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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

EM ATIVIDADE AOS 94 ANOS,BIBI FERREIRA LOTA TEATRO E DA SEU APOIO À CAMPANHA NATAL PERMANENTE DA LBV


Fotos de Carlos Barreto 
Divulgação e álbum pessoal 


A maravilhosa atriz, cantora e diretora BIBI FERREIRA, recém chegada de Nova York, onde se apresentou com muito sucesso, voltou a lotar esta semana o Theatro NetRio, em Copacabana, Ao final do espetáculo com a casa lotada, a atriz recebeu alguns admiradores em seu camarim, entre eles o ator gaúcho Carlos Barreto colaborador da LBV, que convidou BIBI a integrar o time de personalidades que estão dando seu apoio à Campanha do Natal Permanente 2016. Ao receber sua camisa, assim se expressou "Muito obrigado por este presente. A Legião da Boa Vontade está sempre unindo a classe artística e ajudando o povo brasileiro. Podem contar comigo".

 Na mesma oportunidade, foi entregue também à renomada artista um quadro dela feito a crayon colorido do arquiteto e artista plástico REINI FREIRE DA SILVA, que já retratou dezenas de personalidades mundiais e que foram reunidas num livro. 
 Comemorando seus 75 anos de carreira, ela voltará a se apresentar com o show “4 X BIBI”, nos próximos dias 8 e 9 de novembro(terça e quarta), devendo ainda estender, esta curta temporada, no Theatro NET Rio.
Liza Minnelli e Bibi

VIDA DE DESAFIOS 

Bibi já encarou grandes desafios, cantou Edith Piaf, Amália Rodrigues, Carlos Gardel, Dolores Duran, Chico Buarque, entre outros. Cantar Sinatra não seria diferente. Conhecida pela ousadia, a conceituada atriz a cantora foi a primeira mulher a fazer um espetáculo só com músicas interpretadas por ele. Chamado de A Voz por sua modulação aveludada, Frank Sinatra tinha especial admiração pela bossa nova e gravou vários sucessos do maestro Tom Jobim. 

 Bibi Ferreira confessa que, no palco, nunca passou por nada de horrível”, diz ela, contando qual seu maior medo em cena: “Esquecer o texto, a memória ir embora”. Para exercitar a mente, Bibi assiste a pelo menos dois filmes por dia e não abre mão de muitas horas de sono. “Durmo entre 5 e 6 horas da manhã e não levanto da cama antes das 14 horas”.

Bibi posando no colo de seus pais, Procópio  e Aída


Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina e cantora espanhola Aída Izquierdo, desde muito cedo começou a atuar nos palcos. O bisavô materno era cantor lírico e os avós, artistas de circo. Batizada pelo casal de atores Oduvaldo Vianna, pai do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha e Abigail Maia, com apenas vinte dias de nascida entrou numa cena nos braços da madrinha, durante a peça "Manhãs de sol", de autoria do próprio Oduvaldo Vianna. A estréia não profissional e tão precoce ocorreu porque Abigail Maia, que também era cantora, entrava em cena carregando uma boneca, que não foi encontrada até o início do espetáculo naquela noite. Nada melhor, portanto, que um bebê de verdade entrasse em cena, ainda mais sendo filha e afilhada de artistas. 

