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terça-feira, 18 de outubro de 2016

SAUDADES DO MEU QUERIDO GRANDE OTELO



Se ainda estivesse aqui entre nós, o maravilhoso comediante GRANDE OTELO, estaria completando hoje 101 anos. Do extraordinário amigo, guardo muitas lembranças, principalmente as nossas longas conversas em seu camarim, no Teatro Gloria, defenestrado e demolido tristemente pelo empresário Eike Batista. Na época dessas conversas, Otelo brilhava em monólogo na comédia "Jantou com o Marido e dormiu com o Leitão", do Paulo Afonso de Lima.

Ator, cantor e compositor brasileiro, Grande Otelo morreu no dia 26 de novembro de 1993, vítima de um ataque do coração fulminante, quando viajava para Paris para uma homenagem que receberia no Festival de Nantes. Nascido no dia 18 de outubro de 1915, Grande Otelo é natural de Uberlândia (MG) e seu verdadeiro nome era Sebastião Bernardes de Souza Prata. O apelido Grande Otelo veio em 1932, quando entrou para a Companhia Jardel Jércolis, pioneira no teatro de revista. Durante a carreira, fez inúmeros filmes, entre eles as famosas comédias ao lado do cômico Oscarito, nas décadas de 1940 e 1950. Um dos seus trabalhos mais conhecidos é a versão cinematográfica do livro Macunaíma (1969), baseado na obra de Mário de Andrade. A cena do nascimento de Macunaíma, interpretado por Grande Otelo, é inesquecível. Apesar do sua característica cômica como ator, a vida real de Grande Otelo foi cheia de tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e sua mãe era alcoólatra.



                                                    Com o genial Oscarito 
Quando já tinha conquistado o sucesso, sua esposa se matou, após envenenar o filho de seis anos, que era enteado do ator. Na infância, Grande Otelo foi parar no juizado de menores, onde foi adotado pela família do político Antônio de Queiroz. No cinema, teve como pontos altos da carreira a participação no filme “It s All True” (1942), de Orson Welles. Filmou também “Fitzcarraldo” (1982) com o diretor Werner Herzog, na floresta amazônica. A partir dos anos 60, trabalhou na TV Globo, onde atuou em novelas e também brilhou na Escolinha do Professor Raimundo, no início dos anos 90. Seu último trabalho foi uma participação na telenovela Renascer, pouco antes da sua morte.


                                    Com a estrela do Moulin Rouge, Watusi, no Scala, no espetáculo Golden Rio


Em 1983, Chico Recarey inaugurou a maior casa de espetáculos da América Latina, o Scala Rio, com o show “Golden Rio” com Watusi e Grande Otelo, dirigidos por Maurício Sherman, ficando em cartaz por vários anos, até 1987. Otelo também foi destaque na mídia quando interpretou o primeiro Sancho Pança negro no mundo, no musical Don Quixote, ao lado de Paulo Autran e Bibi Ferreira.


Uma das mágoas de Otelo foi a de nunca ter sido reconhecido pela crítica como um excelente compositor. A prova é o lindo samba de raiz "Praça Onze", que compôs em parceria com Herivaldo Martins, cantada por todos até hoje, com muita saudade.

O fotógrafo Daniel Marques e um dos filhos de Grande Otelo, o Otelinho