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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

TEMPOS DE CHUMBO, TEMPO DE BOSSA:
os anos 1960 pelas lentes de Evandro Teixeira 


A atriz Leila Diniz durante uma cena de filmagem na praia


De Luiz Carlos Lourenço
Fotos de Evandro Teixeira


A partir desta terça-feira, dia 15/01, o Centro Cultural Justiça Federal, localizado na avenida Rio Branco, 241, na Cinelândia(Centro) apresenta a exposição de fotos !Tempos de chumbo, tempo de bossa: os anos 1960, com fotografias do premiado fotógrafo EVANDRO TEIXEIRA.
A exposição apresenta registros de um dos ícones do fotojornalismo brasileiro. Evandro revela momentos históricos do Rio de Janeiro após o golpe militar de 1964. Paralelamente, imagens de um Rio cheio de bossa ressaltam o olhar atento do fotógrafo às diversidades do contexto. Estarão ali expostos flagrantes de manifestações de rua, repressão e dor se contrapondo à descontração da música, da praia e da moda carioca.
A curadoria da exposição é de Márcia Mello e as fotos estarão expostas de terça a domingo no Centro Cultural, sempre de 12 às 19 h, até o dia 27 de fevereiro.


Evandro Teixeira
TESTEMUNHA DA HISTÓRIA

O fotógrafo Evandro Teixeira Almeida nasceu em Irajuba, na Bahia e tem 77 anos. Iniciou  sua carreira jornalística em 1958, no O Diário da Noite, na cidade do Rio de Janeiro, na qual se radicou e onde vive desde então. Transferiu--se para o Jornal do Brasil em 1963, ali permanecendo até o fechamento do jornal. Extremamente versátil, destaca-se em diversos campos da cobertura jornalística, desde os temas políticos até a fotografia de esporte. No primeiro caso, fotografou a chegada do general Castello Branco (1900-1967) ao forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964, cobriu a  repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, e a queda do governo Salvador Allende (1908-1973) no Chile, em 1973.
Também foi o responsável pela cobertura fotográfica de várias Olimpíadas e Copas do Mundo, realizando, em 1991, a mostra itinerante Seul & Cia., congregando suas fotografias no campo do esporte. É autor dos livros Fotojornalismo (1983) e Canudos 100 anos (1997).





Perseguição dos militares aos estudantes na ditadura militar



DESTAQUES NA CARREIRA

Detentor de vários prêmios nacionais e internacionais de fotografia, Evandro tem os seguintes destaques na sua carreira como profissional:

1958 - Rio de Janeiro RJ - Início da carreira na área de fotojornalismo no jornal Diário da Noite
1962 - Cobre o terremoto do Peru e a Copa do Mundo do Chile
1963 - Cobre a volta do ex-presidente Perón (1895-1974) à Argentina e os Jogos Panamericanos, em São Paulo
1963 - Rio de Janeiro RJ - Ingressa no Jornal do Brasil.
1964 - Rio de Janeiro RJ - Único fotógrafo a entrar no Forte de Copacabana, para registrar a chegada do general Humberto Castelo Branco (1900-1967), na ocasião do golpe militar
1968 - República Dominicana - Registra a presença de tropas brasileiras na República Dominicana, como integrantes da Força da OEA
1968 - Rio de Janeiro RJ - Registra as atividades do movimento estudantil nos dias que antecederam a promulgação do AI-5
1969 - Miami (Estados Unidos) - Prêmio Sociedade Interamericana de Imprensa
1969 - Prêmio Fotóptica, com a fotografia Queda do Motociclista da FAB - 1º lugar
1973 - Chile - Registra a queda do governo Allende