No musical My Fair Lady, Bibi Ferreira com o ator Edson Franca


Apesar de em sua certidão de nascimento constar o dia 10 de junho de 1921, ela própria jamais teve certeza da data de seu aniversário, pois sua mãe afirmava que o dia teria sido 1 de junho, enquanto seu pai sustentava que o dia certo era 4 de junho. Um ano depois de seu nascimento seus pais separaram-se. Sua mãe tinha então 16 anos e ela foi viver com a mãe, que atuava na Companhia Velasco, excursionando pela América Latina. 
Seu primeiro idioma foi o espanhol. Dançava e cantava o flamenco e praticava desafios, um hábito que era cultivado pelas crianças da Companhia. Por volta dos 7 anos retornou ao Brasil, indo morar com o pai no Rio de Janeiro, quando aprendeu português e começou a interessar-se por ópera, uma das paixões de seu pai. Entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal onde permaneceu até os 14 anos, indo aperfeiçoar-se no Teatro Colón, em Buenos Aires. No entanto, aos 9 anos, foi impedida de matricular-se no tradicional Colégio Sion, em Laranjeiras, por ser filha de artistas, apesar do pai ser um dos mais prestigiados e famosos atores da época. Gostando de música desde muito cedo, tencionava tornar-se música e até maestrina. Aprendeu piano e violino. Quando na Europa, chegou a participar como atriz de um filme inglês, ao lado do astro Sabu. Seu professor de piano percebeu então que a jovem aluna tinha o chamado "ouvido absoluto". Ainda criança, adaptava letras de composições de Noel Rosa e Lamartine Babo a melodias de óperas de Verdi e Rossini, entre outros. A experiência seria utilizada por ela muitos anos mais tarde ao compor a "Operabrás", mesclando letras de Dorival Caymmi e Lamartine Babo a músicas de Rossini e Gounod.



 Fez um filme com Humberto Mauro, produzido e estrelado por Carmen Santos. No filme, cantou o samba "Na Bahia", parceria de Noel Rosa e José Maria de Abreu. Por ocasião dos ensaios do filme, teve um memorável encontro com o compositor Noel Rosa. Durante os ensaios que aconteciam no teatro Beira-Mar, o compositor ia tocando a canção ao violão para que ela aprendesse a letra do samba. Embora se sentisse vocacionada para a música, esta teve que esperar em segundo plano quando aconteceu sua estréia profissional apenas como atriz, nos palcos, a 28 de fevereiro de 1941, na companhia teatral de seu pai, que atravessava sérias dificuldades financeiras. Em seu primeiro papel profissional, o de Mirandolina, na peça "La Locandiera", seu talento já indicava o êxito que sua prestigiada carreira de atriz viria a ter em poucos anos. 


                                        No programa do seu amigo Jô Soares

Em 1944, fundou sua própria companhia, reunindo nomes importantes do teatro brasileiro, como Cacilda Becker, Maria Della Costa e Henriette Morineau. Em 1950, ao estrear um musical no Teatro Carlos Gomes, "Escândalos", foi surpreendida por um incêndio que danificou o teatro e todos os figurinos e cenários de sua companhia, deixando-a com grandes dívidas que se arrastaram por cerca de cinco anos. Foi para Portugal onde produziu comédias muito mal recebidas pela crítica e amargou meses de dificuldades financeiras, sem ter dinheiro até para pagar a pensão onde estava hospedada em Lisboa. Pouco depois, recebeu convite para dirigir algumas peças e acabou permanecendo em Portugal durante quatro anos, com sucesso.  


Em 1953, gravou três discos na Odeon com Orquestra de Osvaldo Borba, interpretando os contos infantis "O patinho desobediente"; "A fada do futuro"; "O castelo do mágico bem"; "A raposa lograda"; "O gavião ambicioso" e "O papagaio invejoso", de autoria de Alfredo Ribeiro, com músicas de Guari Maciel. Em 1956, lançou pela Odeon o LP "Histórias da Tia Bibi". Em 1960, gravou pela Philips o LP "Bibi em pessoa". Em 3 de agosto do mesmo ano, assim reportou o jornal O Globo sobre a participação dela no espetáculo "Festival" dirigido por Carlos Machado na boate Night and Day: "Esta madrugada, no palco do Night and Day, Bibi Ferreira reapareceu para o público carioca, depois de três anos de ausência. Veio com as roupas de Giselle, as músicas de Jean D'Arco e o bom gosto dos shows de Carlos Machado, como principal figura do "Festival". Ao lado de Grande Otelo e grande elenco, Bibi brilhou, sendo aplaudida de pé, principalmente quando cantou "Muié rendêra" em seis idiomas, numa demonstração de suas qualidades de comediante."

