, com isso ela deixou um rastro de luz enorme. Ela era uma das pessoa mais livres com quem eu já tive contato, essa mensagem fica com uma força incrível. Eu acho que ela já tava merecendo descansar, ela esticou a corda até onde não dava mais. Mas hoje não é um dia de tristeza, hoje é um dia de saudade”, disse Carlos Thiré, um dos netos de Tonia.



Tônia é a matriarca de uma família que tem quatro gerações de artistas: além do único filho, o ator Cécil Thiré, netos e bisnetos também seguiram a carreira. Ela é classificada pelo projeto Brasil Memória das Artes, da Funarte, como "diva e dama" e "referência de beleza, inteligência e talento na história do teatro brasileiro".

Tônia Carrero participou de 54 peças, 19 filmes e 15 novelas ao longo de sua carreira. Sua última novela foi “Senhora do Destino” (2004), na qual fez uma participação especial. No cinema, sua última aparição foi em “Chega de Saudade” (2008).

Homenageada do Prêmio Shell de 2008, ela atuou no teatro pela última vez em 2007, em "Um Barco Para o Sonho", peça produzida pelo filho Cécil e dirigida pelo neto Carlos Thiré.

Tônia começou na televisão na década de 60, a convite do autor Vicente Sesso, para fazer “Sangue do Meu Sangue” ao lado de Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco. A novela do diretor Sérgio Britto foi exibida em 1969 pela TV Excelsior.

Um de seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Fraga Simpson, em “Água Viva” (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar novamente com o autor em 1983, na novela “Louco Amor”, desta vez interpretando Mouriel.

O corpo de Tônia Carrero será cremado em cerimônia restrita para a família e amigos muito próximos no início da tarde desta segunda-feira (5) no Memorial do Carmo, no Caju.