Libélulas-1966
1973 - Publica ensaio fotográfico na Revista Suíça de Fotografia
1974 - Argentina - Foto A Queda do Motociclista da FAB, editada em cartão-postal pela La Azotea
1975 - Japão - Concurso Internacional da Nikon, com a fotografia Manhã de Carnaval
1978 - Acompanha as visitas ao Brasil dos presidentes Jimmy Carter (1924), dos Estados Unidos, Giscard d'Estaing 1926), da França, e dos príncipes Charles(1948), da Inglaterra e Akihito (1933), do Japão
1978 - Guiana Inglesa - Cobre o massacre do pastor fanático Jim Jones (1931-1978) e o resgate dos corpos das 952 vítimas, pelos soldados norte-americanos; as fotografias do massacre são publicadas em livro do repórter Carlos Rangel
1980 e 1991 - Acompanha as visitas do papa João Paulo II (1920-2005) ao Brasil
1981 - Japão - Concurso Internacional da Nikon, com a fotografia Buscando
1982 - Fotos publicadas no livro Testemunha Ocular - 25 anos Através das Melhores Fotos Jornalísticas do Mundo, editado pela Abril, e no livro Partidos & Políticos, editado pela 1B
1983 - São Paulo SP - Publica o livro Evandro Teixeira, Fotojornalismo, editado pela 1B
1984 - Suíça - Currículo incluído na Enciclopédia Suíça de Fotografia, em que estão registrados os maiores fotógrafos do mundo
1985 - Brasília DF - Acompanha as eleições da Nova República e o funeral do presidente Tancredo Neves (1910-1985)
1986 - Acompanha a Seleção Brasileira de Futebol à Europa
1986 - Recebe o 1º prêmio da Federação Carioca de Futebol, com a fotografia A Queda do Juiz
1987 - Basiléia (Suíça) - Edita o livro Evandro Teixeira, Fotojornalismo
1987 - Indianápolis (Estados Unidos) - Cobre os Jogos Panamericanos
1988 - Ensaio fotográfico publicado na revista italiana 7, do jornal Corriere della Sera
1988 - Seul (Coréia) - Cobre as Olimpíadas
1990 - Itália - Acompanha a viagem do presidente Fernando Collor (1949). Cobre a Copa do Mundo
1992 - Espanha - Acompanha a viagem do presidente Fernando Collor. Cobre os Jogos Olímpicos
1993 - Madri (Espanha) - Fotografias publicadas no livro Canto a la Realidad - Fotografia Latinoamericana - 1860/1993, editado pela Lunverg
1993 - Prêmio Especial Unesco, World Photo Contest
1993 - Tóquio (Japão) - Prêmio Especial da Unesco no Concurso Internacional A Família
1995 - Brasília DF - Cobre a posse do presidente Fernando Henrique Cardoso (1931)
1996 - Atlanta (Estados Unidos) - Cobre os Jogos Olímpicos



Evandro sempre foi testemunha dos modismos na praia


 É de Evandro Teixeira a foto histórica da Passeata dos 100 mil na Av. Rio Branco em 1968 (Veja abaixo). Isso lhe rendeu a ideia do livro que, 36 anos depois, o fez revisitar a imagem e encontrar 68 personagens daquela foto.
Passados 45 anos daquela passeata, Evandro vestiu o inseparável colete usado nas outroras pautas do Jornal do Brasil, pegou sua máquina e voltou para o Centro do Rio a fim de registrar essa nova geração que tomou as ruas.
Dizer que há fórmula para o jornalismo seria uma sentença equivocada. O que não se pode negar é que competência e persistência – e por que não aliadas a um pouco de sorte para captar uma imagem chamativa – tangenciam a carreira de um bom profissional. E nisso, Evandro Teixeira é um ícone do fotojornalismo no mundo.
Um expert com uma máquina em mãos, tem na alma a astúcia para eternizar momentos significantes. Com olhar apurado, ele soube fazer de muitas de suas fotos poesias.


Oscar Niermeyer


Um pouco de ousadia também apimenta a vida desse baiano que assina 50 anos de carreira. Testemunha de alguns eventos que marcaram época no Brasil e no exterior – cobriu nada menos que 11 Copas e oito Olimpíadas – Evandro tornou-se protagonista de outros tantos episódios que incrementam seu currículo.



Ele talvez seja o único homem que fez o papa se ajoelhar a seu pedido. “Isso é conversa”, desmente, encabulado. Trata-se da chegada de João Paulo II em 1981, ao Rio, quando, segundo comentam dezenas de colegas, testemunhas oculares, o pontífice teria beijado o chão mais de uma vez a pedido do fotógrafo que, lá de trás da parafernália, insistia: “continua a beijar aí, seu Papa!”.


Cena bucólica no interior

A seca, um eterno problema

Esta foto serviu de modelo para a estatua de Dorival Caymmi em Copacabana

" Evandro talvez seja o único fotógrafo no mundo para quem Sua Santidade toma benção e se curva, atendendo aos seus pedidos".