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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Num envolvente show com a casa superlotada, Mauro Marcondes se apresentou ontem no Blue Note Rio, na Lagoa



De Luiz Carlos Lourenço 
Fotos de Daniel Marques 

Num belíssimo espetáculo na noite de ontem, no renomado Blue Note Rio, na Lagoa Rodrigo de Freitas, o cantor e compositor MAURO MARCONDES suplertou a casa, apresentando as principais músicas de seu novo album, "Cantoria de Bazar", que fez em companhia de Zé Jorge,  autor – dentre tantas belas músicas – de "Serafim e seus filhos, que compos em parceria com Ruy Mauriti. No espetáculo, foi apresentado ainda um prelundio composto por um filho de Mauro, Bernardo, que ive nos Estados Unidos e alguns hits consagrados de Chico Buarque de Holanda e Luis Melodia. O show apresenta uma leitura moderna do universo de Guimarães Rosa, a linha condutora das composições de Mauro e serve ainda como uma homenagem ao cinquentenário de morte do grande escritor brasileiro. Em outras composições, Mauro aborda outros temas que tratam da emoção humana.

Minutos antes de entrar em cena, no camarim, MAURO MARCONDES fez questão de posar para o fotógrafo Daniel Marques com a camisa de campanha do Natal Permanente da LBV; Além desta colaboração, dedicou a renda obtida com venda do seu mais novo CD para a ONG Terra dos Homens, uma organização da sociedade civil que trabalha para melhorar a qualidade de vida das crianças, adolescentes e e famílias com os direitos violados ou em vias de violação. A instituição se divide em três eixos: atendimento direto às crianças, adolescentes e suas famílis, capacitação de profissionais e defesa de diretos, com a advocacia. O espetáculo apresentado ontem teve a produção executiva da compositora e produtora Solange Boeke e contou com o apoio de Paulo Cesar Feital. A direção musical e os arranjos foram assinados pelo maestro Leandro Braga, que emprestou seu talento de pianista e arranjador para abrilhantar a obra do compositor Mauro Marcondes.



O CD de Mauro Marcondes contou, ainda, com a participação de músicos excelentes, como o João Gaspar, na guitarra e violões de náilon e de aço, Rodrigo Villa, nos baixos acústico e elétrico, Christiano Galvão, na bateria, André Siqueira, na percussão, Quarteto Radamés Gnattali, nas cordas, Jessé Sadoc e Marcelo Martins, nos sopros, o gaúcho   Luciano Maia, no acordeon, Rodrigo Bis, na rabeca e Márcio Almeida (Hulk), no cavaquinho.



Em algumas músicas do trabalho, o coro de belas vozes se faz ouvir: Ninah Jo, Telma Tavares, Marcio Lott e Marcello Furtado. Os amigos também estiveram presentes no estúdio e ajudaram a formar o coro de rua no samba final, assim como as meninas Katarina e Victoria encantam em “Caixinha de Surpresa”.



Mauro Marcondes compõe desde muito jovem influenciado pelos compositores da bossa-nova e pela música de Milton Nascimento, Edu Lobo Chico Buarque, Dori Caymmi e de tantos outros mestres da música nacional. Aos 17 anos participou do IV Festival Universitário da extinta TV TUPI e foi construindo uma carreira de compositor, conciliando-a com a do profissional da área de desenvolvimento econômico, trabalhando no BNDES.  Realizou shows no MAM com jovens cantores, e teve apresentações dirigidas pelo maestro Antônio Adolfo. Participou do MPB-80 da Rede Globo, com a música “Como se Fosse”, em parceria com Caito, com belo arranjo da maestrina Célia Vaz e defendida pela cantora   baiana Jace.



A produção independente do CD autoral do compositor e cantor Mauro Marcondes resgata uma dimensão desconhecida do executivo e homem público dedicado, nas últimas três décadas, às atividades de planejamento governamental e de execução de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do País e de integração da América do Sul.



