Pesquisar

domingo, 4 de dezembro de 2016

A MORTE DE UM GRANDE POETA







Fotos: Daniel Marques


O domingo nublado e com muitos ventos ficou ainda mais triste com a notícia do falecimento do poeta, ensaísta, crítico de arte, dramaturgo, biógrafo, tradutor e memorialista, Ferreira Gullar, que  estava internado no Hospital Copa D'Or, na Zona Sul do Rio.

Após a notícia ganhar destaque na imprensa, famosos como Pedro Bial e Antonio Calloni se manifestaram nas redes sociais. Lúcia Veríssimo lamentou e contou que o conhecia. "Que triste notícia da partida do amigo Ferreira Gullar. O conheci ao lado de Thereza, eu ainda era uma jovem recém saída da adolescência. Nesses anos, em todos os nossos contatos ele foi uma luz em meus pensamentos e compreensão sobre muitas coisas. Que dia esse. Tantas coisas tão determinantes acontecendo no mundo. E essa perda imensa para a poesia brasileira. Mas sabe, quem escreve Poema Sujo é imortal, como sempre foi. RIP #ferreiragullar #luciaverissimo #poesia #brasil", postou no Instagram.




A jornalista Poliana Abritta usou versos do poema "Traduzir-se" para homenagear Gullar. Renata Cribelli também usou as redes sociais para lamentar a morte do poeta. "Mais uma notícia triste nesse final de ano. #PazFerreiraGullar".

Lúcio Mauro Filho mostrou um desenho de Ferreira Gullar feito por seu filho, Bento, quando o menino tinha 9 anos: "'A arte existe, porque a vida não basta.' Meu filho Bento tinha 9 anos quando num dia veio me perguntar como se usava a impressora. Falei que a mesma estava sem tinta e perguntei para que queria usá-la. Ele estava fazendo um trabalho na escola sobre o Ferreira Gullar e precisava imprimir uma foto do poeta. Fiquei curioso e feliz dele estar estudando figura tão fantástica e ele com a maior calma, recitou 'Mar Azul', que havia decorado. Poucas vezes senti emoção tão forte na minha vida. Pra matar o papai, Bento arrematou: 'Se não rolar a impressora tudo bem pai, eu coloco esse desenho que eu fiz'. E me mostrou esse desenho que posto aqui e que fizemos chegar às mãos de Ferreira Gullar, pois ali eu tive a certeza de que tinha um filho artista e que deveria incentivá-lo de todas as formas. Obrigado Ferreira Gullar. Por educar e encantar tantas gerações! Imortal de verdade! Descansa. #ferreiragullar".

 O ator Bruno Gissoni também lamentou a morte: "A Arte existe, porque a vida não basta!"
Nascido com o nome de José de Ribamar Ferreira em São Luís (MA), em 10 de setembro de 1930, Ferreira Gullar foi um dos maiores escritores brasileiros do século 20. Ele foi eleito para a ABL (Academia Brasileira de Letras) em 2014.

Cresceu em sua cidade natal e decidiu se tornar poeta na adolescência. Com 18 anos, passou a frequentar os bares da Praça João Lisboa e o Grêmio Lítero-Recreativo. Aos 19 anos, descobriu a poesia moderna depois de ler Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.

O perfil de Gullar no site da ABL informa que, inicialmente, o escritor “ficou escandalizado com esse tipo de poesia”, mas mais tarde aderiu ao estilo, tornando-se “um poeta experimental radical”. Certa vez, ao comentar o período, afirmou: “Eu queria que a própria linguagem fosse inventada a cada poema”.

Militante do Partido Comunista, Gullar exilou-se na década de 1970, durante a ditadura militar. Nesse período, viveu na União Soviética, na Argentina e no Chile. O retorno ao Brasil aconteceu em 1977, quando foi preso por agentes do Departamento de Polícia Política e Social no dia seguinte ao desembarque, no Rio. Foi libertado depois de 72 horas de interrogatório graças à intervenção de amigos junto a autoridades do regime.

Veja abaixo os livros publicados por Ferreira Gullar:

Poesia

“Um pouco acima do chão” (1949)
“A luta corporal” (1954)
“Poemas” (1958)
“João Boa-Morte, cabra marcado para morrer” [cordel] (1962)
“Quem matou Aparecida?” [cordel] (1962)
“A luta corporal e novos poemas” (1966)
“Por você, por mim” (1968)
“Dentro da noite veloz” (1975)
“Poema sujo” (1976)
“Na vertigem do dia” (1980)
“Crime na flora ou ordem e progresso” (1986)
“Barulhos” (1987)
“Formigueiro” (1991)
“Muitas vozes” (1999)

Crônica

“A estranha vida banal” (1989)

Infantil e juvenil

“Um gato chamado gatinho” (2000)
“O menino e o arco-íris” (2001)
“O rei que mora no mar” (2001)
“O touro encantado” (2003)
“Dr. Urubu e outras fábulas” (2005)

Conto

“Gamação” (1996)
“Cidades inventadas” (1997)

Memória

“Rabo de foguete” (1998)

Biografia

“Nise da Silveira” (1996)

Ensaio

“Teoria do não-objeto” (1959)
“Cultura posta em questão” (1965)
“Vanguarda e subdesenvolvimento” (1969)
“Augusto dos Anjos ou morte e vida nordestina” (1976)
“Uma Luz no Chão” (1978)
“Sobre Arte” (1982)
“Etapas da Arte Contemporânea: do Cubismo à Arte Neoconcreta” (1985)
“Indagações de Hoje” (1989)
“Argumentação Contra a Morte da Arte” (1993)
“Relâmpagos” (2003)
“Sobre Arte, sobre Poesia” (2006)

Teatro

“Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come” (1966), com Oduvaldo Vianna Filho
“A saída? Onde fica a Saída?” (1967), com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa
“Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória” (1968), com Dias Gomes
“Um rubi no umbigo” (1978)
“O Homem como Invenção de si Mesmo” (2012)