De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Daniel Marques
O empresário paulista(carioca por adoção)Ricardo Amaral reuniu na noite de ontem centenas de amigos no restaurante La Fiorentina, no Leme, do seu particular amigo Omar Peres, para lançar seu mais novo livro, “A cara do Rio”, escrito em parceria com Raquel Oguri. A concorrida noite, embalada pelo som do grupo musical "Põe na Quentinha " e pelo cantor e compositor Moacir Luz, reuniu personalidades de todas as áreas, do carnavalesco Paulo Barros à bailarina Ana Botafogo, e do ator Tony Ramos à roqueira e agora pastora Baby do Brasil. A sempre bela modelo Luiza Brunet, usando um simples vestido estampado e sem maquilagem, não resistiu e ao receber sua dedicatória, deu um selinho no eterno rei da noite.
A noite também registrou alguns problemas causados pelo calor excessivo do local escolhido para os autógrafos, na entrada do restaurante, em razão de um pesado toldo branco de plástico que aquecia ainda mais o ambiente e pela falta de educação e ética da promoter Liége Monteiro, que além de criar alguns atritos com os fotógrafos, pinçava colunáveis que chegavam ao restaurante e os convocava para furarem logo a longa fila, levando-os pela direita da mesa onde Ricardo Amaral assinava os livros. Foi o caso da modelo Luiza Brunet, do cantor e compositor Fagner, do Tony Ramos e a mulher Lidiane, da cantora Preta Gil, e do colunável Helcio Pitanguy, acompanhado de três amigas. O desrespeito aqueles que estavam há mais de duas horas na fila provocou protestos e até algumas vaias, comandadas pela atriz Vera Gimenez.
Entre os que pacientemente aguardaram sua vez na fila para receberem seus autógrafos estavam a jornalista e apresentadora Liliana Rodrigues, acompanhado do marido Nestor Rocha e um dos seus filhos; a coreógrafa e diretora de ballet Dalal Aschar, a bailarina Ana Botafogo, a cantora Baby Brasil e sua filha Zabele, o ator, diretor e produtor musical Haroldo Costa, Fernando Barroso do Amaral, o estilista e designer de jóias Alberto Sabino, a jornalista e colunista de TV do jornal O Dia, Regina Rito,a relações públicas Katia Vita, Giovana Priolli, as cantoras Rhê Guimarães e Hanna, as atrizes Vera Vianna e Vera Gimenez, Beth Pinto Guimarães, Raquel Mattos, Valeria Guerra, a atriz e cantora Alexandra Maestrini, o ator Carlos Vonpinaz Barreto, a empresária Irce Britto, a cantora Marysa Alfaia, Wanda Klabin, Alice Tapajós e a cantora, atriz, astróloga e integrante do grupo As Frenéticas, Leiloca Neves, que comprou o livro mas decidiu que pegaria a assinatura dos autores numa outra oportunidade, devido à desorganização na fila de autógrafos.
Além das presenças acima, aconteceram também alguns fatos curiosos no lançamento do livro de Ricardo, como o japonês que aguardou seu autógrafo usando sandálias trançadas e uma saia longa que deixava de fora suas canelas, o travesti que foi clicado por dezenas de fotógrafos porque seus seios à base de hormônios estavam quase à mostra e ainda pela presença de uma desconhecida senhora que, bastante embriagada depois de muitas taças de champanha Moet e Chandon, não conseguiu furar a fila. Quanto chegou à mesa de autógrafos, jogou o exemplar com violência na frente do autor e, logo que recebeu o autógrafo, começou a rasgar o livro inteiro, arremessando as quase 500 folhas da publicação entre os que aguardavam sua vez.
O RIO COMO TEMA
A Cidade Maravilhosa é, mais uma vez, a protagonista nas obras de Ricardo Amaral e Raquel Oguri. Com a intenção de celebrar as carioquices e os mais de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, os amigos se uniram, trocando experiências e histórias, e escreveram o livro ‘A Cara do Rio’, que traz o jeito e a beleza carioca como patrimônio nacional.
O título resgata histórias desde o descobrimento até os dias de hoje, revelando personalidades como João do Rio, Madame Satã e a musa Leila Diniz, o Clube dos Cafajestes, os costumes, a gastronomia, a política e a economia da cidade.