Entre as dezenas de notáveis presentes ao show da noite de ontem desacavam-se as cantoras Fhernanda Fernandes, Aurea Martins, Ninah Jo, além do compositor Rnaldo Malta, Zé Jorge e Rodrigo Cabral, filho de João Cabral de Melo Netto, bem como os fotógrafos Daniel Marques e Cristiana Granato..



Carioca da Gema
Mauro Marcondes nasceu em 1 de outubro de 1953, no Rio de Janeiro. Compositor e cantor criado em Copacabana na época da bossa-nova foi influenciado por este estilo e também por compositores de MPB que surgiam nos anos 60 e 70 – Edu Lobo, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ivan Lins, Dori Caymmi entre outros.



No apartamento da rua Raimundo Correia a música corria solta e o violão era o instrumento que ali reinava. Nesse clima, os primeiros acordes foram ensinados pelo velho amigo da família,Vicente Saboya, posteriormente aperfeiçoados por outro amigo, Luiz Roberto, baixista do conjunto de bossa-nova “Os Cariocas” e grande violonista.



As primeiras composições surgiram da parceria com o poeta e letrista Caito Spina. Nessa época foram feitas músicas que levaram a participações nos festivais estudantis que proliferavam naqueles anos de muita criatividade para a MPB. Em 1971, foi o compositor mais jovem a participar do IV Festival Universitário da Canção Popular, no qual também concorreram,Belchior, vencedor com “Hora do Almoço”, Alceu Valença e muitos outros. Nesse ano participou, também, do Festival de Costa a Costa, em Piriápolis, no Uruguai.



A música corria por um trilho e por outro seguia a construção de uma carreira profissional distinta, que o levou a formar-se em química pela UFRJ e pósgraduar-se em Economia, na UNICAMP.



Ainda em 1977 o trem da música prosseguia. Com arranjos e o apoio de Antonio Adolfo participou de um show para revelação de novos talentos, no teatro do MAM. Pelas mãos da produtora, Solange Böeke, começava a ver algumas de suas músicas gravadas por novas cantoras da MPB, entre elas Sandra de Sá (“Receio de Errar”) e Fhernanda Fernandes (“Palavras Perdidas”). Nessa fase teve a música “Como se fosse” classificada no Festival MPB-80 da TV Globo, que recebeu um belo arranjo da grande maestrina Celia Vaz.



Nos anos seguintes, a linha da vida puxou mais forte para o outro lado e a música, meio que adormecida, seguiu uma trajetória mais retraída, através das composições que brotavam de antigos e novos parceiros.



Em 2003 novamente Solange Böeke entra em cena e produz o primeiro CD autoral do cantor e compositor: “Perfil de Sal”. Gravado no Rio de Janeiro, com arranjos e direção musical de Wilson Nunes, no primeiro semestre daquele ano foi lançado na casa de shows “Rio Scenarium”.Logo depois a vida o leva para longe. Desembarca em Washington onde passa a viver e trabalhar, sempre com expectativa de voltar ao Brasil para gravar um novo CD.



Segue compondo com seu parceiro de sempre, Caito, e outros parceiros e amigos, como Guto Marques, Paulo César Feital, Éle Semog, Eliza Maciel, Marcia Toledo e Arnoldo Medeiros.Conhece, em Washington, o músico brasileiro Leonardo Lucini. No início de 2009, decide gravar o CD Mar Azul e convida Leonardo para fazer os arranjos e a direção musical. O CD fica pronto em dezembro de 2009.



Depois de um período de pouca produção retorna ao Brasil e reencontra, em 2014, um amigo e parceiro bissexto, Zéjorge, autor de várias e belas músicas em parceria com Ruy Maurity. Foi uma enxurrada de novas composições em estilos mais diversos da nossa MPB. Resolve gravar em 2017 Cantoria de Bazar, um novo álbum só com músicas dessa parceria revigorada.Com direção musical e belos arranjos do Maestro Leandro Braga, o CD passou a estar disponível na internet em fins de setembro de 2017.