Levada aos palcos pela primeira vez em São Paulo, em 1967, com Walmor Chagas e Cacilda Becker, ganharia mais repercussão a partir da montagem carioca, dirigida no mesmo ano por Fauzi Arap e com Tônia Carrero no elenco. Logo o texto foi censurado pela ditadura militar, e só pôde ser encenado 13 anos depois.
É a história de três personagens num quarto de bordel: a prostituta Neusa Sueli ( Cida Moraes ), o gigolô Vado ( Milton Gonçalves ) e o homossexual Veludo ( Fernando Reski ) falam de suas vidas e expõem sua marginalidade. Tb no espetáculo os temas preconceito e exclusão.
Considerado um autor maldito, o escritor e dramaturgo Plínio Marcos foi um dos primeiros a retratar a vida dos submundos de São Paulo. Poucos escreveram sobre homossexualismo, marginalidade, prostituição e violência com tanta autenticidade.
Plínio Marcos era visto pelos militares que governavam o país como um “inimigo do sistema”. Após o ano de 1968, o teatro de Plínio Marcos era sistematicamente censurado. Até mesmo Dois Perdidos Numa Noite Suja e Navalha na Carne, que já haviam sido apresentadas em diversas regiões do país, foram interditadas em todo o território nacional.
Na década de 70, Plínio Marcos era o próprio símbolo do autor perseguido pela censura. Incomodava a ditadura e a Censura Federal. Foi preso pelo 2º Exército em 1968, sendo liberado dias depois por interferência de Cassiano Gabus Mendes, então diretor da Televisão Tupi. Em 1969, foi preso em Santos, no Teatro Coliseu, por se recusar a acatar a interdição do espetáculo Dois Perdidos Numa Noite Suja, em que trabalhava como ator. Foi transferido depois, do presídio de Santos, para o DOPS em São Paulo, de onde saiu por interferência de vários artistas e sob a tutela de Maria Della Costa. Além dessas prisões, foi detido para interrogatório em várias ocasiões.
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