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sábado, 7 de outubro de 2017

Divinas divas fazem um saudoso tributo a Rogéria com o Teatro Rival lotado



De Luiz Carlos Lourenço 
Fotos de Daniel Marques

O Teatro Rival Petrobras foi palco na noite desta sexta-feira, de uma das mais importantes apresentações do espetáculo “Divinas Divas”, quando Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos e Camille K, ícones de toda uma geração de artistas fizeram um respeitoso e emocionante tributo dedicado à ROGÉRIA, que faleceu no último dia 4 de setembro. Além das antigas estrelas que conquistaram seu espaço graças a seus talentos e total entrega à arte, também homenagearam ROGÉRIA alguns artistas convidados, como Divina Núbia, Aloma Divina e a estrela do Moulin Rouge, a extraordinária Watusi.



O musical durou quase quatro horas seguidas porque também teve seu cast aumentado e contou com as expressivas apresentações dos cantores Elymar Santos e Ellen de Lima, esta última cantando à capela e arrebatando o público em delírio.



As integrantes do grupo original Divinas Divas se revezaram no palco do Rival com belos números individuais, mantendo o formato de esquetes e recebendo convidados. Tudo isso costurado com histórias da carreira contadas por Valéria e Jane Di Castro, demonstrando muita emoção ao lembrar a convivência com Rogéria em mais de cinquenta anos.



Para reverenciar a amiga que morreu há 32 dias, Jane Di Castro interpretou parte do repertório que Rogéria cantava nos shows. No repertório, estavam  “New York, New York”, “La vie en rose” e “Je suis tout les femmes”, canção que Rogéria abria suas apresentações desde os anos 1980.



Antes do início do show, no telão, foram exibidos trechos do premiado documentário “Divinas Divas”, de Leandra Leal, além de imagens de Rogéria.

Conversando informalmente com o público no intervalo entre algumas canções, Valeria, vestindo um traje de Rogéria cedido por seu empresário, Alexandro Haddad, falou com saudades do glamour dos anos áureos dos shows de travestis – décadas de 1960 e 1970 –, quando as Divinas Divas testemunharam o auge de uma Cinelândia repleta de cinemas e teatros, cenário de contestação e provocação aos costumes tradicionais.



Jane Di Castro, por seu turno, relembrou passagens do Teatro Rival como símbolo de resistência cultural, orgulhando-se de trazer à cena o talento, as histórias e memórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.

Ao se apresentar, Aloma Divina fez uma aplaudida performance de Diana Ross, mudando radicalmente em sua segunda entrada, personificando com muita graça e malícia a cantora Elza Soares.



Divina Núbia, que trabalhou ao lado de Rogéria em sua última apresentação no Teatro Bibi Ferreira, em São Paulo, fez um número considerado, por muitos, como o mais interessante da noite,  vivendo com muita teatralidade a figura lendária de Edith Piaf.

Valéria destacou ainda para o público passagens do início da carreira de Rogéria que ao seu lado, começaram carreira internacional pela Espanha e logo depois se firmando como grandes estrelas em toda a França.



Eloína dos Leopardos mostrou toda a sua sensualidade dublando uma canção em espanhol e Kamille K fez um número caricato com um texto hilário e muito aplaudido. Ao final, voltou à cena completamente diferente, com um luxuoso vestido rosa.

Ao ser chamada ao palco, Watusi mostrou o poder de sua voz cantando Roberto Carlos e dando continuidade com uma sequência de músicas francesas. Elymar Santos também foi ovacionado pelo público ao cantar um sucesso de Belchior, emendando com um de seus mais sensuais sucessos.



Como já havia sido registrado na missa celebrada pelo trigésimo dia de falecimento de Rogéria, na última quarta-feira, todo o público presente ontem no Teatro Rival recebeu cópias de uma foto de Rogéria, da autoria de Daniel Marques, durante uma apresentação no Teatro João Caetano em prol do Retiro dos Artistas.