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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Edson Cordeiro inebria o público em belo show de fados, no Net Rio

De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Vitória Virtus, Marcelo Castello Branco e do álbum pessoal

A crise econômica e política que atinge o Rio de Janeiro há um bom tempo não impediu que ontem à noite um público fiel e saudoso se reencontrasse com o maravilhoso cantor EDSON CORDEIRO lotando o Theatro Net Rio, em Copacabana. Com sua voz limpa e ainda mais poderosa, interpretou alguns dos mais belos e famosos fados, como "Estranha forma de vida" (Amália Rodrigues/Alfredo Marceneiro), "Foi Deus" (Alberto Janes), "Barco Negro" (David Mourão Ferreira /Matheus Nunes) e "Fado Tropical" (Chico Buarque/ Ruy Guerra), acompanhado dos fadistas brasileiros Wallace Oliveira (Guitarra Portuguesa) e Sérgio Borges (Violão).


Além disso, aplaudido em alguns momentos de pé, acrescentou  ao refinado repertório, uma releitura de sucessos de sua carreira e duas belas homenagens a duas divas de nosso país, DALVA DE OLIVEIRA, homenageando-a com Estrela Dalva e comemorando seu aniversário e CARMEN MIRANDA, interpretando, de uma maneira criativa e iluminada, o “Disseram que eu voltei americanizada” com forte sotaque luso, como se a Pequena Notável nunca tivesse vivido fora de Portugal, de onde veio menininha.

Ao final do espetáculo, EDSON CORDEIRO no bis, acompanhado por quatro percursionistas de escola de samba, em clima de carnaval, fechou o espetáculo com o “Fado Tropical”( que deu nome ao show), de Chico Buarque de Holanda. Sempre sorridente e atencioso, ainda dedicou um bom espaço de tempo para autografar dezenas de CDs do seu 12º trabalho para uma fila de fãs que o aguardaram no foyer do teatro para rápidas paradas selfies, assinaturas de “Beijos do Edson” e elogios.

A temporada de Fado Tropical pelo país prossegue está noite no Teatro Municipal de Niterói, com casa já esgotada, vai para Belo Horizonte amanhã e ainda em junho registra apresentações no interior de São Paulo e na capital. Entre as muitas figuras conhecidas do meio musical que se viam ontem na plateia destacavam-se o jornalista, produtor cultural, gerente administrador do Oi Casa Grande e autor da biografia "Berta Loran: 90 Anos de Humor", João Luiz Azevedo, o crítico musical Mauro Ferreira, a cantora Vitoria Virtus e o pesquisador de MPB, Marcelo Castello Branco.

Na Alemanha
Morando há uma década na Alemanha, onde casou há cerca de três anos em Berlim com um escritor e ilustrador, EDSON CORDEIRO, em breve prestação de contas para o seu público fiel, contou no espetáculo que decidiu morar na Europa cansado das discriminações que viveu no Brasil, chegando a recordar o fato na canção “A Casa da Mariquinha”, recordando o bullyng que sofreu ainda criança quando era chmado de marica.. Famoso no começo da década de 90, quando cantou com Cássia Eller uma mistura de rock dos Rolling Stones com a ária A rainha da noite, de Mozart, ele enveredou pela música eletrônica e começou a fazer sucesso na Europa.

 Diz que não não precisa estar na TV o tempo todo porque tem um publico fiel que o segue até pelo site, sempre “Existe vida além da televisão,devo tudo à minha plateia e nada que vem do público me irrita porque é autêntico”.

 Edson diz que só volta ao Brasil pelo público, pelos amigos e família, mas confessa ter saudades do afeto das pessoas do Brasil.

“Na Alemanha é muito mais seguro de se viver. Abro a porta de casa e vejo o resultado dos impostos que pago. Moro confortavelmente, sou feliz e tenho um público muito grande lá. Neste ano, vou estar nas principais paradas gays da Europa.Eu participei da primeira Parada Gay de São Paulo,as coisas estão andando no Brasil, mas ainda vemos muitos casos de agressão e homofobia. Se bem que na Europa já passei por maus bocados também. Na Europa o preconceito só acontece por parte de grupos religiosos intolerantes.

Desde criança
EDSON CORDEIRO começou a cantar ainda menino, no coro da igreja evangélica que freqüentava na sua cidade natal. Posteriormente mudou-se para a cidade de São Paulo, onde cantava nas ruas, especialmente na Rua Barão de Itapetininga, Centro, na hora do rush, para ganhar alguns trocados.

Ingressou no cenário artístico em 1983, quando participou da ópera-rock "Amapola", de Miguel Briamonte, que viria, mais tarde, a assinar a direção musical de seus discos.

Em 1988, participou de outra ópera-rock, "Hair", de Gerome Ragni, James Rado e Galt McDermot, com direção de Antônio Abujamra.