Em 1963, estrelou com sucesso o musical "Minha querida lady", adaptação de "My Fair Lady", que teve ela e Paulo Autran nos papéis principais. Lançado pela CBS, o LP com músicas da peça vertidas para o português por Victor Berbara trazia o sucesso "Eu dançaria assim", versão de "I coul dance all night".
Em 1965, atuou no musical "Hello, Dolly", cujo LP com as músicas foi lançado no mesmo ano pela CBS.

O ator Carlos Vonpinaz Barreto entrega o retrato dela, de Reini Freire, para a atriz 


Em sua passagem pela televisão brasileira, comandou os programas "Brasil  60", que inaugurou a TV Excelsior, "Brasil 61", que foi líder de audiência, "Bibi sempre aos domingos " e atuou no Tele Teatro. Na TV Tupi : "Bibi Especial", "Festival do Carnaval" e "Bibi ao Vivo", além do "Curso de Alfabetização para Adultos", pelo qual recebeu o prêmio  de "Melhor Comunicadora", no grande Festival Internacional da Cultura em Tóquio. Entre suas composições destaca-se o choro "Chiquinho estudioso", ainda inédito. Dirigiu muitos shows de artistas da música popular brasileira, como Maria Bethânia.

Globo, Sonia Braga e Bibi Ferreira em Brasil 79 1979 TV Globo 

Em 1970, assinou a direção de um importante espetáculo, "Brasileiro; Profissão: Esperança", que levou para os palcos a música de Antônio Maria e Dolores Duran, em show encenado primeiramente com o ator Ítalo Rossi e a cantora Maria Bethânia. Em 1972, foi a responsável pelo primeiro programa brasileiro transmitido via satélite, diretamente de Los Angeles - o Oscar 72, pela Rede Associada. Em dezembro de 1975, estreou a peça "Gota d' Água", uma adaptação de Chico Buarque e Paulo Pontes, com quem era casada, para a tragédia grega "Medéia", de Eurípedes. O texto era inspirado numa idéia do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, que adaptara "Medéia" para um especial exibido pela TV Globo, três anos antes, com Fernanda Montenegro no papel principal. Na peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, viveu Joana, a "Medéia brasileira". Algumas canções da peça, compostas por Chico Buarque, tornaram-se clássicos na interpretação da atriz, como "Gota d' água" e "Bem-querer".  Em 1976, o musical "Brasileiro: Profissão: Esperança" voltou ao cartaz novamente com direção sua, e com o ator Paulo Gracindo e a cantora Clara Nunes nos papéis principais.


                                No musical Gota Dágua, de Chico Buarque e Paulo Pontes

Em 1977, foi lançado o LP "Gota d'água", com músicas e diálogos da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, no qual interpretou as músicas "Flor da idade"; "Bem querer"; "Gota d'Água" e "Basta um dia", todas de Chico Buarque, e os textos "Monólogo do povo"; "Desabafo de Joana para Jasão"; "Joana e as vizinhas"; "Joana promete"; "Ritual"; "Veneno" e "Morte". Pelo final da década de 1970, voltou a TV Globo comandando um especial com seu nome durante cerca de dois anos, dirigido por Augusto César Vanucci e escrito por P. A. Grisolle, Elóis Santos e Ricardo Cravo Albin.
Em 1983, interpretou com grande sucesso a vida da estrela francesa Edith Piaf, em "Piaf", espetáculo que lhe valeu todos os prêmios da crítica e a Comenda da Ordem e do Mérito das Artes da França. 