O empresário Ricardo Amaral e Raquel Oguri começaram a compor o livro há dois anos e, após inúmeras visitas a sebos, bibliotecas e acervos diversos, elegeram marcos e períodos históricos — “Nascimento e infância do Rio”, “Os bastidores do Império”, “O rio à francesa” — em que se desenrolam “coisas fora de série”, como afirma.
— Elegemos as histórias mais interessantes, inusitadas, tentando fugir do óbvio, do que as pessoas conhecem — conta o autor. — A ideia original era desenhar e compor uma cara para o Rio. Por isso o nome do livro. Porém, é como se esse rosto fosse feito por um bom colagista. O resultado é um rosto diversificado.
Apesar da diversidade de feições, personagens e histórias, tudo começou a partir de um perfil, o “carioca exemplar” sob a ótica de Amaral: Sérgio Porto e seu pseudônimo, Stanislaw Ponte Preta.
— Eu tinha dez anos, morava em São Paulo quando deparei com um cara na TV e me encantei com aquela figura — conta. — Era a elegância e o humor juntos, respondendo a perguntas sobre MPB. Eu queria ser um carioca como ele. Sete anos depois trabalhávamos no mesmo jornal (“Última hora”), depois fiquei amigo e me tornei carioca como ele. Ele foi a isca que me trouxe ao Rio. Era o carioca bem-humorado, mas seríssimo no trabalho, um multimídia, que atuou em jornal, rádio, TV, teatro. Então ele é exemplar, o livro herda o seu espírito, o seu jeito livre e sem amarras de contar histórias.
Entre elas, Amaral descobriu que, entre 1840 e 1880, um dos programas prediletos dos cariocas eram as touradas:
— Você imagina que existiam cinco pontos de tourada no Rio, com mais de 12 mil lugares. Eram cinco Maracanãzinhos cheios para assistir a touradas.
A história do jornalismo carioca, o surgimento do rádio, em 1923, e do colunismo social, em 1941, são marcos analisados pelo livro, assim como a guinada, nesse mesmo tempo, de um balneário à francesa para um Rio “mais americano”, diz Amaral, que encontrou em sua pesquisa as origens de seus impulsos boêmios.
— A boemia carioca nasce entre clubes sociais, cassinos, confeitarias e botecos. O carioca sempre foi um bom conversador.
Da memorabilia de registros esquecidos, o livro lembra que Pedro Álvares Cabral chegou ao país graças a velas feitas de cânhamo (fibra extraída da maconha).
— As velas eram feitas de tecido de maconha. É curioso. E depois a maconha foi muito apreciada aqui. A nossa rainha tomava chá de canabis às 17h, para relaxar. Tinha anúncio de maconha em jornais.
Anedotas portuguesas e indígenas, que remontam à fundação da cidade e do país, dominam as primeiras páginas.
— Assim que chegaram, os portugueses eram evitados pelas nossas índias, que tinham nojo dos fedorentos portugueses, que não tomavam banho. Tiveram de aprender a se banhar, e a gente herdou isso graças aos índios. É sabido.
O que é pouco sabido é que o carioquíssimo hábito de se banhar nas águas salgadas da orla foi inaugurado por D. João VI, que decidiu mergulhar na Praia do Caju para cuidar de uma perna infeccionada por carrapatos. Deu certo.
Em sua página na rede social, na madrugada de hoje, a atriz Vera Gimenez justificou o fato de ter vaiado os que furaram a fila de autógrafos “estou tão tensa e estressada que se pudesse iria para longe desse país vendido e corrupto. Vejo as pessoas agindo como se tudo estivesse bem, hoje perdi a compostura e minha educação ao ver pessoas algumas, até minhas amigas, furar com a maior cara de pau a fila no lançamento do livro. Considero isso o mesmo que compactuar com esse descalabro que assola meu país. Não me arrependo das vaias que puxei pois não consigo ver diferença desse delito de falta de berço com as atitudes de deputados que estão se vendendo por um 1 milhão”.
FICHA TÉCNICA
A CARA DO RIO
Autor: Ricardo Amaral e Raquel Oguri.
Editora:Sextante e Rara Cultural.
Preço: R$ 69,90.
Número de páginas: 496.