No ano seguinte, atuou no clássico de Molière, "O doente imaginário", dirigido por Cacá Rosset, peça com a qual viajou pelos EUA, México, América Central e Europa.

Em 1990, iniciou sua carreira como cantor solista. Apresentou-se, nesse ano, na casa noturna Mistura Fina (RJ). O sucesso foi tão grande que várias gravadoras passaram a disputá-lo.

Com contrato assinado com a Sony Music, lançou, em 1992, o CD "Edson Cordeiro", no qual interpretou músicas do repertório de Nina Hagen, Janis Joplin e Prince. O disco contou com a participação especial de Cássia Eller e de Marisol, cantora espanhola de flamenco.

Em 1994, gravou mais um CD, cujo maior destaque foi a sua interpretação para "Babalu", sucesso na voz de Ângela Maria. Nesse ano e no seguinte, fez vários shows na Europa, com muito sucesso na Alemanha, onde chegou a impressionar a cantora Nina Hagen, que o convidou a participar de uma de suas apresentações.

Em 1996, lançou "Terceiro sinal", disco eclético em que demonstrou toda a sua versatilidade. Nele interpretou "Bidu Saião e o canto de cristal", samba-enredo da Beija-Flor, além de duas áreas de Haendel e "Super-homem, a canção", de Gilberto Gil.

No ano seguinte, lançou o CD "Clubbing" e fez a turnê "Disco Clubbing", show que correu pelo Brasil e rendeu um disco ao vivo que vendeu mais de 150 mil cópias. No disco e no show interpretou sucessos da era discothèque.

Lançou, em 1999, "Clubbing 2 - Mestre de Cerimônia", com o mesmo tipo de repertório, interpretando canções lançadas por Donna Summer, Bee Gees, Santa Esmeralda, Gretchen, Tim Maia e As Frenéticas.

Por alcançar quatro oitavas na escala musical, é considerado um contratenor, isto é, voz masculina aguda, com o mesmo alcance do soprano feminino. Ainda em atividade, apresenta-se em shows pelo Brasil e no exterior.

Em 2001, lançou o CD "Dê-se ao luxo", mantendo o estilo dance dos trabalhos anteriores. O disco contou com a participação de Ney Matogrosso, Rita Lee e DJ Patife.

Em 2003, fez show no Teatro Rival (RJ), dirigido por Flávio Marinho, com direção musical de Tuco Marcondes.

Lançou, em 2005, o CD "Contratenor", interpretando árias de óperas barrocas escritas por Händel, Willibald von Gluck, Johann Hasse, Mozart, Vivaldi e Bach. O disco contou com a participação do pianista Antonio Vaz Lemes e da harpista Liúba Klevtsova.

Há mais de 2​5​ anos pelos palcos do mundo, o cantor foi​ indicado  em 2006 ao Grammy Latino de melhor disco de música clássica, provou que com talento e alegria pode levar a sua voz a qualquer lugar, desde os teatros de ópera mais importantes do Brasil e Europa, até as baladas mais fervidas como a Skol Bits com o Dj Mau Mau em São Paulo​ e Berlin Gay Pride​.

Ainda na década de 90, Edson conquistou seu espaço no mercado europeu, isso após ter firmado seu talento no Brasil. Atualmente radicado na Alemanha, excursiona pela Ásia, Europa e América com a Tour "Fado Tropical" com o lançamento do seu décimo segundo álbum de carreira "FADO", e com seus projetos “My Collection”, “Disco Lounge” e “Samba De Luxe”, um mix de sucessos, onde passeia pelas óperas barrocas pela bossa nova de Tom Jobim, pelo pop de Madonna e Michael Jackson entre muitos outros ritmos, no estilo Edson Cordeiro

Aos 50 anos, completados em 9 de fevereiro, Edson Cordeiro mostra em belo disco que traz o fado no coração e na boca, como sentencia em verso de Não é desgraça (José Joaquim Carvalheiro Jr. e Norberto Araújo), uma das 11 músicas do recém-lançado álbum do intérprete, Fado.

Com ambivalente voz de contratenor, lapidada no púlpito de igreja evangélica em que o então iniciante intérprete integrou o coro Cordeirinhos do Senhor dos seis aos 16 anos, Cordeiro é um senhor cantor. À medida em que cresceu, Cordeiro se desgarrou do rebanho de Deus e invadiu a cena tropicalista brasileira com tons miscigenados que lhe permitiram cantar desde ária de ópera até um samba pop popular.

Embora contenha 11 temas do cancioneiro do gênero português, sendo que nove foram captados na cidade lusitana do Porto sob a direção musical de Clara Ghimel, o álbum Fado – gravado com produção executiva de Oliver Bieber – mira primordialmente o mercado fonográfico da Alemanha e de outros países da Europa.

“Ó meu cigano adorado
Viver abraçado ao fado
Morrer abraçada a ti."


Confira abaixo fotos do show e dos bastidores do espetáculo no Net Rio