Em 1995, seu show "Bibi in concert II", ocorrido em São Paulo atraiu tanta gente que precisou da ajuda do batalhão de choque da Polícia Militar para conter a multidão que queria assisti-la. Em 1999, remontou o espetáculo "Brasileiro: Profissão: Esperança", só que com ela mesma atuando, ao lado do ator Gracindo Jr. Nesse ano, participou do songbook de Chico Buarque interpretando a música "Palavra de mulher".
Em 2000, apresentou o espetáculo "Bibi canta e conta Piaf" na Sala Martins Penna do Teatro Nacional Claudio Santoro em Brasília. Em 2001, por ocasião dos seus 60 anos de carreira, foi lançado o projeto "Bibi Ferreira, 60 Anos de Palco". Nesse ano, apresentou novo espetáculo, um concerto musical contando a vida da cantora portuguesa Amália Rodrigues. O espetáculo teve roteiro, textos e direção cênica a cargo de Tiago Torres da Silva. No palco a atriz foi acompanhada pelo maestro Nelson Melim ao piano, Vitor Lopes, na guitarra portuguesa, Silvino Pinheiro, no violão, Álvaro Augusto, no baixo-elétrico, Jamir Torres, na bateria e Irene Mutanen no acordeom.


Em 2003, foi enredo da Escola de Samba Unidos da Viradouro no carnaval. Nesse ano, dirigiu a comédia "Sete Minutos", escrita e interpretada por Antonio Fagundes, apresentada no Teatro Castro Alves, em Salvador, BA. Ainda no mesmo ano, apresentou show no Teatro Rival BR, no Rio de Janeiro, em gravação da série Acervo da TV E, acompanhada pelos músicos Carlos Gonçalves, na guitarra portuguesa, Vitor Lopez, no violão, Irene Mutanen, no acordeom e Jamir Torres na bateria. Na ocasião, interpretou as músicas "Tiro liro liro", do repertório popular português; "Fadinho serrado", de Arlindo de Carvalho e Hernani Correia; "Nem às paredes confesso", de Artur Ribeiro e Ferrer Trindade; "Ai mouraria", de Amadeu do Vale e  Frederico Valério; "Casa portuguesa", de R. Ferreira, M. Sequeira e A. Fonseca e "Foi Deus", de Alberto Janes.

Bibi Ferreira e Carmen Miranda

Em 2004, o selo "Biscoito Fino" lançou o CD e o DVD do show "Bibi Canta Piaf", no qual a artista interpreta Edith Piaf. Nesse ano, dirigiu no Teatro Bibi Ferreira o espetáculo musical "Na bagunça do teu coração", com roteiro e texto de João Máximo e Luiz Fernando Viana e com 22 músicas de Chico Buarque. Também em 2004, apresentou no Canecão, RJ, o espetáculo "Bibi in concert III - Pop", no qual, segundo a própria cantara, ela interpreta canções de sua memória afetiva como "Gota d'água", de Chico Buarque, "Chão de estrelas", de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa, "Mulher rendeira", trechos de óperas, e músicas de Edith Piaf e Amália Rodrigues, além de um rap, de Teresa Tinoco e Flávio Mendes. Ao final de 2005, apresentou ao lado de R. C. Albin no Teatro Alpha, em São Paulo, o espetáculo "MPB - Uma história da alma do Brasil" -  escrito e dirigido pelo musicólogo e com elenco estrelar, que ia das Cantoras do Rádio a Selma Reis, Zé Renato, Leny de Andrade, Roberto Menescal, Wanda Sá e Marcos Valle.

                          Com a jornalista, apresentadora e atriz Marília Gabriela


 Em 2006, gravou com o pianista Miguel Proença o CD "Tangos", produzido por Olívia Hime, no qual interpreta clássicos do gênero como "Caminito", "Cuesta abajo" e "Mano a mano". A dupla foi premiada do Prêmio Tim de Música com o troféu na categoria "Disco em Língua Estrangeira", com o álbum "Tangos". 


Em 2010, fez duas apresentações no Canecão, apresentando o espetáculo "De Pixinguinha a Noel, passando por Gardel" no qual interpretou obras clássicas de Pixinguinha, Noel Rosa e Carlos Gardel. O espetáculo foi o último da casa de espetáculos que encerrou suas atividades devido a querelas com a UFRJ.

 Viajando sempre, percorrendo o Brasil de Norte a Sul com seus shows, também Bibi já se apresentou em duas temporadas em Nova York, sendo a última no mês passado, com muito sucesso de crítica e de público.